Notícias | 17 de janeiro de 2022 | Fonte: CQCS | Carla Boaventura

Com objetivo de reduzir preços, Bradesco Seguros lança nova modalidade de Seguro Auto

A Bradesco Auto/RE está lançando, esta semana, uma nova modalidade de seguro, com cobertura mais focada, para tentar driblar as altas de preço no setor. O produto é inspirado num modelo em alta nos seguros de saúde e terá uma rede referenciada mais restrita, que só foi possível graças a uma flexibilização nas regras promovida pela Susep, agência reguladora do setor. As informações são do O Globo.

O objetivo é ir além de uma redução de 25%, em média, nos preços que a empresa já obteve com o seu lançamento anterior, o Auto Light.

Há também outra novidade: um seguro para riscos cibernéticos, que neste primeiro semestre será oferecido a pequenas empresas e, até o fim do ano, estará disponível aos consumidores. Em entrevista ao GLOBO, o diretor-presidente da Bradesco Auto/RE, Ney Ferraz Dias, antecipa esse lançamento.

Confira a entrevista:

O mercado de automóveis sofreu com alta de preços e falta de peças na pandemia. Como isso afetou o setor de seguros?

Esse aumento que observamos, que foi um pouco do impacto inflacionário e agravado pela falta de veículos novos, e ainda com a falta de peças, levou a um aumento entre 20% a 30% do preço do seminovo. E tradicionalmente a gente considerava na precificação que o carro iria desvalorizar 10%. E isso pegou o mercado de surpresa.

Outra coisa que impactou foi o aumento dos custos dos prestadores, com a alta do diesel, custo de manutenção. E as peças de reposição tiveram alta em torno de 25%. Esses fatores levaram a um aumento do gasto das seguradoras em relação ao prêmio que elas haviam arrecadado. E você não vai voltar ao segurado e cobrar mais. Nas novas vigências, aí sim você tem condições de ajustar pelo próprio aumento do valor do bem.

Esse é o desafio que a indústria está enfrentando. O seguro de carro tem uma contratação baixa. Temos cerca de 17 milhões de veículos segurados, com uma frota de 70 milhões. É um gap e, por outro lado, uma oportunidade muito grande.

O que se espera para 2022? Os preços dos seguros vão subir?

Tem essa questão de suprimento de chips. A expectativa é que só vai começar a se resolver em meados deste ano. Por mais que em 2022 tenhamos um cenário de eleições, achamos que o câmbio já está suficientemente apreciado. E nas últimas semanas as commodities estão arrefecendo. Não esperamos um cenário tão gravoso como foi no segundo semestre, mas longe de uma reversão. Provavelmente, uma manutenção com tendência de leve alta.

Tem um pedaço que não é nem tarifa de seguro. É o aumento da importância segurada. Se você tinha um carro que valia R$ 50 e agora é R$ 60, a fatia segurada aumentou. Mas as taxas de juros estão mais elevadas. As seguradoras recebem o prêmio (valor pago pelo segurado) nos primeiros meses para pagar um sinistro que vai acontecer ao longo do ano. E tem um fluxo que, quando a taxa (de juros) é mais alta, ajuda a gerar mais receita.

O negócio de bens de consumo do grupo deve ser dividido em uma listagem separada no meio deste ano.

A Superintendência de Seguros Privados tem feito inovações em regulação. A empresa estuda criar produtos mais flexíveis?

Sempre que há maior flexibilização, isso nos permite sermos mais criativos. Já tínhamos o Auto Light, que custava 25% a menos que o convencional. E, aproveitando essas novas diretrizes da Susep, lançamos o Auto Light Rede Referenciada. O conceito é parecido com o de planos de saúde, que conseguem ter um custo menor ao limitar o atendimento a determinados hospitais e clínicas.

