Notícias | 16 de março de 2022 | Fonte: CQCS | Sueli Santos

Regina Lacerda acredita no futuro profissional das mulheres

O mercado de seguros brasileiro abraçou a discussão da equidade de gênero, assunto atual e importante em um mercado que tem maior parte de sua mão de obra formada por mulheres. Até pouco tempo, o universo segurador era predominantemente masculino. Isso foi mudando e, hoje, metade das pessoas que trabalham no setor é mulher.  O avanço é óbvio, mas ainda existem barreiras a serem superadas já que falta representatividade feminina em cargos de liderança. No mês das mulheres, o CQCS traz a trajetória de mulheres que fazem história no mercado. Entre elas está Regina Lacerda, CEO da Rainha Seguros, uma carioca que chegou a Brasília aos 12 anos, deixou uma carreira estável na área pública para empreender no mercado de seguros.

Regina se autodefine como uma pessoa muito determinada. “Quando eu pego um projeto para realizar eu vou até o fim. Quando eu encontro um obstáculo, ele me motiva. Não vejo outra coisa na mente a não ser vencê-lo. Não gosto de fazer nada com amadorismo”, diz ela.

Ela conta que esse ano completa 32 anos no mercado de seguros onde começou jovem, quase por acaso. “Fui apresentada ao setor por um gerente da CEF responsável por abrir a seguradora em Brasília”, relembra.

Na época, Regina era servidora pública concursada do judiciário do Distrito Federal e ainda assim, munida de coragem e certa curiosidade, decidiu tirar licença para encarar um ambiente novo por um breve período. Ela diz que, na ocasião, estava recém-separada e com um filho de 2 anos e precisava se organizar para oferecer a ele todo suporte. “Tudo isso se somou para que eu aceitasse o desafio. E foi assim que comecei minha carreira”, diz.

Filha de uma família pobre, ela conta que enfrentou muita dificuldade. “Morávamos distantes de Brasília uns 50 km e para ajudar em casa eu trabalhava durante o dia e estudava à noite. Foi assim que eu terminei o ensino médio, sempre estudando em escolas públicas e ingressei na faculdade”, revela.

Regina passou em um concurso público para o Judiciário do Distrito Federal e, mesmo trabalhando no tribunal, permaneceu no emprego que tinha no Ministério da Educação. “De lá eu saía às 12 horas e pegava duas conduções. Na troca do ônibus o meu almoço diariamente era um pastel e um caldo de cana”, diz. Saía do tribunal às 19 horas para entrar às 19:30h na faculdade. “Só ia comer novamente na hora do intervalo da aula, por volta de 21 horas”, conta.

Ela conta que um dos momentos mais difíceis foi a morte prematura do pai. “Eu havia recém começado a minha carreira como corretora e precisei cuidar, como filha mais velha, da minha mãe, dos meus cinco irmãos e do meu filho que era bem pequenino. Foram tempos difíceis, de muita privação. Graças a Deus, com fé, união e muito trabalho, deu tudo certo para todos nós”, diz.

Na carreira, ela que é movida a desafios, considera que empreender foi um grande desafio. “Quando iniciei, em 1989, essa palavra só existia no dicionário. Então, aprendi no dia a dia, com muita dificuldade. Um corretor de seguros precisar ser uma pessoa multifacetada para sobreviver no seu negócio. Só sobrevive 32 anos quem é muito organizado”, opina.

Ela e sua neta italiana Elisa
“Quem sabe será uma executiva de seguros no futuro”

Ela lembra um momento marcante bem no início. “Fiquei diante do desafio de indenizar um casal de idosos que tinha expectativa de ficar em outro apartamento, pago pelo seguro, enquanto o imóvel deles, bem destruído por conta de um incêndio gerado por um ferro de passar roupas, fosse reformado. Tratava-se de um seguro condominial e aquela cobertura não existia nem na apólice contratada nem para ser comercializada por nenhuma seguradora. Inconformada com um pensamento que tive a respeito do casal, decidi buscar oportunidades de produtos que pudesse comercializar para atender aquela necessidade. Se uma pessoa tinha uma expectativa ela possivelmente seria a expectativa de muitas pessoas”, recorda.

