Fonte – Luiz Azenha, no site www.viomundo.com
O advogado Rogério Buratti disse em entrevista por telefone, ao repórter Luiz Malavolta, da TV Globo, que a seguradora Interbrazil usou o nome de Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, para mostrar prestígio e fechar um negócio.
A Interbrazil faliu em agosto de 2005.
A pequena seguradora tornou-se um fenômeno de mercado depois que o presidente Lula tomou posse, em 2002.
Então dirigida por Maurício Paneque, Bruno Prada e André Marques da Silva, a seguradora experimentou um crescimento espetacular.
No início de 2002, firmou contrato para segurar as usinas nucleares de Angra I e II, por exemplo.
Depois que a Interbrazil sofreu intervenção, passei a integrar uma equipe da TV Globo que investigou os negócios da empresa.
Quando quebrou, a Interbrazil era dirigida por André Marques da Silva.
Em entrevista ao Jornal Nacional, ele afirmou que tinha bom relacionamento com Adhemar Palocci, o irmão mais velho do ministro da Fazenda, que hoje ocupa uma diretoria estratégica da Eletronorte.
André disse ter tido pelo menos três encontros com Adhemar, em Brasília, em abril, maio e junho de 2005.
Antes de assumir o cargo federal, Adhemar serviu ao prefeito petista de Goiânia, Pedro Wilson, de 2000 a 2004.
André nasceu e tem família e negócios em Goiânia.
Ele confirmou ter ajudado, “com material”, a campanha de Pedro Wilson à reeleição, coordenada por Adhemar Palocci.
A reunião testemunhada por Rogério Buratti aconteceu na sede da empresa Triângulo do Sol, em São Paulo.
Ela é concessionária de 442 quilômetros de estradas no interior de São Paulo, nas regiões de Araraquara, São Carlos, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto.
A concessionária tem como acionistas os grupos Leão&Leão e Somague – este de Portugal.
Buratti na época integrava o conselho de administração da Leão&Leão.
A Interbrazil tentava se tornar a seguradora da Triângulo do Sol.
Segundo Buratti, por causa do preço baixo oferecido pela seguradora, o presidente da Leão&Leão “tomou o cuidado de levar o assunto ao conselho para o conselho aprovar”.
Segundo Buratti, ao se apresentar aos dirigentes da Triângulo do Sol, André Marques “chegou a mencionar, como ele era de Goiânia, que trabalhava para o irmão do ministro”.
Buratti acredita que André Marques fez a menção a Adhemar Palocci porque a Leão&Leão tinha feito negócios com o irmão dele, o ministro Antonio Palocci, quando ele ainda era prefeito de Ribeirão Preto.
Quando o escândalo do mensalão estourou, Buratti acusou o ministro da Fazenda de receber uma contribuição de 50 mil reais mensais da Leão&Leão para o caixa dois do PT.
A caixinha teria sido dada quando o PT se preparava para disputar a presidência da República.
“Entre os clientes que ele citou, para se apresentar melhor, ele usou que trabalhava com o secretário da Fazenda de Goiânia, que na época era Adhemar Palocci”, afirmou Buratti.
A Interbrazil ganhou o contrato da Triângulo do Sol.
Como o valor da garantia era muito maior que o capital da seguradora, a Interbrazil seria obrigada a fazer o resseguro – o seguro do seguro.
No Brasil, o monopólio para esse tipo de operação é do Instituto de Resseguros do Brasil, o IRB.
Segundo Buratti, os conselheiros da Leão&Leão estavam preocupados.
Temiam que a Interbrazil tivesse dificuldades para fazer o resseguro.
“Ele mencionava que o resseguro era uma situação relativamente tranqüila, em função da empresa dele e também que era uma pessoa que tinha relacionamentos importantes”, disse Buratti a respeito de André Marques.
Meses depois de fechar o contrato, a Interbrazil foi acusada pelo IRB de forjar os documentos de resseguro.
A falsificação teria incluído um carimbo e uma assinatura em nome de uma empresa resseguradora da Espanha.
André Marques nega a falsificação.
Buratti disse que a Leão&Leão cancelou a apólice e procurou outra seguradora.
O dono da Interbrazil, em depoimento à CPI dos Correios, voltou atrás em relação ao que havia gravado para o Jornal Nacional.
Disse a deputados e senadores que o relacionamento dele com Adhemar Palocci era formal e restrito a encontros que os dois tiveram na Prefeitura de Goiânia.
A entrevista de Rogério Buratti é mais um indício de que André e Adhemar não eram apenas conhecidos, como o dono da seguradora falida agora quer fazer crer.
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