Estabelecemos uma rede referenciada. Com isso, conseguimos conter o custo, e o cliente tem o benefício de ter um custo menor pelo seguro. Está saindo para o mercado agora, dia 17 (amanhã). Já tínhamos feito uma espécie de pré-lançamento e notamos uma aceitação muito boa pelos corretores e segurados. Estamos crescendo numa velocidade maior que esperávamos. Nossa meta é atingir R$ 40 milhões em prêmios.

Qual é a diferença entre o Auto Light e o seguro comum?

A parte de assistência é mais restrita, voltado para pessoas que não fazem grandes viagens ou usam o carro na região metropolitana. Há ainda a parte de percentual da tabela Fipe (parcela que é paga ao proprietário em caso de perda total), com uma faixa entre 80% e 90% do valor (de referência).

Esses produtos novos, com cobertura menor, devem representar quanto da carteira em 2022?

Nossa expectativa é que cheguem a 5% do nosso portfólio até o fim do ano, mas dificilmente você tem no ano de lançamento uma mudança tão grande por parte do consumidor. Há sempre um receio do mercado de que haja um mau entendimento na hora da compra. Existe um tempo de maturação para entender os benefícios e as restrições.

Hoje, muitas start-ups estão criando soluções flexíveis, como pagar por seguro no dia que usar. A empresa pretende entrar nesse tipo de modelo?

Estamos fazendo avaliações. Temos o InovaBra (programa de inovação do banco), centenas de start-ups e grande interação com elas. Temos testado novos modelos, sempre com cuidado com o nível de informação. Por exemplo, a pessoa está com carro na garagem e vem uma chuva e inunda a garagem. Eventualmente, você está sem cobertura.

Há aqui questões comportamentais. Até que ponto você vai querer dar um grau de importância no seu dia a dia para o seguro do carro? Ou você vai preferir ter a segurança de estar coberto e só ver ano que vem, na renovação? Até que ponto você quer ter essa preocupação adicional no seu dia a dia? Tem que ter cuidado grande para que o consumidor entenda os riscos.

Estão olhando novos mercados por conta da pandemia?

Fizemos recentemente um lançamento para pequenas e médias empresas, com seguros segmentados de acordo com o perfil, como bares, hotéis, salão de beleza, pet shops, clínicas e hospitais. São dez segmentos com coberturas para cada perfil.

Outra inovação foi o seguro digital para o Pix. Fizemos uma cobertura quando começaram as fraudes e lançamos um produto cobrindo fraudes por coerção, se a pessoa for obrigada a fazer um Pix sob ameaça. Chamamos de Proteção Digital. Além de Pix, cobre transferências, TED, DOC, pagamento de boletos e recarga de celular.

Esse seguro protege apenas em casos de coerção? E se for uma fraude digital?

É a coerção física. Estamos trabalhando aqui em duas frentes. Uma que vai ser lançada ainda provavelmente no primeiro semestre que é um seguro de cyber risks (risco cibernético) para pequenas e médias empresas. E no segundo semestre vamos ter um seguro de cyber, com todas as fraudes eletrônicas, para pessoa física. O Proteção Digital acontece por essa situação de coerção; e para a fraude eletrônica, o cyber risk.

Qual é a tendência de crescimento desses seguros?

Temos notado aumento na demanda por fraudes. O crime organizado passou a atuar de forma mais focada, já que tinha menos gente na rua. É uma preocupação do empreendedor pela dependência maior da rede e do software. Ele fica travado sem poder operar (em caso de ataque cibernético), o que é um risco de sobrevivência para os negócios dele.

Temos no Brasil parceria com a Swiss Re, que atua com os riscos de maior valor, em grandes empresas. Nos limites até R$ 10 milhões, (as apólices) estão no Bradesco Seguros. Estamos fazendo também em parceria com a Swiss Re, porque eles têm uma experiência internacional, é um risco que tem característica bem global, com hackers atuando em vários países. E cada vez mais eles usam inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquina) para promover ataques. Nós, seguradoras, estamos preparando condições para mitigar o risco, para as pessoas se defenderem desses ataques.

Um comentário

  1. CEQUINEL SEGUROS COR ADM

    12 de outubro de 2022 às 16:55

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