Na rabeira do recorde de venda de carros este ano, que ultrapassou a marca dos três milhões, empresas do setor ampliaram em 12% volume de prêmios
A indústria automobilística bateu a marca de três milhões de veículos vendidos no ano. E esse resultado se refletiu nas seguradoras. “O mercado de seguros para autos cresceu cerca de 12% em relação a 2008, muito em decorrência do bom momento da indústria automobilística”, comenta Ricardo Saad, diretorpresidente da Bradesco Auto, seguradora ligada ao banco.
Segundo o consultor Luiz Roberto Castiglione, a modalidade de seguros para automóveis deverá encerrar o ano com um volume de vendas da ordem de R$ 17,1 bilhões, crescimento nominal de 10% sobre os valores de 2008. Já para 2010, ele estima um crescimento nominal de 9%, o equivalente a uma receita de prêmios de R$ 18,8 bilhões – 35,5% dos prêmios totais do mercado de seguros sem considerar o VGBL.
“As perspectivas para o crescimento da frota são excelentes, pois os bons indicadores econômicos, como a expansão do crédito, incentivos tributários e redução da taxa de juros, fazem com que o volume de vendas cresça”, afirma Murilo Setti Riedel, diretor técnico da HDI Seguros, seguradora especializada no ramo de autos, que representa atualmente 87% de suas operações.
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos contribuiu para a boa performance das vendas de veículos. No entanto, teve um efeito colateral para o mercado de seguros emum primeiro momento. Castiglione observa que a busca pelo carro novo derrubou os preços dos usados em quase 20%, atingindo em cheio as renovações, em que amassa segurada é bemsuperior à de novos veículos.
Preços
Setti, da HDI, explica que houve um reposicionamento de preços nessa modalidade no segundo semestre deste ano, pois os juros caíram numa velocidade maior do que o mercado esperava, além do aumento da sinistralidade.
De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o pedido de pagamentos de seguros subiu de 65,5% emoutubro de 2008 para 66,8% no mesmo mês deste ano. “A indústria como um todo teve aumento da sinistralidade e tende a ajustar os preços até encontrar um equilíbrio”, comenta o vice-presidente de ramos elementares da SulAmérica, Carlos Alberto Trindade Filho.
Segundo Setti, os preços dos seguros para automóveis aumentaram, em média, 12% no ano. “E existe pressão para um aumento de pelo menos mais 5% num cenário de aumento da taxa de juro para o final de 2010”, avalia o especialista.
Segundo ele, os fatores de pressão de custos são o aumento da inflação, que influencia nos custos das peças, e o comportamento da sinistralidade com relação a roubo de carros.
Segundo Castiglione, de fato poderemos ter aumentos de preços em função da inflação e de ajustes pontuais devido a aumentos de frequência de roubos e furtos em determinadas categorias de veículos.
“A queda dos juros e a conseqüente redução do resultado financeiro tem exigido uma performance operacional cada vez maior”, comenta Saad, da Bradesco Auto. “Investimentos em tecnologia, treinamento profissional e aperfeiçoamento de processos têm se mostrado indispensáveis.” Novos produtos O mercado também aposta em novos produtos. A SulAmérica, por exemplo, lançou em dezembro um produto específico para carros zero quilômetro O diferencial do seguro é que pode ser contratado pelo valor pago no ato da compra do carro, por toda a vigência do contrato e para os casos de sinistro com perda total, não desvalorizando o veículo com a tabela Fipe.
“No ano que vem vão sair cerca de 1,6 milhão de veículos da massa de frota segurável,mas vão entrar 3,6 milhões” Murilo Setti, diretor da HDI Seguros.