Em todo o país encontramos uma triste realidade: imóveis tombados que, apesar de seu valor histórico e cultural, sofrem com condições precárias. São incontáveis os casos de incêndio e desmoronamentos, que poderiam ter sido evitados.
Essas edificações, muitas vezes símbolos de épocas passadas, enfrentam desafios que comprometem sua integridade e habitabilidade.
Não é possível, via de regra, contratar seguro para esses imóveis, salvo em raras exceções, porque as condições de manutenção são em geral precárias, além da eventual reparação dos danos envolver serviços de restauro artístico. Outro aspecto é como atribuir valor de reparação, que é o que o seguro cobre, quando as edificações já se encontram em fase de valor residual.
Destacam-se alguns aspectos relevantes:
Falta de Manutenção: Muitos imóveis tombados carecem de manutenção adequada. A ausência de reparos e conservação ao longo dos anos resulta em infiltrações, rachaduras e deterioração das estruturas. A burocracia envolvida na preservação desses bens históricos muitas vezes dificulta a realização de obras necessárias.
Infraestrutura Deficiente: Instalações elétricas e hidráulicas antiquadas são comuns em imóveis tombados. A falta de modernização prejudica o conforto e a segurança dos ocupantes. A ausência de elevadores e acessibilidade dificulta a vida de moradores e visitantes.
Conflito entre História e Necessidades Atuais: O tombamento impõe restrições à modificação dessas construções. Por um lado, preserva-se a memória; por outro, limita-se a adaptação às demandas contemporâneas. A resistência à mudança muitas vezes resulta em ambientes desconfortáveis, inadequados para a vida moderna e inseguros.
Desafios Sociais: Muitos imóveis tombados estão localizados em áreas urbanas densamente povoadas. A falta de espaço e a superlotação afetam a qualidade de vida dos moradores. A convivência com a pobreza e a violência nas proximidades agrava ainda mais as condições precárias.
Desvalorização e Abandono: A deterioração contínua e a falta de investimento levam à desvalorização desses imóveis. Proprietários muitas vezes preferem abandoná-los a enfrentar os desafios de restauração. A negligência resulta em perda de identidade cultural e patrimonial para a sociedade como um todo. Vale ainda ressaltar que esses imóveis também acabam de transformando em locais de invasores e de acúmulo de condições favoráveis para roedores e insetos.
É urgente que as autoridades, a sociedade civil e os proprietários unam esforços para preservar e revitalizar esses imóveis tombados, o que significa preservar a história, mas ao mesmo tempo dotar os imóveis de condições seguras, proteções ativas e passivas etc. Neste cenário se poderia até pensar em fazer seguro, com as limitações ao restauro artístico já mencionado.
Somente assim poderemos garantir que nossa história e cultura permaneçam vivas, mesmo diante das adversidades do tempo.
O desafio de preservar imóveis tombados
0 comentário
Gostei +8
