Há alguns meses, um incêndio em um arranha-céu de mais 200 metros de altura, onde encontrava-se instalada a empresa estatal de telecomunicações chinesa, na cidade de Changsha, passou quase despercebido pela imprensa ocidental.
As imagens era impressionantes (https://exame.com/mundo/incendio-de-grandes-proporcoes-atinge-arranha-ceu-na-china-veja-video/) e, talvez, mais ainda, o relato que a origem das chamas poderiam estar na superfície da edificação, o que significa dizer que havia material combustível alimentando as chamas.
Isso não é comum no Brasil, mas em países mais frios, são instalados revestimentos térmicos nas fachadas, quase sempre realizados com isopor ou melhor dizendo EPS (Expanded Polistyrene) que tem muitas vantagens em termos construtivos, por ser leve, moldável e barato, mas o problema é que há tipos que não propagam fogo (Classe S) e os que não impedem a propagação do fogo (Classe P).
O mercado de seguros acabou generalizando o assunto, por ausência de conhecimento técnico das áreas de subscrição e tratam tudo genericamente, desconhecendo que esses materiais estão incluídos em várias etapas construtivas, algumas até inimagináveis no passado (por exemplo, até em lajes leves).
Com os chamados Isopainéis (sanduíches de metal e isolantes) acontece o mesmo. Os tipos de Isopainel se diferenciam basicamente pelo material isolante em seu interior:
- PIR (poliisocianurato) – O poliisocianurato é um plástico termofixo, que se assemelha a uma espuma e que oferece ação termoisolante e mecânica;
- PUR (poliuretano) – O poliuretano é também um plástico termofixo, porém resultado de componentes químicos diferentes do anterior. É leve, resistente à altas temperaturas e permite uma isolação térmica muito eficiente;
- EPS (poliestireno expandido) – Como vimos é um plástico celular rígido, criado a partir da polimerização do estireno em água. Também cumpre perfeitamente a função de isolante térmico dentro do Isopainel.
A pergunta que fica é se esses tipos de isolantes podem ou não serem resistentes às chamas. Já sabemos que os isolantes de EPS podem ou não ter essa função, mas o PIR, pelas definições da norma ABNT 7358 é resistente às chamas, enquanto o PUR, embora também inflamável, é um material bastante leve, tem boa resistência a água e se comporta bem em contato ao fogo e pressão.
Há outros isolantes como o LDR (Lã de Rocha), que é incombustível, fabricado a partir de rochas especiais e outros materiais, agrupados a soluções de resinas orgânicas, regido pela ABNT 7013. Os demais são a Pedra ou Mineral, Lã de Vidro ou de Vidro Celular e Espuma Fenólica Modificada.
Portanto, para entender se a existência de EPS na construção ou Isopainéis pode ser um agravante de riscos, há que se compreender o projeto realizado, a razão e a especificação dos materiais e a sua manutenção.
Não me canso de dizer que o mercado de seguros precisa entender mais de como gerenciar riscos, para que a subscrição não perca oportunidades de negócios.
Leia também o relato do Incêndio na torre Grenfell (https://pt.wikipedia.org/wiki/Inc%C3%AAndio_na_torre_Grenfell) para entender mais de eventos acidentais com revestimentos térmicos.
Voltando ao caso inicial, qual a sua hipótese para o sinistro ocorrido? Que tipo de material poderia estar alimentando as chamas?