A integração da inteligência artificial tem revolucionado o setor de seguros no Brasil, proporcionando uma execução mais rápida e precisa dos processos, além de desempenhar um papel crucial no combate às fraudes, um desafio recorrente no país. Embora as manchetes muitas vezes destaquem esse problema no setor financeiro, sua incidência é generalizada, afetando várias indústrias. Nesse contexto, a transformação digital das seguradoras assume uma relevância ainda maior.
Em entrevista ao Portal Estadão para o Artigo de Opinião do jornalista Paulo Silvestre, o CEO da Junto Seguros, Roque de Holanda Melo, destacou o uso de sistemas de machine learning para a compilação, busca e análise de dados, incluindo informações de crédito e análise de subscrição. Ele destaca que essa abordagem não apenas melhora significativamente a eficiência operacional, mas também mitiga riscos indesejados na carteira da empresa – “Isso tem trazido um ganho operacional muito grande, sem trazer riscos que nós não gostaríamos de ter na nossa carteira”, comenta Roque.
Melo ressalta o possível aumento substancial nas tentativas de fraudes no mercado de seguros, muitas vezes perpetradas por fraudadores sofisticados que investem em tecnologia avançada – “Quem estiver no mercado hoje sem automação está pensando em outra coisa para fazer ou será surpreendido”, adverte o executivo.
No entanto, para ele a transformação digital não se limita à automação de processos. Ou seja, a concorrência acirrada e clientes cada vez mais exigentes impulsionam as seguradoras a investirem pesadamente em tecnologia.
Para a Junto Seguros, ser uma seguradora digital não se resume apenas à emissão de apólices de forma eletrônica, mas sim à coleta, tratamento e oferta de informações que possibilitam processos ágeis e personalizados para cada cliente. A empresa oferece uma plataforma para corretores, aumentando sua eficiência no dia a dia, além de APIs para integração com sistemas de empresas maiores.
Durante a entrevistas, Melo destaca que a digitalização vai além da simples emissão de apólices em segundos; trata-se de agregar valor por meio de dashboards informativos e relatórios consolidados – “Esse compromisso com a inovação rendeu à empresa a 14ª posição no prêmio ‘As 100 + Inovadoras no Uso de TI’ “.
Quanto ao impacto nos empregos do setor, Roque admite que reconhece que a tecnologia naturalmente substituirá funções facilmente automatizadas, mas enfatiza a importância de os profissionais se manterem atualizados e se adaptarem a essa realidade. Aqueles que se destacarem na capacidade de inovação e adaptação não apenas manterão seus empregos, mas também aumentarão sua eficiência. No entanto, os profissionais que resistirem à mudança correm o risco de serem substituídos por soluções automatizadas.
Melo conclui que a digitalização é um caminho sem volta que traz benefícios tanto para as seguradoras quanto para os clientes, transformando as empresas de seguros em verdadeiras empresas de tecnologia. Essa mudança está se tornando cada vez mais crítica para a operação do setor, indicando uma tendência irreversível rumo à digitalização completa.