Já pensou em acionar o seguro pelo WhatsApp e receber a indenização em minutos? Ou ainda abastecer o carro com pontos acumulados por bom comportamento ao volante? O que antes parecia futurista já é realidade, como mostra reportagem publicada pelo Valor Econômico no dia 30 de junho. As insurtechs — startups focadas em inovação para o setor de seguros — estão redesenhando produtos e processos com soluções tecnológicas cada vez mais integradas à rotina de consumidores e corretores.
De acordo com o jornal, o cenário para essas empresas nunca foi tão promissor. Segundo o estudo Latam Insurtech Journey, apoiado pela MAPFRE, a América Latina soma 502 insurtechs, sendo 206 delas no Brasil. Um dos dados que mais chamam atenção: o índice de mortalidade dessas startups caiu de 12% para 7%, graças ao avanço de medidas como o sandbox regulatório e a atuação das MGAs — intermediárias que distribuem seguros em nome das seguradoras.
A matéria do Valor Econômico também destaca a retomada dos investimentos. Até maio de 2025, as insurtechs brasileiras já haviam recebido mais de R$ 350 milhões em aportes, mais do que o dobro dos R$ 139 milhões registrados em 2024. Agora, o foco está em empresas mais maduras, como Azos e Alice, que vêm apostando em produtos voltados tanto para clientes quanto para corretores.
A Azos, por exemplo, opera como MGA em parceria com a Excelsior Seguros e a Swiss Re, tem mais de nove mil corretores parceiros e ultrapassa R$ 60 bilhões em capital segurado. “Nossa meta é pagar o sinistro em até sete dias até o fim do ano”, afirmou o CEO Rafael Cló ao Valor Econômico.

Corretores no centro da transformação
A presença do corretor de seguros nesse novo ecossistema também foi abordada na reportagem. Empresas como a Pier, que começou com seguro de celular e depois migrou para automóvel, passaram a incluir corretores na operação em 2024. Hoje, 30% dos reembolsos de celular são pagos instantaneamente, segundo o jornal. A insurtech estima uma receita superior a R$ 200 milhões este ano.
Outro destaque mencionado pelo Valor Econômico é a 123 Seguros, que opera em países como Chile, Colômbia, México e Brasil. Além de atuar como comparadora de preços, a empresa criou uma plataforma que habilita terceiros a venderem seguros digitais de forma estruturada. A Prudential é uma das seguradoras que já adotaram a tecnologia no Brasil.
Já a 180 Seguros, criada para apoiar bancos na venda de seguros, aposta em vendas contextuais, integrando o seguro a outros serviços. Com R$ 220 milhões em investimentos captados e parcerias com empresas como Loft, Ailos e Loja do Mecânico, a expectativa é atingir R$ 450 milhões em receita até o fim do ano.
Foco em nichos e novas formas de distribuição
O Valor Econômico também reforça a importância dos nichos nesse mercado em expansão. A Justos, por exemplo, usa o comportamento do motorista para precificar o seguro auto. Com a ajuda de inteligência artificial, metade dos sinistros é resolvida em menos de quatro minutos — e tudo começa com um comando de voz no WhatsApp.
A 88i, voltada à economia compartilhada, registrou lucro pela primeira vez em 2024, operando com o modelo de cobertura “liga-desliga” para motoristas de app. A Bluecyber foca em seguros cibernéticos para pequenas e médias empresas, e a Fitinsur oferece soluções tecnológicas para seguradoras — já atendendo empresas como Texel e Metlife.
Outro case citado é o da Simple2You, seguradora digital criada pela MAG dentro do sandbox da Susep. A empresa oferece produtos pay-per-use para bicicletas, celulares e residências, com mais de 36 mil apólices emitidas em parceria com nomes como Pluxxe (ex-Sodexo) e Favela Holding, que atua com seguros voltados às comunidades.
Tendências que moldam o futuro do seguro
A matéria do Valor Econômico ainda aponta as principais apostas do setor nos próximos anos:
- Seguros embarcados (embedded), integrados às jornadas digitais de parceiros;
- IA como motor de decisão, com agentes virtuais operando de forma autônoma;
- Seguros de impacto social, voltados a públicos como motoristas de app e trabalhadores informais;
- Novos canais de venda, com uso de influenciadores, plataformas digitais e atuação estratégica de corretores.
“O interesse do mercado voltou com força. As seguradoras estão mais abertas a parcerias e o capital de risco está novamente disponível para quem entrega valor”, afirmou José Prado, presidente da Insurtech Brasil, ao Valor Econômico.