Notícias | 23 de abril de 2008 | Fonte: Gazeta Mercantil /Denise Bueno

UBS Pactual aposta na entrada de outras seguradoras na bolsa

O grande boom do mercado de seguros, infelizmente não foi acompanhado pelo mercado acionário. No início de 2007, as perspectivas de Pedro Guimarães, diretor do banco UBS Pactual, apontavam muitas candidatas com estréia marcada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Inclusive seguradoras ligadas a bancos.

‘Agora é preciso esperar um momento melhor do mercado acionário’, diz Guimarães, que liderou o lançamento de vários IPO (Oferta Inicial de Ações, sigla em inglês). Segundo ele, o mercado de seguros continua atrativo. ‘A redução de taxas de juros e a abertura do resseguro são fatos novos que adicionam valor à indústria de seguros. Isso traz novos participantes, o que incentiva a competitividade’.

As ações da Porto Seguro, única seguradora listada no Novo Mercado, registraram evolução de mais de 300% desde o lançamento. A SulAmérica registrou uma ligeira queda, mas está entre as mais recomendada pelos analistas. ‘É uma questão de tempo e de um melhor momento para outras seguradoras realizarem suas ofertas’, acredita Guimarães.

A Marítima Seguros e a Minas Brasil registraram no ano passado a intenção de captar recursos na bolsa, via emissão de ações. No entanto, ambas foram atropeladas pela crise internacional desencadeada com a inadimplência das hipotecas de alto risco (supbrime) nos Estados Unidos.

A saída da Marítima foi fazer um aumento de capital no início de abril, de R$ 76 milhões, elevando o patrimônio da seguradora para R$ 165 milhões. Com a capitalização, a companhia ficará enquadrada nas novas regras de solvência do mercado de seguros e terá folga para aguardar um momento melhor do mercado para fazer o IPO, informa Milton Bellizia, diretor administrativo e financeiro da Marítima.

O lançamento de ações, cujo pedido foi registrado no final de agosto do ano passado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi cancelado. ‘Estamos com o prospecto para a nova emissão pronto’, diz. A intenção era entrar no Novo Mercado e captar até R$ 500 milhões com a emissão de ações ordinárias, segundo normas da Bovespa para empresas que querem fazer parte desse grupo. Elas só podem emitir ações ordinárias, com direito a voto. Trata-se do mais alto nível de governança corporativa, que conta com 94 empresas, entre elas a Porto Seguro, única seguradora listada.

Depois de obter a aprovação da CVM para fazer o IPO, a Marítima iniciou o road show no mercado local e internacional, em setembro do ano passado. No entanto, percebeu que os investidores estavam com pouco apetite pelos papéis em razão da falta de clareza sobre a extensão da crise subprime.

Decidiu, então, esperar. Neste período, advogados e bancos de investimento que assessoram a Marítima a convenceram de que a melhor estratégia seria entrar no Nível 2 da Bovespa e, em vez de ações ordinárias, emitir Units (certificados de depósito de ações), compostas por uma ordinária e duas preferenciais (sem direito a voto), limitando o poder de controle dos investidores.

‘Percebemos que os investidores buscam liquidez e por isso optamos pelas units, pois assim podemos fazer uma emissão maior, de até 70% do capital da companhia.’ Com a emissão anterior, o grupo pretendia usar cerca de 80% dos recursos para elevar a margem de solvência, 10% para investimentos em tecnologia da informação e melhoria de processos internos.

Do total, 4% seriam aplicados em capital de giro, 3% no desenvolvimento de novos produtos e 3% na expansão geográfica. Agora, a intenção é captar US$ 350 milhões, quase R$ 700 milhões, e o uso será o mesmo. Em 2007, a Marítima registrou lucro líquido de R$ 15,7 milhões, abaixo dos R$ 23,7 milhões do ano anterior. Os prêmios de seguros totalizaram R$ 929 milhões, crescimento de 8% em relação aos R$ 854 milhões de 2006.

A SulAmérica levantou R$ 775 milhões com a venda primária de 25 milhões de Units, cada uma formada por uma ação ordinária e duas preferenciais. Parte do dinheiro para pagar dívidas e parte para crescer por aquisições. O preço de emissão foi de R$ 31. As Units começaram a ser negociadas dia 5 de outubro no Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa, sob o código SULA11.

Os investidores estrangeiros compraram 71,5% dos papéis, já incluindo o exercício de lote suplementar, utilizado para atender ao excesso de demanda. A oferta registrou também a participação de 19.047 pessoas físicas, que levaram 8,65% dos papéis. Já a participação de fundos de investimento locais foi baixa, com a compra de 1,18%.
Os analistas que acompanham as ações da SulAmérica projetaram uma boa performance dos papéis nos estudos divulgados em abril. O relatório da corretora Ágora fala em valorização de 79% das ações até o final deste ano. O Santander aposta que a ação, cotada a R$ 25 em 15 de abril, encerre 2008 em R$ 43.

O UBS Pactual recomendou, em seu relatório semanal elaborado para investidores interessados na indústria de seguros, a ação da companhia entre os ‘Top Ten’, sendo a única seguradora listada, por acreditar na entrega de resultados consistentes.

‘Acredito muito que as recomendações foram estimuladas em razão dos fundamentos da companhia’, diz Arthur de Farme, diretor de relação com investidores da SulAmérica. O segmento de saúde, que representa quase 50% do faturamento da companhia, tem apresentando melhora na rentabilidade, bem como a carteira de automóvel, que tem crescido com ganhos.

A SulAmérica divulgou no final de 2007 o dobro do lucro do ano anterior e apresentou alta de 20% nos ganhos no resultado do primeiro trimestre de 2008. ‘Para seguros, os fundamentos são baseados em sinistralidade e custos. Esses dois índices controlados garantem resultado operacional positivo’, afirma.

Segundo Alexandre Peev, gerente de relações com investidores da Porto Seguro, para entrar no Novo Mercado da Bovespa foi preciso se preparar em termos de transparência e controle, ampliando as práticas de governança corporativa. ‘Nossa trajetória indica que estávamos no caminho certo. A abertura oferece desafios e oportunidades para melhoria de gestão e traz maior visibilidade.’Segundo Peev, o maior desafio inicial foi buscar a compreensão dos investidores para o ‘negócio seguro’, que tem suas peculiaridades. ‘Nos prepararmos para traduzir e explicar termos e procedimentos do mercado’.

O IPO foi considerado um sucesso absoluto. Na abertura do capital da companhia foram vendidas 17.499.580 ações, sendo 13.242.301 e 4.256.279 primárias. Com as ações cotadas a R$ 18,75, o grupo totalizou R$ 328,1 milhões no lançamento. Em julho de 2006, a Porto fez uma oferta secundária de 6 milhões de ações secundárias que pertenciam a irmã de Jayme, Stela Yara Blay, cotadas a R$ 33,50 cada, totalizando R$ 201 milhões.

Com a emissão secundária, o percentual das ações da seguradora em poder do mercado passou de 29% para 37,02%, sendo que os estrangeiros detêm 60% e os investidores locais 40%. Dos investidores, 3,5% são pessoa física e 96,5% pessoa jurídica.

Em 28 de março foi aprovado o desdobramento das ações representativas do capital social da Sociedade, mediante a emissão de duas novas ações ordinárias nominativas escriturais, sem valor nominal, para cada ação existente, passando o capital social a ser representado por 230.642.811 de ações ordinárias.

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