Notícias | 28 de janeiro de 2022 | Fonte: Revista Apólice

Entenda a gangorra de preços sofrida pelo seguro auto

Com grandes transformações no setor de automóveis e já experimentando um retorno gradativo das atividades, os preços dos seguros oscilam nos últimos meses

Atualmente, o seguro auto é a modalidade com maior penetração dentre as opções oferecidas pelo setor. Porém, nos últimos dois anos, algumas mudanças afetaram consideravelmente a precificação desse produto. Acontecimentos como o lockdown e outras medidas de isolamento social, nos primeiros momentos da pandemia da Covid-19, forçaram as pessoas a deixarem seus carros na garagem, e ainda acabaram gerando algumas reflexões: “Por que continuo pagando o seguro do meu carro?” ou “Por que o valor do meu seguro está tão alto?”. Assim, muitas vezes, famílias que tinham dois ou mais carros, decidiram por abrir mão de um dos veículos pela falta de uso.

Odete Queirós

A redução drástica de automóveis em circulação resultou na diminuição da sinistralidade. Menos carro na rua significava menor índice de roubos, furtos e colisões. Com tudo isso acontecendo, no segundo semestre de 2020, uma queda nas contratações de seguro auto começou a ser percebida. A partir de março de 2021, outra mudança acometeu o mercado: a alta nos preços dos veículos usados, algo que não acontecia nos últimos 15 anos. Essa valorização, em torno de 20% a 30%, ocorreu por algumas razões:

– Escassez de insumos utilizados na produção de novos veículos, principalmente condutores e semicondutores, que também integram a fabricação de outros componentes elétricos de alguns produtos com vendas aquecidas pelo cenário pandêmico, como respiradores;

– Diminuição da oferta de veículos novos, não somente pela falta de matéria-prima nas plantas industriais, mas pela redução da mão de obra, devido ao isolamento social obrigatório.

Sendo assim, além do aumento nas vendas de usados, registrou-se também um crescimento na procura por serviços de manutenção, pois tem sido mais compensatório para o consumidor continuar com o próprio carro do que adquirir um novo ou mesmo seminovo.

A partir dessas grandes transformações no setor e já experimentando um retorno gradativo das atividades do país, estamos vendo os preços dos seguros oscilarem nos últimos meses, por quê?

Dois fatores principais são responsáveis pela gangorra de preços do seguro auto

1. As indenizações são calculadas pelas seguradoras com base no valor de mercado do veículo. Com a alta dos preços dos carros, os seguros consequentemente ficaram mais caros, tanto na contratação como na renovação. Exemplo: um veículo que custava R$ 50.000, com uma taxa de 5%, tinha um prêmio de R$ 2.500. Atualmente, o mesmo carro passou a custar R$ 62.500 (acréscimo de 25%) e, mantendo a taxa de 5%, o valor do prêmio será de R$ 3.125.

2. O sinistro médio alavancou nos últimos meses com o retorno das atividades, mesmo que ainda de forma gradativa. A taxa de sinistralidade estava baixa, visto que a circulação de carros era menor com as pessoas trabalhando e permanecendo isoladas em casa. Essa descompensação entre o valor do prêmio contratado na apólice e o preço atual dos carros está sendo ajustada agora.

De qualquer maneira, o consumidor precisa entender que mesmo não havendo uma volta integral das atividades, já existe uma exposição maior do veículo e a necessidade de mantê-lo segurado.

* Por Odete Queirós, superintendente de Consumer na Marsh Brasil

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