Um episódio recente ocorrido no Japão reacendeu o debate sobre a importância de contar com um seguro auto completo, especialmente no caso de veículos de alto valor. De acordo com informações do Estadão, no dia 16 de abril de 2025, o influenciador e produtor musical japonês Honkon, de 33 anos, viu seu sonho de uma década virar cinzas ao perder sua Ferrari 458 Spider, avaliada em cerca de US$ 300 mil (R$ 1,7 milhão), em um incêndio que ocorreu apenas uma hora após a retirada do carro da concessionária. O influenciador conseguiu sair ileso, mas a cena das chamas consumindo o supercarro rodou o mundo pelas redes sociais e veículos de imprensa, levantando uma pergunta inevitável: e se isso tivesse acontecido no Brasil?
Em entrevista ao CQCS, o advogado, corretor de seguros, diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros no Distrito Federal (Sincor-DF) e delegado representante da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) junto à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Dorival Alves, destacou que essa resposta passa, necessariamente, pela contratação de um seguro auto adequado. “Dificilmente um veículo desse porte sai da concessionária sem uma apólice de seguro. E, nesse tipo de situação, a cobertura compreensiva, popularmente conhecida como seguro total, daria respaldo integral ao proprietário”, afirma.
Segundo ele, a cobertura contra incêndio acidental, como o que atingiu a Ferrari de Honkon, está inclusa nas apólices compreensivas comercializadas no Brasil, seja como item da cobertura básica, seja como uma cláusula adicional. “O cliente estaria amparado contra perdas totais ou parciais causadas por fogo, explosão ou queda de raio. No caso de uma perda total, como essa, a indenização seria equivalente ao valor contratado na apólice”, explica Dorival.
Além disso, ele destaca que outros produtos costumam ser contratados em conjunto, especialmente quando se trata de veículos de luxo. “O Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos (RCF-V) é uma cobertura opcional que garante indenizações por danos causados a terceiros. Já o Seguro de Acidentes Pessoais de Passageiros (APP) oferece suporte ao motorista e ocupantes do carro em caso de acidente. Essas proteções garantem tranquilidade adicional ao segurado”, disse.
Dorival também ressalta o papel essencial do corretor de seguros nesse processo. “O corretor não apenas orienta o consumidor sobre as coberturas mais adequadas ao seu perfil e tipo de veículo, como também atua diretamente no suporte em caso de sinistro, ajudando na comunicação com a seguradora e garantindo que os direitos do cliente sejam preservados”, frisou.
O especialista observa ainda que o caso ocorrido no Japão levanta outra discussão importante: a responsabilidade do fabricante. “No Brasil, veículos 0 km têm garantia mínima obrigatória, geralmente de 12 meses, que pode incluir falhas mecânicas que resultem em danos ao bem. Se comprovada a origem do incêndio por falha de fabricação, a montadora pode ser responsabilizada civilmente. Contudo, o seguro seria acionado para reparar o dano de imediato — e depois, eventualmente, a seguradora buscaria ressarcimento junto à montadora”, afirmou
Por fim, Dorival lembra que imprevistos como esse não são exclusividade de carros importados. “Todo proprietário de veículo, independentemente do valor do automóvel, está sujeito a riscos. O seguro é o principal instrumento de proteção patrimonial, e sua contratação não deve ser vista como custo, mas como investimento em segurança”, concluiu.
Ainda segundo informações do Estadão, embora as causas do incêndio ocorrido no Japão ainda estejam sendo investigadas, especialistas sugerem que uma falha mecânica pode ter sido responsável. Como é comum em veículos 0 km, é provável que o veículo estivesse dentro do período de garantia do fabricante, que geralmente cobre problemas relacionados a defeitos de fabricação. Ainda assim, o caso levantou questionamentos sobre a responsabilidade de grandes montadoras e a necessidade de um suporte pós-venda eficaz.