Notícias | 10 de março de 2025 | Fonte: O Globo

Alta de roubos encarece seguro de carros em 30% em Niterói

Os valores de seguros de automóveis em Niterói tiveram alta significativa em 2024, acompanhando o crescimento de 73% no roubo de veículos na cidade ao longo do ano passado. Embora não seja possível atrelar o aumento apenas ao crime, um especialista ouvido pelo GLOBO-Niterói relatou que os assaltos foram o motivo principal para a alta.

— No estado do Rio houve um aumento significativo devido à questão da segurança. O maior fator de aumento é realmente o grande índice de roubo de veículos em nosso estado — explica o corretor de seguros Synval Vieira Filho, da Marlim Consultoria e Corretora Seguros.

Em 2024, houve 338 roubos de veículos em Niterói. Superando os 195 do acumulados do ano anterior, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). 

Vieira levantou dados que comparam valores de apólices de cinco veículos segurados por ele, nos anos de 2023 e 2024. São carros de Icaraí, Barreto, São Francisco e Itaipu. 

A maior alta percentual registrada por Vieira foi a de um Renault Captur, modelo 2019/2020, de uma moradora de 44 anos, de Icaraí, na Zona Sul, com garagem. O custo do seguro saltou de R$ 2.197,59, em 2023, para R$ 2.773,49, em 2024, uma alta de 32,24% em 12 meses. Outro caso foi o de um BMW X1 2017, de Itaipu, na Região Oceânica, cujo dono é um homem de 70 anos, com garagem: o valor passou de R$ 5.548,67 para R$ 6.992,75, crescimento de 26,02%. 

No Barreto, na Zona Norte, um Fiat Siena, modelo 2012/2013, de uma moradora de 51 anos, com garagem, passou de R$ 2.098,31 para R$ 2.423,73 no mesmo período. Na área de Cobertura Integrada de Segurança Pública (Cisp), que abrange, entre outros bairros, o próprio Barreto, houve a maior alta absoluta no roubo de veículos, que saltou de 106 para 153 casos. 

Já a área do Cisp que abrange os bairros de Santa Rosa, Icaraí, Vital Brazil, Pé Pequeno, Viradouro e Cubango teve a maior alta percentual de roubos de automóveis: 240%, um crescimento de dez para 34 roubos de veículos entre 2023 e 2024, fator importante para o preço do seguro do Renault de Icaraí, por exemplo. 

Morador do bairro, o professor Paulo Pereira, de 42 anos, também ficou incomodado com o aumento no valor do seguro do carro de um ano para o outro e optou por não ter proteção contra colisões, para baixar o preço. Ele acabou de renovar a apólice.

— Acho caro. Acabo optando pelo seguro contra roubo, furto e incêndio e me arrisco na questão da colisão — diz. 

A bancária Mariana da Costa, de 37 anos, moradora do Fonseca, tem um carro popular, mas também sofreu com a alta. Ela usa o veículo todos os dias para trabalhar, mas diz que, se não precisasse, já não tinha mais automóvel. 

— Pagamos o custo da violência até para conseguir ir e vir com alguma garantia de não ter prejuízo em um assalto, mas pesa nas contas— diz. 

Aumento no estado

A alta foi percebida em todo o estado do Rio, sempre atrelada à violência. Uma reportagem de fevereiro do GLOBO revelou que o seguro de automóveis ficou mais alto em algumas áreas da Região Metropolitana, segundo a Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), devido ao incremento de 39% desse tipo de crime no ano passado no estado. 

Segundo o órgão, o valor do seguro é calculado levando-se em consideração o endereço do proprietário do veículo — baseado no Código de Endereçamento Postal (CEP) — e o histórico de sinistros registrados pelas seguradoras na região. Por isso, ele é mais caro onde a violência é maior. 

“Com o crescimento de 39% nos roubos de veículos em 2024 em comparação com 2023 e a continuidade dessa tendência nos primeiros meses de 2025, observa-se um aumento nos preços dos seguros, especialmente em áreas com maior incidência de crimes”, detalhou José Varanda, professor e coordenador acadêmico da graduação em Gestão de Seguros da Escola de Negócios e Seguros (ENS). 

Outros motivos

Vieira acrescenta que outros fatores, como localização de risco e condições de uso do veículo, também contribuíram para a alta. 

— O ano de 2024 foi marcado por oscilações significativas. Especialmente em novembro e dezembro, foi observada uma alta considerável nos preços, resultado de diversos fatores, como aumento da sinistralidade e possíveis ajustes das seguradoras em suas políticas de precificação — detalha.

De acordo com o superintendente de Produto Auto da Porto Seguro, Leonardo Dieguez, outros elementos afetam o valor final da apólice do seguro, como perfil do cliente, valor do bem segurado, idade do bem, região e economia externa. 

— A inflação afeta o custo das peças e da mão de obra, tornando os reparos mais caros e elevando o valor da apólice. A variação do câmbio, especialmente do dólar, impacta o preço de peças importadas e pode aumentar os custos de indenização. Já a Tabela Fipe, que mede o valor de mercado dos veículos, influencia diretamente o preço do seguro: quanto maior a valorização do carro, maior tende a ser o custo da apólice — enumera.

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