Enquanto o Brasil arrecadou R$ 196,1 bilhões em planos de previdência privada (PGBL e VGBL) em 2024, um sinal de crescimento do mercado de proteção e planejamento de longo prazo, outro dado choca e revela a verdadeira crise silenciosa, no mesmo ano, os brasileiros apostaram R$ 240 bilhões em plataformas de apostas online (BETs). Esses números não apenas contrastam, eles escancaram o prenúncio de uma tragédia, se algo não for feito.
Vivemos a falência de um sistema educacional que, até hoje, negligencia o ensino de noções básicas de finanças pessoais, a educação financeira. A cultura do imediatismo, da promessa de enriquecimento fácil e da ausência de planejamento se enraizou, e se propagou com as redes sociais e os chamados influencers. E o resultado é um país onde apostar no incerto tem mais apelo do que investir no seguro. Ou seja, o Brasil está educando para o acaso.
O brasileiro está exposto diariamente a propagandas massivas de apostas online, associadas ao glamour, ao futebol e às celebridades. É um marketing agressivo, emocional e acessível, que vende sonhos e entrega ilusão.
A cada clique, a cada aposta, a cada “só mais uma rodada”, o dinheiro que poderia ser direcionado à aposentadoria, à proteção da família, à reserva de emergência ou ao estudo dos filhos, se dissolve.
E o que nós, corretores de seguros, bancários, educadores financeiros e planejadores, podemos fazer à respeito?
Temos a responsabilidade, e o dever ético, de agir.
Somos porta-vozes da racionalidade em uma sociedade que, em passos largos, caminha para o abismo da impulsividade.
Nos cabe portanto;
- Educar o cliente no momento da venda, transformando a abordagem em uma consultoria de vida e de escolhas.
- Alertar para os riscos da ausência de planejamento, mostrando que o verdadeiro jogo não está na sorte, mas na estratégia.
- Criar conteúdos, palestras, treinamentos e campanhas educativas que promovam a consciência financeira desde cedo.
- Incentivar políticas públicas e escolares que coloquem a educação financeira como prioridade nacional.
- É o Educar para Vender!
Precisamos de ações, e ações emergenciais Se nada for feito, continuaremos vendo famílias desprotegidas, aposentadorias comprometidas e uma população presa ao ciclo da dependência e da frustração.
Cada abordagem, cada reunião, cada proposta é uma oportunidade de mudar uma vida, ou, pelo menos, evitar sua ruína.
Não é exagero dizer que estamos diante de uma emergência nacional silenciosa, disfarçada de entretenimento e normalizada pela sociedade.
O futuro financeiro do Brasil passa por uma escolha urgente, educar ou apostar.
Nós, profissionais do setor, precisamos ser agentes de transformação. É hora de substituir a sorte pelo planejamento, a promessa pelo propósito e a omissão pela ação.
Rogério Araújo
Movimento Minha Vida Protegida