Brasil e Argentina ampliam parceria no setor automotivo
Foi publicado no Diário Oficial da União na última terça-feira (17) o decreto que amplia o acordo automotivo entre Brasil e Argentina. A medida flexibiliza o acesso ao mercado para veículos como ônibus, vans e caminhões com peso de até 5 toneladas entre os dois países. O novo texto também elimina as tarifas de importação para autopeças que não tenham produção nacional. No entanto, para usufruírem desse benefício, as empresas deverão investir 2% do valor importado em pesquisa, inovação ou programas considerados prioritários para o setor automotivo – estimulando a criação de iniciativas modernas e uma maior competitividade. De acordo com o vice-presidente em exercício, Geraldo Alckmin, esse aprimoramento do acordo facilita o comércio bilateral, reduz despesas e fortalece a indústria automotiva nacional. Ele também lembrou a relevância do setor para o país: “O setor automotivo brasileiro ocupa hoje a 8ª posição do ranking mundial na produção de veículos e gera mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. No ano passado, teve crescimento de 14,1% nas vendas”, salientou.
Redução de preços pode renovar frota e ampliar base segurada
Como refletido por Alckmin, a eliminação das tarifas contribui para a redução do preço médio dos veículos, provocando a renovação da frota e o aumento do volume de seguros automotivos. O setor de seguros deve se preparar para atender a esse público investindo em tecnologia para análise de dados e customização de ofertas que otimizem a relação custo-benefício. A integração regional também favorece a cooperação entre seguradoras brasileiras e argentinas para o desenvolvimento de produtos compartilhados, alinhando as coberturas às realidades e regulamentações brasileiras e argentinas, e potencializando a inovação conjunta no setor.
Inovação tecnológica no segmento de automóveis
A decisão entre Brasil e Argentina facilita o acesso a componentes utilizados para a montagem de veículos, incluindo os que contêm tecnologias avançadas, como sistemas de segurança ativa e conectividade embarcada. Esse movimento abre espaço para o lançamento de veículos mais tecnológicos. Uma pesquisa da Infor revelou que quase 90% dos executivos do setor automotivo pretendem ampliar os aportes tecnológicos, com projeção de crescimento de 20% nos investimentos em até cinco anos. Segundo James Barroso, diretor da Infor, o setor passa por transformações profundas, impulsionadas pela chegada dos veículos semi autônomos, metas de descarbonização e pela necessidade de manter a rentabilidade em um cenário competitivo — o que exige inovação contínua em processos produtivos e de gestão.
Novos perfis de veículos e benefícios dos acordos comerciais
Essa medida não apenas deve estimular a modernização das cadeias produtivas e o lançamento de novos veículos, como implica na necessidade de atualizar os modelos de precificação de riscos. Veículos mais conectados e eletrificados apresentam perfis distintos de riscos, com potencial redução em sinistros relacionados a colisões, graças a sistemas como frenagem automática e alerta de ponto cego. Com a oferta ampliada de modelos importados com melhor custo-benefício, crescerá a demanda por seguros customizados, adequados à nova necessidade. Por esse motivo, acordos comerciais, como o proposto pelo Mercosul-União Europeia, podem elevar a relevância dos seguros para veículos mais modernos e a proteção contra riscos, reduzindo barreiras e ampliando oportunidades. Essa tendência pode se intensificar com a redução das tarifas e o aumento da inovação impulsionada pelo acordo Brasil-Argentina.
Alavanca para a evolução dos produtos no seguro auto
A crescente competitividade da indústria automotiva, impulsionada pela ampliação do acordo entre Brasil e Argentina, pode atrair novos players para o mercado de seguros e estabelecer um ambiente mais propício à inovação tecnológica. Considerando isso, as seguradoras podem aproveitar para ampliar a diversificação de produtos e adaptar os modelos de risco – especialmente as insurtechs com foco em tecnologia embarcada e serviços digitais. Em um setor automotivo cada vez mais moderno e conectado, ganham espaço as seguradoras capazes de unir conhecimento técnico, inteligência de dados e personalização de oferta. Nesse sentido, a isenção de tarifas para autopeças deve ser vista como uma oportunidade para repensar modelos de negócio, fortalecer parcerias e antecipar tendências no seguro auto.