Entidade atua com vários trabalhos com o objetivo de mensurar a fraude nas operações de seguro.
Para isso, busca parceria com órgãos públicos
A Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização (Fenaseg), que há 54 anos coordena, protege e representa legalmente as categorias econômicas do seguro privado e de capitalização, atua fortemente no combate à fraude e no roubo e furto de veículos. Dentre os vários projetos realizados pela entidade está o de prevenção e redução das fraudes em seguro.
No Brasil, estima-se que as fraudes sejam equivalentes entre 10% e 15% das indenizações pagas a segurados. Defronte esse crescente dado, em 2002, a diretoria da Fenaseg decidiu implementar o Plano Integrado de Prevenção e Redução da Fraude em Seguros, o qual contém 33 ações. `O objetivo é oferecer ao mercado ações de amplitude institucional para proteção das operações e dos contratos de seguro. A idéia é que os benefícios esperados alcancem, não apenas as empresas de seguros mas, principalmente, os bons segurados, pela redução dos custos da fraude no preço do seguro`, explica o diretor de Automóvel e Assuntos Institucionais da Fenaseg, Ricardo Xavier.
O Plano Integrado permite às empresas do setor comparar informações e melhor combater a fraude, sendo composto por ações diversificadas, abrangendo áreas como gestão da informação, prevenção e comunicação, investigação, além de ações institucionais que gradativamente vêm sendo colocadas em prática. `Várias frentes de atuação já estão em funcionamento. Uma delas é a implantação do Disque Fraude em Seguros, cuja operação já nos traz resultados no Rio de Janeiro e em São Paulo`, diz Ricardo Xavier.
Segundo o diretor, em atuação desde julho de 2004, o Mov Rio (Movimento rio de Combate ao Crime) já recebeu 114 denúncias e, em São Paulo, com o convênio realizado com o Instituto São Paulo contra a violência, foram recebidas 17 denúncias.
Projeto avança
Segundo o diretor da Fenaseg, os resultados obtidos nos estados citados, possibilitou a assinatura, em julho, de um convênio para os serviços em Pernambuco, que já contabiliza seis denúncias. Além disso, a implantação do sistema está sendo negociada nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás.
`Esses convênios nos permitem a parceria com os serviços de Disque-Denúncia local, o que torna fácil o acesso da população para colaborar com a elucidação de diversos casos de fraude`, acrescenta o diretor da Fenaseg, que também estuda o aperfeiçoamento dos textos legais para sugerir mais rigor na punição dos fraudadores.
Com o objetivo de oferecer ao mercado uma operação concreta de indicadores representativos dos valores da fraude em seguros, a Federação lançou em 2004, o SQF ? Sistema de Quantificação da Fraude. Segundo Ricardo Xavier, por intermédio desse trabalho são coletadas junto às seguradoras diversas informações referentes à fraude contra o seguro, `tais como, quantidade e valor de sinistros suspeitos, investigados, fraudes apuradas, dentre outros`, exemplifica.
Após a coleta, os dados são processados e geram indicadores básicos consolidados, representando os índices de Fraude Comprovada, Fraude Apurada e Suspeita de Fraude, em todos os ramos. `Esses dados consolidados são divulgados ao mercado de seguros através de um relatório final de resultados, de um prospecto de Consulta Rápida e também disponibilizados, por via eletrônica, para acesso público no site da Fenaseg`.
Composto por ciclos, inicialmente o SQF abrangeu o período de 2001 ao primeiro trimestre de 2004 para os sinistros dos ramos de Automóvel, Vida e DPVAT. Nesse período, segundo a entidade, os dados revelam prejuízos da ordem de R$ 1,4 bilhão, representando 9% do total de sinistros nas carteiras pesquisadas.
`Em junho último, lançamos o 2º ciclo de coleta de dados, agora abrangendo todos os ramos de seguro`, declara o diretor da instituição, que adianta que o próximo passo será a consolidação dos números cuja divulgação está prevista para outubro desse ano.
Ainda para 2005, a Fenaseg planeja mais ações como o fortalecimento de compartilhamento de dados para aumentar o sucesso de detecção e comprovação de fraudes; seminários executivos e palestras de sensibilização sobre o tema prevenção e redução das fraudes em seguros; e ênfase na comunicação em vários meios de mídia sobre o tema.
