Vida em Foco | 20 de julho de 2022 | Fonte: Rogério Araújo

Aposentadoria com Proteção Financeira, como construir?

Os temas planejamento financeiro, proteção e aposentadoria nunca foram tão discutidos no nosso mercado e pela população brasileira, como vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente pós-pandemia.

O assunto aposentadoria, principalmente em razão da última reforma, de 2019, e que não será a última, só foi para a prateleira de assuntos recorrentes, justamente em razão da pandemia, que assolou o país, meses após a aprovação da reforma.

A conscientização da população brasileira de que precisamos poupar, construir riquezas, para conseguir manter o mesmo padrão de vida por um prazo maior, já que viveremos por mais tempo do que nossos avós, nossos pais, bem como a certeza de que não existirá, no futuro, espaço para ações assistencialistas por parte do governo, que sequer consegue administrar seu próprio orçamento, fazem com que o assunto venha à tona e a busca por soluções seja um desafio diário.

Dentre várias opções de se investir para o futuro, formar reservas, os Planos de Previdência Complementar (Previdência Privada), vem merecendo um grande destaque e atenção, pelos diversos benefícios que essa modalidade nos concede, como incentivos fiscais, seja nos aportes, no caso dos PGBL e Fundos de Pensão, seja durante o prazo de investimento dos recursos, caso também do VGBL, além da possibilidade de diversificação dos investimentos e a liquidez de seus reservas, principalmente nos momentos de transmissão dessa reserva caso ocorra a morte prematura do participante.

Porém um fator merece uma grande atenção por parte do mercado, de nós, profissionais desse mercado e principalmente por parte dos participantes, investidores, o desconhecimento, seja por parte de quem adquire ou por parte de quem oferta, esses produtos.

Antes de contratar um plano de Previdência Privada alguns conceitos devem estar bem claros e definidos, como:

  • Objetivos e Necessidades do participante.
  • Proteção Financeira desse objetivo.
  • Tempo de Investimento dos recursos.
  • Disponibilidade de investimento.
  • Perfil fiscal do participante.
  • Perfil de Investidor do participante.
  • Taxas cobradas.
  • Objetivos e necessidades:

É preciso entender o que o cliente, participante, espera, deseja, para o seu futuro, imaginar-se com 60, 65 anos, como e onde gostaria de estar morando, como seria a sua rotina diária, se gostaria de continuar viajando, estudando, tendo acesso a um bom atendimento de saúde, e projete, qual será a necessidade de renda mensal para bancar esse seu padrão de vida pretendido?

O cliente deve sonhar, mas lembrar-se que todo sonho tem seu preço, então deve procurar sonhar dentro de um orçamento que ele consiga realizar, e aos poucos, à medida que o mesmo possa incrementar seus investimentos, ele poderá se surpreender com um futuro melhor do que o planejado.

  • Proteção Financeira desse objetivo:

Pensar e planejar a aposentadoria é necessário e saudável para qualquer pessoa economicamente ativa, porém o cliente, participante, não pode também se esquecer dos imprevistos. E se algo der errado?

O risco de vivermos muito é o mesmo de vivermos pouco, afinal carregamos ao longo da vida somente uma certeza, um dia, sabe-se lá quando, partiremos, e caso essa morte ocorra de forma prematura, precisamos proteger, se houverem, nossos dependentes financeiros, proteger os sonhos que temos para nossos filhos, o sonho de uma formação educacional, de uma formatura, de uma especialização, assim como devemos nos proteger contra o risco de uma Invalidez, que nos impossibilite de desempenhar nossa atividade laborativa, seja a invalidez temporária ou definitiva e mesmo do diagnóstico de uma doença grave.

Portanto, uma boa apólice de seguro de vida, é o alicerce, a fundação, de qualquer construção de reserva financeira. Devemos nos atentar a esse ponto, fundamental, ao atendermos nossos clientes e também no nosso planejamento.

