Notícias | 18 de julho de 2024 | Fonte: CQCS | Adriane Sacramento

Marcos Falcão, presidente do IRB(Re), comenta gestão e mitigação de riscos diante de mudanças climáticas 

As mudanças climáticas têm trazido ampla discussão acerca das coberturas encontradas no mercado, práticas sustentáveis, conscientização da sociedade e modificações em seguros, como o seguro residencial. Para discutir o cenário de eventos catastróficos, Marcos Falcão, presidente do IRB(Re), participou do Conversa Segura, o podcast da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), e falou sobre gestão e mitigação de riscos, gap de proteção e mais.

Existe um sistema mundial de proteção dos riscos, composto pela seguradora (B2C) e pela resseguradora (B2B), que assume os riscos não retidos pela empresa. A resseguradora pode, então, passar esses riscos para outra resseguradora, conhecida como retrocessionária, que os divide entre outras companhias que atuam no mesmo formato. Esse sistema de repartição opera com fluidez. No Brasil, segundo Falcão, é essencial garantir que isso ocorra, uma vez que os riscos estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas.

“Todos os riscos que são grandes demais para ficarem localizados precisam ser repartidos”, explicou o presidente do IRB(Re). “Os modelos antigos previam menos eventos climáticos, e os modelos novos, olhando para o futuro, preveem mais riscos climáticos. Precisamos reter apenas o que conseguimos suportar aqui no Brasil e repassar ao exterior o restante”, pontuou.

Nos Estados Unidos, algumas seguradoras deixaram de atuar em áreas mais acometidas por desastres climáticos. Por exemplo, em 2023, a State Farm, a maior seguradora residencial do estado, anunciou que interromperia a emissão de apólices na Califórnia. A possibilidade de algo assim ocorrer no Brasil foi levantada durante o episódio do podcast da CNseg. De acordo com Falcão, a questão está relacionada com o “gap de proteção”, que é a diferença entre o valor total dos riscos que as pessoas e empresas enfrentam e a quantia efetivamente coberta por seguros.

“No Rio Grande do Sul, por exemplo, estimamos que não mais de 10% das perdas econômicas estejam seguradas. No furacão Katrina, em dez anos de reconstrução, foram gastos entre 150 e 200 bilhões de dólares”, comparou. Segundo ele, no evento climático ocorrido nos EUA, a importância segurada é estimada em 100 bilhões, “Ou seja, entre 50% e 70% de toda a perda econômica, com um gap de proteção entre 30% e 50%. No Brasil, esse gap pode chegar a 90%”, disse o executivo.

Falcão explicou que o papel do seguro é proteger a sociedade de perdas econômicas, e quando existe capacidade de proteger essas despesas, a distância entre o que está protegido e o que se perde é o gap, o que resulta em uma sociedade desprotegida. Para ele, é necessário um trabalho em conjunto entre a CNseg, seguradoras, resseguradoras e órgãos reguladores para diminuir esta insuficiência.

Durante o bate-papo, o presidente do IRB(Re) falou também sobre práticas sustentáveis; como a companhia, em uma posição desafiadora, estuda os desafios e precifica os riscos; e mais. Para conferir o episódio completo, acesse o canal da CNseg no Youtube

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