Notícias | 31 de julho de 2023 | Fonte: Revista Apólice

Aumento de beneficiários idosos traz desafios para a Saúde Suplementar

De acordo com uma pesquisa do IESS, entre dezembro de 2013 e o mesmo mês de 2022, o número de contratos de planos de saúde para pessoas 60+ passou de 5,7 para 7,2 milhões

O número de contratações de planos de saúde direcionadas a idosos segue em crescimento no Brasil. De acordo com a pesquisa “Evolução do Número de Idosos em Planos de Saúde no Brasil nos últimos 10 anos”, produzido pelo IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), entre dezembro de 2013 e o mesmo mês de 2022, o número de contratos para pessoas 60+ passou de 5,7 para 7,2 milhões, registrando uma alta de 26,6%.

Segundo a pesquisa, do total de beneficiários idosos, o grupo com 80 anos ou mais foi o que mais cresceu no período (33,5%): era 955,5 mil, em 2013, e saltou para 1,3 milhão, em 2022.  Na sequência, aparece a faixa entre 70 e 79 anos, que passou de 1,7 milhão para 2,2 milhões (31,3%). A maior prevalência (59%) é do sexo feminino, correspondente a 4,3 milhões de vínculos. Além disso, a maior concentração de clientes com mais de 60 anos está em São Paulo (37,1%), com 2,7 milhões de contratos, seguido por Minas Gerais (14,7%) com 1,1 milhão e Rio de Janeiro (11,2%) com 806,3 mil. 

Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), afirma que um dos desafios enfrentados pelo setor está em garantir o funcionamento do sistema diante do envelhecimento populacional. “A Saúde Suplementar tem como pilar o mutualismo e o pacto intergeracional, ou seja, os jovens custeiam parte da utilização do sistema pelos idosos. Em 24 anos, o Brasil mais que dobrou sua população idosa. De 13 milhões de pessoas com 60 anos em 1998, para 34 milhões de idosos atualmente. Em 2040, já teremos mais idosos do que jovens de até 19 anos no país. Até 2052, a população de brasileiros com mais de 60 anos vai dobrar de tamanho de novo: serão 68 milhões”.

A diretora-executiva da FenaSaúde acredita que não há uma medida que sozinha seja suficiente para garantir a sustentabilidade do mercado, visto que além dos fatores estruturais, há fatores conjunturais que influenciam esse equilíbrio, como o cenário macroeconômico do país e o nível de emprego formal. “Entretanto, as operadoras de planos de saúde vêm investindo, cada vez mais, em programas de promoção da saúde e prevenção de riscos de doenças e no gerenciamento do cuidado ao paciente, a fim de aumentar a qualidade de vida dos beneficiários e, consequentemente, reduzir os gastos com as complicações e agravamento de doenças, principalmente as crônicas”.

A FenaSaúde defende a flexibilização para comercialização de novos produtos, permitindo que as operadoras diversifiquem suas ofertas, por meio de planos com diferentes tipos de cobertura. Assim, os consumidores, as famílias e as empresas terão mais opções e maior liberdade de escolha. “Defendemos a permissão da comercialização do plano exclusivo de consultas e exames, ou seja, mais aderentes às necessidades e às capacidades de pagamento das famílias e das empresas que não conseguem fazer frente a serviços privados mais abrangentes. O modelo em vigor, hoje, difere do formato que tinha quando as regras originais do setor foram formuladas, em 1998”, diz Vera.

Marcos Novais, superintendente executivo da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), afirma que além de investir em programas de promoção da saúde, é preciso que operadoras e seguradoras aprimorem a modalidade do negócio. “O Brasil está envelhecendo três vezes mais rápido do que alguns países. A França, por exemplo, levou 115 anos para dobrar seu contingente de idosos. E os Estados Unidos, quase 70. Portanto, está claro que medidas para racionalizar o uso do sistema, aumentar a eficiência e reduzir custos são desafios em âmbito mundial”.

Novais ressalta que, para oferecer um atendimento de qualidade aos beneficiários com mais de 60 anos, o setor deve investir em capacitação e contratar profissionais especializados no público idoso. “Nessa fase da vida, é normal que as pessoas frequentem mais o consultório médico. Precisamos, principalmente, de cardiologistas e ortopedistas especialistas na saúde da população 60+ para garantir que os mais velhos continuem contratando planos de saúde, proporcionando uma maior acessibilidade e desenvolvendo produtos ou serviços totalmente pensados para os idosos”.

O superintendente da Abramge também reforça a importância do papel dos corretores de seguros para auxiliarem idosos e suas famílias na contratação de um plano adequado ao perfil do beneficiário. “O corretor tem uma posição estratégica na expansão da Saúde Suplementar, sendo um dos principais atores na distribuição de produtos. As companhias também devem capacitar esse profissional, para que ele ofereça às pessoas com mais de 60 anos um plano que faça sentido com a sua rotina. Não adianta ofertar um plano de abrangência nacional se o idoso tem dificuldade de locomoção e não viaja com frequência, por exemplo. A qualificação dos parceiros é algo que deve ser visto pelo setor como primordial”.

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