  • Tempo de Investimento dos recursos:

Previdência Privada é um investimento de longo prazo, o ideal que seja para um prazo superior a 10 anos, no mínimo, portanto é fundamental que o cliente, participante, direcione para esse investimento somente aquela parcela dos seus recursos que ele não pretenda utilizar em curto ou médio prazo, mais uma vez a necessidade de planejamento financeiro fica evidente.

O investimento em Previdência Privada interrompido em curto ou médio prazo pode trazer um grande prejuízo ao cliente, com cobrança de taxas de carregamentos e uma alíquota de tributação, que juntas podem, inclusive, reduzir o seu capital principal investido.

O tempo é ainda um grande aliado para que você possa buscar uma melhor rentabilidade dos seus recursos, aplicando parte deles em fundos atrelados a índices de inflação ou mesmo em ações.

  • Disponibilidade de investimento:

Esse tópico está diretamente ligado aos Objetivos e Necessidades de cada cliente.

Nem sempre nossos objetivos estão alinhados com nossa disponibilidade de investimento e com nossas necessidades de proteção, portanto é necessário um correto planejamento financeiro, conhecer suas receitas e despesas, seu orçamento e padrão de vida atual, adequá-los para assumir seus compromissos, atuais e de futuro.

O importante é o cliente estar consciente de que o dinheiro que ganha hoje é para ser utilizado hoje e no futuro, ou seja, todos nós temos uma dívida conosco mesmo, quando pararmos de produzir receitas inicia-se ali à cobrança dessa dívida, se não nos prepararmos não teremos recursos para arcarmos com esse débito.

Importante também entendermos que a conta da Aposentadoria e da Proteção Familiar, são contas que não existe a possibilidade de não serem pagas, de alguma forma ela o será, no caso da Aposentadoria, ou “pagamos” poupando hoje e de forma contínua, em suaves aportes, formando a reserva futura, ou pagamos no futuro, tendo que abrir mão de qualidade de vida, mudando de moradia, cancelando plano de saúde, deixando de viajar, ou seja, a perda da dignidade financeira, bem como a conta da Proteção Familiar, ou protegemos nossos dependentes com uma boa apólice de Seguro de Vida e a pagamos em suaves parcelas, ou caso ocorra um imprevisto, uma invalidez ou morte prematura, nossos filhos e cônjuge pagarão abrindo mão de uma boa moradia, alimentação, saúde, vestuário, lazer, educação e sonhos.

  • Perfil fiscal:

Conhecer o perfil fiscal do nosso cliente é um dos princípios básicos para que o mesmo alcance o sucesso no seu planejamento financeiro, em todas as fases e objetivos de vida.

Para o cliente é fundamental encarar o momento da sua Declaração de Imposto de Renda como uma oportunidade de conhecer suas receitas, despesas, rentabilidade dos investimentos, crescimento e diversificação patrimonial, e fazer uma avaliação consultiva de cenários que possam lhe trazer melhor retorno e menor carga tributária é uma grande oportunidade.

No que se refere aos planos de previdência privada entender e aproveitar os benefícios fiscais e de planejamento financeiro dos planos PGBL, Fundos de Pensão e VGBL.

Porém aqui cabe um alerta, definir o seu plano de previdência privada, PGBL/Fundos de Pensão ou VGBL, tomando por base o modelo atual da sua declaração de imposto de renda pessoa física, modelo completo ou simplificado, é um grande erro, porém com a baixa qualidade da oferta, é um dos argumentos mais comuns de quem lhe aborda, portanto, CUIDADO!

Ao contratar o seu plano de Previdência Privada o cliente deve optar pelo Regime de Tributação de seu plano, escolhendo entre o Regime Progressivo ou Regime Regressivo, que será aplicado à sua reserva ou benefício no momento de retirada dos recursos.

O Regime Progressivo é o regime de tributação que irá tributar o seu resgate ou sua renda de aposentadoria de acordo com o valor recebido, tributando todo o valor, no caso do PGBL, ou a rentabilidade, no caso do VGBL.  

