Há poucos dias, O CEO da BlackRock – Larry Flink, em sua carta anual, alertou o mercado para uma crise no sistema de aposentadorias, apontando que os pais devem auxiliar os filhos a se preocuparem com o assunto, sem o que ele prevê que as novas gerações não terão economias suficientes quando chegarem na idade de aposentadoria.
O texto foi publicado pelo Portal Bloomberg em https://www.bloomberglinea.com.br/mercados/larry-fink-alerta-para-crise-de-aposentadoria-em-sua-carta-anual-da-blackrock/?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=share&utm_id=CTA
Engraçado é que tenho debatido o assunto com os meus filhos e eles têm posições convergentes em não quererem contribuir para a Previdência Pública se puderem, sobretudo após a última reforma (2019) que privilegiou quem vier a contribuir por pouco tempo e penalizou quem vier a passar anos contribuindo. De fato, com conhecimentos mínimos de matemática financeira e acesso ao mercado se pode encontrar alternativas melhores para proteção e capitalização dos investimentos.
Quem não conhece casos de pessoas que começaram a trabalhar aos 20 anos, chegaram aos 60 anos tendo contribuído por 40 anos ininterruptos e não tendo direito a aposentadoria até que atinjam os 65 anos, assim mesmo com projeção de benefícios que mal dão para pagar o plano de saúde? Como convencer os mais jovens a entrar neste sistema voluntariamente?
O conceito de investimento para aposentadoria, aliás, deveria ser revisto. Quando se opta apenas por guardar recursos e capitaliza-los por meio de algum instrumento financeiro, o que se está fazendo na verdade é tentar reduzir as perdas futuras frente a inflação oficial e real, pois como sabemos, quando se quer de fato ganhar dinheiro não há alternativa a não ser correr riscos, empreender, gerar receitas e lucro, mesmo assim a parcela de ”investimento” financeiro é uma estratégia que deve estar presente na equação.
As alternativas de previdência complementar que temos no mercado ainda são tímidas. Por exemplo, não saem do papel as alternativas para formação de poupança para fazer frente ao risco de não se ter como pagar os custos da saúde privada, apesar disso estar em discussão desde os anos 2000. O mercado deveria se debruçar mais sobre este e outros assuntos, criando novos produtos.
É fato que a vida vai ficando cada vez mais cara e que os nossos descendentes terão muita dificuldade de pagar a conta da sua sobrevivência quando chegarem aos 60 ou 65 anos, não havendo esperança em relação ao que o Estado possa fazer para amenizar a situação, sobretudo em países populosos que terão mais idosos a cada ano que chegarão à terceira idade empobrecidos e sem quase nenhuma capacidade de reação. Inevitavelmente, os ônus cairão sobre a previdência pública que deverá garantir pelo menos um salário de subsistência de forma universal e sobre a saúde pública, o que consumirá boa parte do orçamento dos governos não restando recursos para investimentos em infraestrutura para o desenvolvimento.
Enfim, ainda segundo Larry Flink, o que se pede é que todos nós venhamos a trabalhar mais, auxiliando as novas gerações a produzirem e criarem poupança.
Para os corretores de seguros significa dizer especializarem-se mais em benefícios (vida, saúde e previdência) para cumprir o papel social de fazer com que essas alternativas cheguem aos consumidores de seguros.