Notícias | 14 de abril de 2025 | Fonte: CQCS l Ítalo Menezes

Katy Perry no espaço: há seguro para isso? Especialista responde

Reprodução:Billbord Brasil

Nesta segunda-feira (14), nos EUA, a cantora Katy Perry integrou a missão NS-31 da Blue Origin, marcando a primeira viagem espacial comercial composta exclusivamente por mulheres desde 1963. A bordo do foguete New Shepard, a tripulação, que incluía a jornalista Gayle King, a engenheira aeroespacial Aisha Bowe, a ativista Amanda Nguyen, a produtora Kerianne Flynn e Lauren Sánchez, experimentou cerca de três minutos de gravidade zero após cruzar a linha de Kármán, retornando com segurança à Terra após aproximadamente 11 minutos de voo. Em entrevista ao CQCS, o especialista em seguros, Samy Hazan, destacou as possibilidades da experiência ser contemplada por apólices disponíveis no mercado.

Mais do que uma exigência em alguns destinos internacionais, o seguro viagem oferece proteção fundamental contra imprevistos, incluindo problemas de saúde, acidentes e extravio de pertences. Em situações extremas, destaca-se a necessidade de repensar as coberturas existentes, impulsionando o desenvolvimento de novos modelos de apólice e exigindo das seguradoras um novo posicionamento diante das transformações do setor.

Em entrevista ao CQCS, o especialista em seguros Samy Hazan pontuou que a ida da cantora Katy Perry ao espaço levanta questionamentos inéditos para o Mercado de Seguros. Segundo ele, já existem apólices específicas voltadas para esse tipo de experiência, conhecidas como Personal Spaceflight Insurance (seguros espaciais pessoais). “Grandes seguradoras globais, como Allianz e AXA XL, oferecem coberturas altamente especializadas para viagens espaciais, incluindo riscos como acidentes durante o lançamento e retorno, falhas técnicas, exposição à radiação cósmica e complicações médicas decorrentes da microgravidade”, explicou Hazan. Ele reforça que, apesar de ainda ser um nicho em fase inicial, trata-se de um mercado com alto potencial de crescimento, especialmente à medida que o turismo espacial se torna mais acessível.

Segundo Hazan, embora um seguro viagem tradicional não cubra a experiência espacial em si, ele pode sim oferecer proteção para etapas anteriores da jornada, como os deslocamentos terrestres até a base de lançamento, estadia, assistência médica e eventuais cancelamentos antes do voo. “Essas coberturas são válidas desde que estejam claramente previstas na apólice e ocorram ainda em solo terrestre”, explica o especialista. Hazan ressalta, no entanto, que é fundamental definir com precisão, nos contratos, o ponto de transição entre a cobertura tradicional e os riscos espaciais, evitando interpretações ambíguas ou disputas legais no futuro.

Samy também lembra que há diferenças entre contratar um seguro para uma viagem internacional tradicional e para uma experiência fora da órbita terrestre. A começar pelas categorias de risco, já que uma viagem espacial envolve múltiplas fases, como lançamento, permanência em órbita ou subórbita e retorno, todas sujeitas a riscos extremos, como falhas de sistemas críticos e complicações médicas decorrentes da microgravidade. Outro ponto é a precificação e subscrição: apólices espaciais exigem análises técnicas altamente especializadas e utilização de dados fornecidos por especialistas aeroespaciais, o que torna o processo mais complexo e os custos consideravelmente mais elevados. Por fim, há o desafio da regulamentação internacional, uma vez que essas coberturas precisam estar em conformidade com normas e diretrizes de entidades como a FAA (EUA) e ESA (Europa), tornando o ambiente regulatório muito mais exigente do que o encontrado em seguros convencionais para viagens internacionais.

De acordo com o especialista, o avanço das viagens comerciais ao espaço representa uma mudança tecnológica que deve impactar o mercado de seguros. Segundo ele, as seguradoras precisarão rever a forma como avaliam, subscrevem e gerenciam riscos, adotando tecnologias como Inteligência Artificial, análise preditiva e sistemas de monitoramento em tempo real. Samy ressalta ainda que será importante estabelecer parcerias estratégicas com startups do setor aeroespacial, empresas de análise de dados e consultorias técnicas especializadas, a fim de adaptar os produtos às exigências desse novo cenário. “Estamos diante de uma transformação digital e tecnológica significativa que vai redesenhar a lógica do mercado segurador nos próximos anos”, afirma.

Para quem deseja embarcar em viagens não convencionais, Samy Hazan recomenda priorizar apólices com coberturas específicas para os riscos envolvidos na jornada e contratar apenas seguradoras reconhecidas pela expertise em gestão de riscos extraordinários. “É essencial definir com clareza quais etapas da viagem estão cobertas para evitar surpresas desagradáveis”, alerta. O mesmo também sugere que os viajantes aproveitem serviços adicionais, como consultorias médicas prévias, apoio psicológico especializado, monitoramento remoto e suporte técnico durante a experiência. Por fim, ele ressalta a importância de buscar orientação profissional antes de contratar qualquer seguro desse tipo, garantindo que a proteção esteja de fato alinhada às particularidades da aventura.

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