O Regime Progressivo acompanha a tabela de IRPF vigente e divulgada anualmente pela Receita Federal, ou seja, ela pode sofrer alterações ao longo dos anos de investimento da sua reserva, atualmente a maior alíquota é de 27,5%, sendo que no ato do seu resgate, total ou parcial, independente do valor, ou do recebimento de uma renda de aposentadoria, haverá a retenção na fonte da alíquota de 15% sobre o valor total (PGBL) ou sobre a rentabilidade (VGBL), sendo necessário à comunicação na Declaração de Ajuste Anual do IRPF, quando será realizado o ajuste para a alíquota real de seus rendimentos.

O Regime Regressivo é o regime de tributação que vai tributar o seu resgate ou sua renda de aposentadoria de acordo com o tempo em que o recurso está aplicado, tributando todo o valor, no caso do PGBL, ou a rentabilidade, no caso do VGBL, como citei anteriormente. 

O Regime Progressivo é definitivo, ele não sofre alterações durante a fase de aplicação de sua reserva e não sofrerá nenhum ajuste, nem mesmo será informado, na Declaração de Ajuste de IRPF do participante.

Vale reforçar que no regime regressivo o tempo de permanência dos recursos, para efeito de tributação, é sobre cada contribuição (aporte) realizado, é importante compreender e simular, antes de realizar uma solicitação de resgate.

  • Perfil de Investidor:

Os planos de Previdência Privada possibilitam aos participantes terem acesso a uma diversidade de investimentos e aos grandes gestores do mercado, o que é um excelente benefício, se utilizado de forma prudente.

É importante entender o perfil de investidor de cada cliente, sua tolerância ao risco e às oscilações do mercado, entender o poder do tempo sobre os seus investimentos e que ele é um dos fatores determinantes para jogar a seu favor.

Um dos maiores erros dos participantes é “seguir o fluxo”, fazer porque os colegas estão fazendo ou porque o mercado está ditando, e esse erro é um dos maiores motivos de frustação dos investidores, pois ao primeiro choque de uma oscilação, de um resultado negativo, que na verdade torna-se negativo somente quando, em razão desse choque, você se desespera e resgata seus recursos, você desiste de participar desse mercado.

Procure entender os fundos, compreenda que quando o cliente escolhe um fundo de renda fixa, ele está emprestando o seu dinheiro para empresas privadas, títulos privados, de baixo risco e para o governo, através dos títulos públicos, e que o baixo risco está diretamente ligado a uma rentabilidade mais moderada, já ao investir em fundos com percentuais em ações, ele está comprando um pedaço daquela empresa, ele passa a ser um sócio daquele negócio, portanto deve escolher bem o seu novo sócio, a expectativa daquele mercado de atuação da “sua nova empresa”, e como ele está assumindo um risco maior, consequentemente a possibilidade de rentabilidade aumenta, voltando a reforçar que o tempo passa a ser o seu grande aliado, já que enquanto maior o tempo, mesmo com oscilações, maior a possibilidade de retorno.

Os participantes têm acesso a uma excelente ferramenta para se protegerem contra a mudança de cenário econômico e até mesmo a má gestão do plano por parte da entidade seguradora, que é a Portabilidade, ele pode mudar de fundo dentro da mesma entidade seguradora, caso altere seu perfil de investidor, ou mesmo mudar de entidade seguradora, caso esteja insatisfeito com o atendimento ou a gestão do plano, em ambos os casos sem nenhum ônus ou tributação.

  • Taxas cobradas:

Muitos criticam os planos de Previdência Privada em razão das taxas cobradas, porém, assim como qualquer mercado, existem taxas abusivas e taxas competitivas, nós como profissionais desse mercado, especialistas, temos que ajudar nossos clientes a escolherem.

 O primeiro passo é entender que a Previdência Privada é mais uma das formas de você formar reserva para o futuro e que deve se adequar ao seu perfil de investidor e ao seu perfil fiscal, e somente se houver essa sinergia é que ela passa a ser interessante para o cliente.