Ela diz que com persistência, conseguiu criar uma estratégia para a venda de um produto que a princípio foi criado pela Bamerindus e em seguida pela Financial Seguradora, envolvendo as unidades autônomas numa apólice coletiva e depois de uns 2 anos sendo inseridas as coberturas na apólice condominial. Cobria então: incêndio do conteúdo da unidade, aluguel, roubo residencial e responsabilidade civil familiar, além das demais coberturas para o prédio. “O produto multirrisco estaria começando no Brasil e essa forma de vender alavancou nossas vendas, nos assegurou um nicho enorme de mercado, marcando a história da minha corretora”, diz.

Regina conquistou espaços importantes de representatividade. “Representei os empresários do setor onde está sediada minha empresa e eles me elegeram prefeita da região”, diz. Além disso, ela conquistou um espaço de representação política e foi candidata ao cargo de deputada distrital pelo Distrito Federal.  “Receber o voto de confiança de clientes e amigos me proporcionou grande aprendizado e uma visão mais completa do mundo”, afirma.

Há pouco tempo, Regina conquistou a presidência do CESB, o Clube das Executivas de Seguros de Brasília integrado por 200 mulheres. “Depois de quase 3 anos de muito trabalho de convencimento das mulheres do mercado no sentido de que nos juntássemos para ter uma representatividade feminina”, diz ela.

E ela aproveita todas as oportunidades que surgem. Em 2019 foi convidada pela Editora Leader para participar como coautora do livro Empreendedoras de Alta Performance – Brasília, lançado quando a capital federal completou 60 anos. E outros livros vieram o que a levou para a Academia de Letras e Música do Brasil, como titular da cadeira 68, cujo patrono é Gonçalves Dias.

“Tive também a honra extrema de ser convidada para ser coordenadora do livro inédito, Mulheres no Seguro, onde também escrevi a minha história como corretora de seguros. Esse eu posso dizer que foi um enorme presente, uma das maiores conquistas da minha vida, principalmente pelo orgulho de representar esse mercado que tanto amo e que me proporcionou tudo o que eu tenho e ainda poder contribuir, junto com outras 29 coautoras, para um legado de representatividade feminina”, afirma.

Ainda no mercado de seguros, Regina é embaixadora da SOU SEGURA. “O reposicionamento da marca de AMMS para SOU SEGURA foi estratégico para as mulheres e para todo o mercado se inserir efetivamente nessa discussão”, aponta.

Para ela, com toda essa visibilidade as mulheres estão tendo a grande oportunidade de se juntarem cada dia mais e protagonizar suas carreiras. “Eu creio que o futuro da mulher será muito promissor porque ela tem entendido cada vez mais seu posicionamento no mercado”, diz.

Regina considera que as empresas estão sendo levadas a pensar em ambientes acolhedores para as mulheres, uma vez que a presença dessa mulher oferece verdadeiros ganhos às organizações.

“Então estamos hoje construindo o futuro. Logo ele será bem mais equânime porque hoje já somos 57% do mercado de seguros, 47% em nível gerencial e uma mulher executiva para cada 3 homens. Esses percentuais tendem a crescer, oferecendo melhor divisão em cargos de direção, presidências e de mulheres em conselhos”, acredita.

Ela compartilha dados do McKinsey Global Institute que, em estudo de 2015, a igualdade de gênero, ainda buscada, poderia adicionar 28 trilhões de dólares ao PIB global na projeção até 2025. “Imagine o futuro com essas mulheres como será!”, finaliza.

Mês da Mulher no CQCS

Essa matéria faz parte da programação especial promovida pelo CQCS para o Mês da Mulher.

Durante todo o mês de março serão abordados temas como liderança feminina, mulheres como destaque nas vendas de seguros, na área comercial, tecnologia, marketing, entre outras. Além disso, uma mulher de grande relevância no mercado será homenageada por dia através de uma matéria.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN