Notícias | 9 de julho de 2025 | Fonte: CQCS l Manuella Cavalcanti

Clima interrompe jogos na Copa do Mundo de Clubes e reforça trabalho de prevenção de riscos das seguradoras

Dos mais de 50 jogos disputados na Copa do Mundo de Clubes, realizada nos Estados Unidos, seis partidas foram afetadas por paralisações, provenientes do ‘alerta de clima severo’. Essas interrupções, que antes eram esporádicas, têm se tornado cada vez mais frequentes, afetando a rotina de cidades, empresas e pessoas. Dessa forma, as seguradoras vêm investindo em tecnologia, modelagem preditiva e coberturas específicas para lidar com este novo cenário e para reduzir danos e mitigar perdas.

Apoiando a Casa do Seguro na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a AXA no Brasil é uma das companhias que investe em ferramentas de modelagem climática e predição de riscos, sendo estratégia global e local. “Utilizamos modelos preditivos baseados em inteligência artificial e dados climáticos para antecipar eventos extremos, como enchentes e tempestades, o que nos permite atuar proativamente — seja ajustando coberturas, orientando clientes em áreas de maior exposição ou estruturando planos de resposta mais eficazes”, explica Arthur Mitke, vice-presidente de Sinistros e Subscrição da AXA no Brasil. Ainda de acordo com ele, a companhia também aplica os modelos para analisar carteiras e desenvolver produtos mais resilientes, conectando inovação tecnológica ao compromisso de proteger pessoas e negócios.

O desenvolvimento de soluções considerando a modelagem climática e análise preditiva de riscos, com foco nas particularidades do território brasileiro, também é destaque na Zurich Seguros, uma das companhias referência na pauta ESG. Quanto a isso, a seguradora conta com o Serviço de Resiliência Climática, criado para oferecer às empresas uma visão estruturada e prospectiva sobre sua exposição a riscos climáticos, com base em dados científicos, projeções até o fim do século e metodologias alinhadas às melhores práticas de engenharia de riscos.

José Bailone, diretor executivo de Seguros Corporativos da Zurich Seguros, conta que a ferramenta mapeia, com precisão geográfica, a exposição de ativos e operações a eventos, como chuvas, alagamentos, queimadas e vendavais. “As projeções são organizadas em blocos de 5 anos até 2100, o que proporciona uma base sólida para decisões de médio e longo prazo — indo além das abordagens que se limitam ao histórico climático. Combinamos décadas de dados internos de engenharia de riscos com bases externas qualificadas, incluindo informações meteorológicas, hidrológicas e socioambientais. Isso nos permite oferecer diagnósticos técnicos sob medida”, informa.

Também comprometida com as pautas sustentáveis, a Allianz Seguros vem adotando uma abordagem preditiva e regionalizada, fazendo análises prévias de seleção de risco em áreas historicamente expostas a eventos climáticos. Nesse sentido, Maurício Masferrer, diretor executivo de Negócios Corporativos da Allianz Seguros e Managing Director da Allianz Commercial Brasil, explica que essa prática fortalece a sustentabilidade técnica da carteira e apoia decisões mais assertivas em termos de cobertura, aceitação e precificação.

Em relação ao cliente, o executivo da Allianz destaca que as ferramentas de modelagem climática e predição de riscos têm impacto direto na experiência e na proteção. “Isso permite que o segurado receba uma oferta de seguro mais aderente à sua realidade, com coberturas específicas, preços ajustados ao risco real e orientações sobre como reduzir a exposição a perdas”, explica.

Ainda de acordo com Masferrer, com o aumento dos sinistros relacionados a eventos climáticos extremos, o papel das seguradoras, para além da indenização, fica ainda mais evidente. “Temos a responsabilidade de atuar de forma proativa na prevenção, na adaptação ao risco e na transição para uma economia mais resiliente”, pontua. “Por isso, temos investido fortemente em inteligência de dados, modelagem climática e inovação em produtos – como seguros de produtividade/custeio, danos diretos na planta e produtividade por faixa –, além de soluções que incentivam práticas sustentáveis em diversos setores”, completa.

A integração de dados climáticos está presente em diversos processos no mercado securitário, desde a análise preditiva até a precificação dos produtos e soluções disponíveis. Na AXA no Brasil, a análise de dados climáticos têm desempenhado um papel cada vez mais estratégico, especialmente no que tange aos ramos agrícola e patrimonial. Mitke comenta que a companhia lançou, recentemente, o Seguro Agrícola, o qual o processo de subscrição incorpora tecnologia para uma análise criteriosa dos riscos, baseada em dados oficiais e validações automatizadas. “São utilizados indicadores como trabalho escravo, proximidade de comunidades quilombolas, embargos do ICMBio e IBAMA”, explica.

Quanto aos seguros patrimoniais, a AXA no Brasil conta com o Power Gen, um produto voltado para energias renováveis. “Revisamos cláusulas, incluímos a limpeza e a cobertura de placas solares e ajustamos valores e prêmios conforme os riscos reais identificados”, completa.

Masferrer, por sua vez, destaca que a Allianz realiza um acompanhamento das localidades de maior exposição climática a eventos como granizo, seca, geadas ou enchentes. “Mantemos um sistema contínuo de monitoramento climático e controle de acúmulos, com análises e previsões sobre as condições meteorológicas em todo o território nacional, com base em dados fornecidos por consultorias externas”, conta.

Oportunidades para corretores

O desenvolvimento de soluções securitárias que cobrem riscos e danos climáticos representa uma oportunidade concreta para os corretores de seguros. Bailone destaca que, além da expansão do portfólio, o aumento dos eventos climáticos também traz uma nova responsabilidade para os parceiros comerciais, que passam a exercer um papel mais estratégico na orientação preventiva dos clientes. “Esse novo cenário demanda uma atuação mais consultiva, voltada à compreensão dos riscos emergentes e à construção de soluções adequadas à realidade de cada segurado”, comenta.

Nesse contexto, a ocorrência de eventos climáticos mais severos ressalta a relevância do setor securitário para a sociedade. Masferrer acredita que o mercado tem muito a contribuir no gerenciamento e na transferência de riscos e aponta caminhos para expansão dos negócios. “Como proteção para infraestrutura crítica, agricultura e energia limpa. Os corretores desempenham um papel essencial como consultores estratégicos dos clientes, ajudando-os a compreender riscos emergentes e a se prepararem melhor para o futuro”, pontua Masferrer.

A valorização do papel consultivo também é destacada por Mitke, da AXA no Brasil. Segundo ele, “o corretor passa a atuar não apenas como vendedor, mas como consultor de risco — alguém que orienta o cliente sobre como se proteger melhor diante de um cenário climático mais imprevisível. Isso valoriza a atuação consultiva e abre caminhos para fidelização e venda cruzada”.

Em um momento em que as mudanças climáticas deixam de ser exceção e passam a impactar diretamente bens, serviços, patrimônios, operações e vidas, a combinação de análise preditiva, inovação em produtos e uso de tecnologia torna-se essencial para o setor securitário. Ao mesmo tempo, cria espaço para que os corretores assumam um papel cada vez mais estratégico, indo além da simples intermediação e atuando como verdadeiros consultores de riscos. Com isso, mais do que garantir indenizações, a proteção securitária se fortalece como ferramenta de resiliência, sustentabilidade e apoio para empresas e pessoas enfrentarem um futuro cada vez mais desafiador.

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