Há cerca de 10 seguradoras operando com seguros de condomínio no Brasil. O resultado médio da operação é decepcionante: faturamento pequeno, sinistralidade acima de 50% e a percepção de que tudo poderia ser muito diferente.
Em passado não muito distante a culpa pela performance dos seguros de condomínio recaia sobre os custos de comercialização, o que não é mais verdade absoluta, já que para fechar negócios, corretores tradicionais tiveram que apertar o cinto, o que também aconteceu com as corretoras cativas das administradoras de condomínios, sobretudo quando se percebeu que as seguradoras parceiras foram, uma a uma, desistindo de operar no segmento.
A pergunta que fica é como fazer para recuperar o interesse pelos seguros de condomínio e as respostas estão na conscientização dos síndicos e conselheiros que a responsabilidade por continuar a ser possível contratar seguro (que é uma responsabilidade que recai sobre eles) exige que de fato os riscos sejam gerenciados no dia a dia.
Os corretores de seguros têm papel importante em conscientizar as administrações dos condomínios de que é necessário investir em manutenção civil, elétrica e mecânica, fazendo isso por meio de contratação de empresas de engenharia de fato capacitadas e que é necessário investir em projetos e instalações de combate a incêndios e emergência, que passam por redefinição das necessidades de extintores, hidrantes, sprinklers, sistemas de detecção e alarmes, além da contratação de obras para implantação das necessidades e, na sequência, programas de manutenção que garantam a disponibilidade operacional. Os condomínios também precisam ser monitorados contra possíveis invasões, furtos e até assaltos, o que cada vez mais se torna importante.
Ao longo dos anos, as áreas de subscrição das seguradoras, atendendo aos pedidos das suas áreas comerciais e dos corretores de seguros, fizeram com que os seguros de condomínio ficassem muito baratos. Por exemplo, condomínios verticais, residenciais, com 30 unidades, Valor em Risco da Cobertura Básica de R$ 25.000.000,00 e mais 10 outras coberturas adicionais (RC do Condomínio, RC do Síndico, RC Portões, Danos Elétricos, Vendaval etc.) pagavam (e ainda pagam) prêmios brutos (carregados) de R$ 5.000,00 por ano, ou seja, R$ 167,00 por unidade/ano ou R$ 13,89 por unidade/mês.
Quando caiu o Edifício Liberdade, na Av. 13 de Maio, no Centro do Rio de Janeiro, a comoção geral fez com que o mercado se mobilizasse e na sequência duas importantes modificações foram introduzidas nos seguros de condomínio: a possibilidade de contratação de cobertura simples (tradicionais, nomeadas cobertura a cobertura) e a ampla (com um conceito mais all risks) e; a definição que seguros de condomínio devem ser contratados a primeiro risco absoluto, ou seja, não se apura valor em risco para fins de rateio por insuficiência de verbas em caso de sinistros.
Trata-se de um seguro importante, que merece ser revisitado pelas seguradoras e pelos corretores de seguros, até porque, com a Nova Lei de Seguros, que passará a vigorar em janeiro de 2026, espera-se que as contratações passem por questionários mais específicos e pelo olhar mais acurado das áreas de subscrição.
É preciso começar o quanto antes!
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