Box 2: Evasão de carros é registrada
Câmeras do Projeto Fronteiras identificaram 4.326 ocorrências de carros roubados e 863 veículos suspeitos de fraude. Banco de dados da entidade possui mais de 6 milhões de registros de carros evadidos. A expectativa é a de que o Fronteiras gere uma redução no volume de veículos roubados no país.
Em junho de 2004, a entidade celebrou convênio com o Ministério da Justiça e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) visando colocar em prática o Projeto Fronteiras (Sinivem ? Sistema Nacional de Identificação de Veículos em Movimento) e Simov (Sistemas de Identificação de Modelos em Movimento).
Denominado Fronteiras, o trabalho objetiva o maior controle e acompanhamento dos veículos que transitam nas áreas fronteiriças do País registrando, por meio de câmeras de alta resolução, a movimentação de veículos, com a finalidade de identificar os roubados ou furtados e investigar sinistros.
`O principal objetivo do convênio é colocar à disposição da SENASP e de todos os órgãos públicos que mantenham convênio com a mesma, a base de dados do Projeto Fronteiras e os equipamentos que permitem a leitura das placas dos veículos, identificando aqueles que figuram no cadastro do Denatran como roubados ou furtados`, explica Ricardo Xavier sobre o trabalho renovado em 2005.
O projeto contabiliza um investimento de R$ 3 milhões e, segundo o diretor da Fenaseg, até dezembro o valor deverá atingir R$ 5 milhões.
As estatísticas do Fronteiras revelam dados alarmantes. As câmeras do Projeto já identificaram 4.326 ocorrências de carros roubados e 863 veículos suspeitos de fraude. `O banco de dados acumula mais de 6 milhões de imagens/registros correspondentes a cerca de 1,5 milhão de veículos`, informa.
Atualmente, o equipamento opera em seis pontos estratégicos. As informações são disponibilizadas em tempo real, possibilitando a obtenção de dados e fotografias do trânsito de veículos nas fronteiras e, ainda, uma melhor infra-estrutura de trabalho na fiscalização dos automóveis que se encontram em situação irregular. Caso a placa do veículo, captada por uma das câmeras, apresente alguma irregularidade, o posto mais próximo da Polícia Rodoviária Federal e ou da Polícia Federal é acionado imediatamente. Dessa forma, a expectativa é a de que o Fronteiras gere uma redução no volume de veículos roubados no Brasil e levados para outros países como Bolívia e Paraguai.
Box 1: Pátio Legal recebe cerca de 40 veículos/dia
Agilizar a devolução em casos de veículos recuperado é o objetivo do mais recente trabalho da entidade, o Pátio Legal, lançado em 04 de julho de 2005. Resultado de um convênio firmado entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, o Detran, a Fenaseg e o Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro, o Pátio tem como finalidade abrigar veículos roubados e furtados que forem recuperados pela polícia.
`Já recebemos mais de 1.000 veículos, o que representa uma média de 40 veículos por dia`, conta o diretor de automóvel da Fenaseg, há pouco mais de um mês do início da operação Pátio, que tem capacidade para 1.500 automóveis.
O Pátio Legal possui 20 mil metros quadrados e está localizado no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. `O governador Geraldo Alckmin recentemente tomou conhecimento do projeto e manifestou interesse em realizar essa iniciativa em São Paulo`, diz o diretor da Fenaseg.
Outro trabalho ostensivo mantido pela entidade é o de regulamentação da atividade de desmanche no Brasil como meio de minimizar roubo e fraude. Nesse sentido, a Fenaseg apresentou na CPI do Desmanche um dôssie sobre a problemática do roubo de veículos no Brasil.
Conforme Ricardo Xavier, o documento apresentava a experiência da Argentina que, através de uma Lei editada em junho de 2003, regulamentou a atividade de desmanche de veículos e peças usadas. `Os efeitos dessa Lei foram imediatos, com a redução pela metade do roubo e furto de veículos naquele país. A Fenaseg encaminhou uma cópia da Lei à CPI e sugeriu que fosse elaborado um projeto de Lei nos mesmos moldes da legislação argentina`, relata.