Como citado acima a Previdência Privada tem algumas vantagens e benefícios como, acesso a uma boa carteira de investimentos e aos maiores gestores, portabilidade da reserva, boa rentabilidade, incentivo fiscal, ferramenta de sucessão patrimonial e ferramenta de educação financeira, pois te condiciona a investir por longo prazo.

As taxas cobradas nos planos de Previdência Privada são:

Taxas de Carregamento:

Cobradas na entrada dos recursos, aportes ao plano, e/ou cobradas no momento do resgate ou portabilidade da reserva para outro plano. No caso de a taxa de carregamento ser cobrada na saída dos recursos essa cobrança está condicionada ao tempo de permanência no plano, ou seja, enquanto maior o tempo menor será a taxa cobrada, geralmente zerando após um período, na maioria dos casos após 5 anos.

Boa parte das entidades, abertas (seguradoras) ou fechadas (fundos de pensão), que administram os planos de Previdência Privada não cobram a taxa de carregamento de entrada, ou seja 100% do valor de seu aporte será direcionado à sua reserva e zeram a taxa de carregamento de saída após 36 ou 60 meses.

Porém existem excelentes opções, entidades de previdência, que não cobram mais taxas de carregamento, seja na entrada, seja na saída.

Taxas de Administração:

Cobradas sobre a reserva do participante, é a taxa cobrada para administrar o investimento, para gerar a rentabilidade, e está diretamente relacionada ao perfil do fundo de investimento que o cliente optou, enquanto mais conservador o fundo, menor exposição ao risco, menor será a taxa cobrada, já que exige menor esforço por parte do gestor.

Devemos orientar nossos clientes a fugir de taxas de administrações superiores a 1,5% para fundos de Renda Fixa, sejam eles de Renda Fixa Puro ou atrelados a algum índice, como Inflação, IPCA, Papéis do Tesouro.

Mas devemos ficar atentos a rentabilidade grada pelo fundo, embora seja influenciada diretamente pela taxa de administração, enquanto menor a taxa maior deveria ser o retorno, alguns fundos cobram taxas menores, mas são menos eficientes na gestão, apresentando menor resultado.

Agora que possuímos algumas informações adicionais e importantes para orientar os nossos clientes na contratação de um plano de Previdência Privada e ao mesmo tempo se proteger financeiramente, basta assumirmos o protagonismo desse mercado e a posição de um profissional Consultor, independente, que atue na defesa dos interesses de os mesmos, e não de uma entidade financeira especifica.

Vamos juntos, Cuidar e Proteger, o hoje e o amanhã da população brasileira!

Abraço!

Rogério Araújo

Rogério Araujo

O objetivo da coluna é disseminar a cultura do Seguro de Vida e Previdência Privada Complementar junto à população brasileira e aos profissionais do mercado de seguros. Através de uma linguagem simples e didática pretende quebrar mitos e preconceitos em abordarmos temas tão importantes como gerenciamento de riscos pessoais, o risco de viver muito, sem recursos financeiros, o risco de vivermos pouco, uma morte prematura, e todos os demais riscos pessoais que possam comprometer um correto planejamento financeiro pessoal, familiar ou empresarial. Rogério Araújo é corretor de seguros, desde 1998, brasileiro, casado e pai de três filhos de sangue, Thiago, Gustavo e Leonardo, cujas as iniciais deram origem ao nome TGL Consultoria, empresa criada em setembro de 2004, especializada em soluções em Planejamento e Proteção Financeira, utilizando-se de ferramentas como Seguros, Previdência, Planejamento Previdenciário, Contábil e Tributário, junto aos seus mais de 30.000 clientes ativos. Além dos 3 filhos, Rogério Araújo tem os filhos de coração, são mais de 250 crianças e adolescentes do Projeto Social IDAP, criado e administrado há mais de 13 anos, e que atende a região de Ribeirão das Neves, cidade na região metropolitana de Belo Horizonte, inclusive na própria TGL trabalham alguns jovens oriundos do projeto, mas esse é um assunto que certamente será abordado em alguns artigos, o Seguro como ferramenta de transformação social.

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