A tecnologia provoca uma mudança do comportamento do Corretor de Seguros e, obviamente, da seguradora também. Acho que a inteligência artificial vai facilitar sobremaneira a oferta de seguros. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho de Administração da MAG Seguros, Nilton Molina, ao participar, nesta terça-feira (27), do painel especial “Seguro para tudo e para todos: a proteção como pilar de resiliência em tempos de transformação”, durante a Conseguro, realizada em São Paulo, ao lado dos presidentes do Conselho de Administração do Banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco; e do Conselho diretor da CNseg, Roberto Santos. Segundo Molina, o Corretor nunca será substituído pela tecnologia, mas “talvez tenha que mudar de postura”.
Ele disse anda que a linguagem adotada pelo mercado de seguros “é absolutamente antiga” e precisa ser revista e de uma nova construção.
Fez ainda um alerta sobre os possíveis efeitos da progressiva mudança no que chamou de “pacto intergeracional”, especialmente sobre os seguros de vida e planos de previdência privada. “Antigamente, um monte de crianças se transformava em um mundo de população econômica para sustentar um montinho de velhos. Todos os processos de seguro social do mundo, inclusive de saúde, se sustentavam nesse pacto intergeneracional. Hoje, há poucas crianças. Essa disrupção, essa quebra do pacto intergeracional, vai mudar absolutamente a nossa vida”, projetou.
Por sua vez, Luiz Carlos Trabuco frisou que o mundo do seguro está diretamente ligado aos desafios humanos e passa, agora, por um processo de transição tecnológica, que não vai eliminar o protagonismo da humanidade e os seus riscos. “A função formidável do seguro é a administração de riscos. Os riscos estão presentes e vão continuar. A nossa função social é mitigar esses riscos envolvidos”, pontuou.
Para ele, o mercado de seguros é uma “indústria emergente” e será uma das mais preponderantes do século XXI, porque os riscos ambientais e os riscos das tragédias climáticas, por exemplo, exigem um nível elevado de proteção. “A base da indústria do seguro é um por todos e todos por um tudo. É a riqueza do processo de repartição que, no fundo, é um solidarismo cristão, em que todos pagam o risco de alguém”, acentuou.
Trabuco enfatizou ainda que tem um compromisso de amor com o seguro. “O seguro deixa a pessoa feliz o ano todo. Quando cumpre a função social, ele, na verdade, está criando um amor entre pessoas, entre acidentes e desastres. Quer dizer, a humanidade não vai deixar de ter. Independente da revolução tecnológica”, ressaltou.
Já Roberto Santos destacou que um dos grandes desafios do mercado de seguros no Brasil é o poder aquisitivo da população. Ele admitiu que no cenário econômico atual é difícil a população ter acesso ao seguro. Mas, ainda assim, vê boas chances de o mercado continuar crescendo, especialmente através de criação de produtos. “Eu acho que tem espaço para criação de produtos aqui, mas, de fato, organicamente, a gente não tem conseguido ter sucesso”, frisou.