Todas as semanas recebo links para assistir vídeos de restaurantes pegando fogo, muitos deles de corretores muito assustados com as apólices que intermediaram para seus clientes.
De fato, há motivos para preocupação, porque a frequência de sinistros vem aumentando e os seguros contratados nem sempre dão conta de indenizar as perdas, por muitos motivos.
Vamos por partes, porque é preciso entender algumas coisas.
A primeira situação a considerar é que as pessoas sempre acham que sinistros podem acontecer com os outros, mas nunca com elas, em que pesem se preocuparem muito pouco com a qualidade e segurança das instalações, proteção e capacitação para lidar com emergências.
A qualidade das instalações reflete a péssima qualidade dos projetos construtivos, erros graves na seleção de materiais de acabamento (combustíveis) e, sobretudo, instalações elétricas muitas vezes improvisadas, além de instalações de gás precárias e
cozinhas mal ventiladas, coifas engorduradas, inexistência de sistemas para extinção de princípios de incêndios, detectores e muito mais.
Assim, o primeiro passo para evitar sinistros é construir pensando em evitar acidentes ou em combatê-los, mas também é necessário que as pessoas saibam o que fazer quando um estado de emergência se instala.
A boa notícia é que corrigir todo o acima não é difícil é bem caro, mas a má notícia é que poucos entendem que é fundamental diagnosticar as exposições e agir, o que sempre será melhor quando se contrata especialistas em gestão de riscos.
Por fim, seguros. Contratar seguros exige conhecer os risco expostos e criar desenhos de coberturas que possam oferecer a devida proteção financeira para exposição à perdas. Novamente, em que pesem habilitados, não é tarefa para corretores de seguros que não tenham experiência com riscos patrimoniais e que não conheçam as condições contratuais dos produtos de seguro das várias seguradoras que operam no mercado.
Portanto, não se trata de oferecer a melhor condição de preço final, mas apresentar as alternativas de produtos que melhor protegerão o segurado.
Muito importante para os corretores de seguros é ter consciência dos limites de suas responsabilidades. Sob este aspecto vale lembrar que não está nas suas atribuições atuarem em gerenciamento de riscos, pois sua especialidade é a gestão da transferência de riscos ao mercado, ou seja, sua atuação começa após o resultado dos esforços de gerenciamento de risco, exatamente nas respostas financeiras aos riscos. Também não cabe aos corretores sugerirem valores em risco ou lá mites de indenização, o que deve ser indicado pelos segurados (devidamente orientados sobre o que estará ou não coberto em cada garantia do seguro).
Alguns segurados entendem que não precisam de seguro, porque já pagam o “seguro incêndio” que os locadores dos estabelecimentos cobram devido a cláusulas do contrato de locação. Estes seguros atendem (apenas) as exigências de contrato, na prática protegendo os interesses dos locadores, mas não cobrem o conteúdo do locatário, suas operações e responsabilidades.
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