Grupo, em reestruturação societária há um ano, almeja fazer IPO no futuro. A Caixa de Pecúlios, Pensões e Montepios (Capemi), entidade de previdência complementar sem fins lucrativos, obteve autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) na sexta-feira passada para abrir uma seguradora. A Capemisa Seguradora de Vida e Previdência, que começará a vigorar em 2008, terá capital inicial de R$ 35 milhões e licença para operar em todo o Brasil.
O controle acionário da Capemisa é da Capemi, que já controla duas seguradoras do grupo. A Salutar opera com seguro saúde e a Conapp que atua na área de ramos elementares. A controladora, por sua vez, também passa por uma reorganização societária. Finalizado o processo, as três seguradoras passarão a ser controladas por uma holding que nascerá como Instituto Capemi de Ação Social, organizada como associação, informou o superintendente geral, José Augusto Tatagiba.
Segundo ele, as mudanças estão em curso há pouco mais de um ano e visam ampliar a atuação do grupo. “Uma empresa de capital aberto tem mais transparência nas operações do uma entidade sem fins lucrativos. Isso facilita a captação de recursos. A longo prazo, podemos até mesmo fazer uma Oferta Inicial de Ações (IPO)”, disse. Também pretende operar com seguro de garantia estendida, seguro de vida popular, funeral entre outros.
Apesar da Lei Complementar 109 prever a transformação das entidades sem fins lucrativos em companhias abertas, poucas optaram por tal mudança. Uma S.A. tem a vantagem de atrair capital. A entidade sem fins lucrativos é isenta de impostos. “Aquelas que não precisarem de capital e que estiverem direcionando a rentabilidade extra para ações sociais aos participantes deverão permanecer como estão”, segundo analistas do setor.
Hoje há cerca de 35 entidades sem fins lucrativos operando no Brasil. A imagem dessas empresas precisa ser trabalhada. No início da década de 80 muitas delas, que administravam montepios, faliram e deixaram os participantes sem as aposentadorias para as quais contribuíram por muitos anos. “A Capemi foi a única que teve falência e quitou todos os credores”, garantiu o executivo.
Os ativos da Capemi totalizam R$ 1,3 bilhão. Desse valor, R$ 600 milhões são reservas livres e R$ 700 milhões reservas técnicas que garantem o pagamento dos participantes de planos. O grupo tem 400 mil clientes ativos, onde garante um capital em caso de morte e invalidez. Os planos de pensão, que geraram a grande crise no passado, deixaram de ser comercializados há cerca de 15 anos. No entanto, a Capemi tem de pagar aposentadoria para 40 mil pensionistas, em forma de renda vitalícia, que tinham esses planos antigos. Segundo o executivo, restam poucos clientes para engrossar essa lista. “Temos oferecido um pagamento único de capital em vez da renda vitalícia e muitos têm aceitado”.
kicker: Capemisa, com patrimônio de R$ 35 milhões, nasce com 400 mil clientes em vida e 40 mil pensionistas de planos antigos