Notícias | 11 de maio de 2023 | Fonte: CQCS

Resseguro vive momento difícil em todo o mundo

O momento no resseguro não é favorável. A afirmação foi feita pelo Vice-Presidente da Alper Re, Eduardo Toledo, em entrevista ao CQCS. Ele ressaltou, contudo, que o setor não vai deixar de prestar assistência. “O setor tem um lado social muito grande, devolve muito para a sociedade em indenizações de perdas, de vidas, de catástrofes, de sinistros. Tem uma capacidade surpreendente de indenizações que faz com que o dinheiro retorne para a economia, sendo uma forma de ajudar também. “O seguro sempre é uma máquina que processa e constantemente devolve para sociedade grande parte do que arrecada”, destaca, em entrevista ao CQCS. 

Segundo ele, é exatamente pelo fato de vir indenizando mais do que tem arrecadado que o mercado de resseguro está hard. “Isso, com certeza, acaba ajudando na nossa economia”, acrescentou.  

Especificamente sobre o cenário do resseguro no Brasil, ele lembra que o mercado local é “muito recente” e foi o penúltimo no mundo a abrir o monopólio do resseguro. “Por um lado, isso foi muito negativo, porque a gente ficou para trás nos investimentos dos resseguradores globais no interesse do Risco Brasil. Por outro lado, tivemos uma abertura bem estruturada, já que podemos aprender com os erros e acertos dos outros países que abriram seus monopólios antes”, frisou.  

Toledo assinalou ainda que a expectativa era ter um mercado mais acirrado, com mais investimentos, apesar de haver apenas 15 ou 16 resseguradoras locais, o que “ainda é pouco”, com muitos mercados restritos a algumas linhas de negócios apenas que não olham o todo. “A gente tem obviamente a força do mercado de resseguro que pode sim ajudar a nossa economia de diversas formas”, asseverou. 

Para ele, isso ocorre mesmo em um momento que o mundo vive, classificado por Toledo como “ultra hard”, em relação a seguros e resseguros, com escassez de capacidade, diminuição de exposição por parte dos resseguradores globais e locais. “Isso faz com que a gente tenha que aumentar nosso leque de resseguradores no painel das colocações de grandes riscos. Há uma diminuição de exposição, um aumento de players em que você tem que captar mais resseguradoras naquele risco que tinha uma facilidade maior de colocar em poucos mercados e hoje precisa buscar em diversos mercados e ainda há falta de capacidade, o mercado está em excesso de capacidade”, pontuou.  

De acordo com o executivo da Alper, as resseguradoras estão diminuindo suas linhas e saindo de algumas linhas de negócios. Esse cenário afeta a economia. 

Por outro lado, há um aumento da taxa que faz com que se eleve o volume do prêmio, o que traz mais recurso para o mercado em forma de prêmio mesmo, trazendo mais receita. 

Mas, como tem que “sair de algum lugar”, essa receita do seguro acaba ficando mais cara e o comprador do seguro, as grandes empresas, vão ter que reprecificar os produtos. “Então, acaba tendo uma sucessão de crescimento que leva também uma taxa de juros mais alta para tentar conter a inflação”, completou Toledo.  

Segundo ele, as coberturas de resseguros para grandes riscos de importação de produtos que inexistem no país acabam encarecendo esse tipo de mercadoria também, porque os seguros estão sendo agravados nas importações. Esse problema não ocorre apenas no Brasil, é global, e ainda há uma questão extremamente relevante de agravo de prêmio, que é a inflação no mundo todo. “Os países que têm uma moeda forte com inflação controlada estão sofrendo como nunca tinha sido visto nos últimos 40 anos. Isso faz com que o prêmio de seguros e resseguros também aumente. É uma questão inflacionária, não tem sido fácil”, lamentou. 

No entanto, Toledo ressaltou que é importante continuar acreditando nesse mercado. Até por não existir uma economia segura em país algum sem a ferramenta do seguro e resseguro. “Isso é momentâneo, é uma onda, apesar de nunca ter sido vista na história humana. É um momento difícil, mas tenho certeza que a gente consegue, com boas ferramentas de sistema de mitigação de risco e gerenciamento de risco, ter uma boa história nova para contar para os mercados, para que não agravem tanto os prêmios das renovações do seguro ao redor do mundo. Mas, como a gente sempre fala, o princípio do seguro é o mutualismo e a boa fé”, completou.

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