Os temores no mercado de que a American international Group (AIG) possa anunciar grandes baixas contábeis adicionais intensificaram-se depois de a seguradora revelar que levantará cerca de US$ 20 bilhões em capital novo, 60% a mais do que o planejado originalmente, para proteger seu balanço patrimonial.
Martin Sullivan, executivo chefe da AIG, afirmou que o grupo de seguros levantou pelo menos US$ 13,5 bilhões nos últimos dias por meio da venda de ações ordinárias e papéis atrelados a ações. A problemática seguradora agora está vendendo papéis híbridos, em dólar, euro e libras esterlinas, com os quais levantarão equivalente a mais US$ 6,5 bilhões.
Em conferência do Lehman Brothers, em Londres, Sullivan afirmou que o capital adicional deixará a AIG “bem posicionada para qualquer continuidade na volatilidade dos mercados de crédito”. Analistas avaliaram que isso sugere a possibilidade de mais baixas contábeis. As ações da AIG fecharam em baixa de 2,1%, cotadas a US$ 38,12.
Na semana passada, a AIG divulgou prejuízo líquido de US$ 7,8 bilhões, com baixa contábil de US$ 9,1 bilhões relativa a seus swaps de crédito, contratos de derivativos para proteção contra calotes, e de US$ 6,1 bilhões, ligada a papéis atrelados a hipotecas. O anúncio elevou as baixas totais da seguradora a US$ 32 bilhões, abaixo apenas do Citigroup e do UBS em termos de encargos totais com a crise de crédito. As baixas contábeis e perdas colocam pressão significativa sobre Sullivan, embora ele tenha até agora conseguido manter o apoio do conselho de administração da AIG. Alguns analistas e acionistas menores dizem que outro trimestre de grandes prejuízos poderia obrigar o conselho a substituir Sullivan, que assumiu o cargo de Hank Greenberg, executivo-chefe da empresa durante vários anos, em 2005, na esteira de um escândalo contábil.
Hank Greenberg, que continua sendo o maior acionista da AIG, com participação de 12%, aprofundou as criticas à empresa nos últimos dias. Após o anúncio do prejuízo no primeiro trimestre, o segundo consecutivo da AIG, a seguradora havia informado que levantaria US$ 12,5 bilhões para reforçar seu balanço patrimonial.
O anúncio do aumento de capital não impediu a Standard & Poor’s de rebaixar a classificação de crédito da AIG em uma nota, de “AA” para “AA-“, o que levou analistas a sugerirem que mais capital seria necessário. Além das perdas nos mercados de crédito, a AIG sofre com o declínio em alguns de seus principais negócios. A “taxa combinada” de suas operações de seguros de propriedades e contra acidentes, que mede os pagamentos feitos pela empresa em relação aos recebidos, cresceu para 96,9% no primeiro trimestre, em relação aos 87,5% do mesmo período do ano passado.