Guerras sempre foram eventos que afetam não apenas os países diretamente envolvidos, mas também toda a cadeia econômica e social ao redor do planeta. No setor de seguros, os efeitos costumam ser sentidos com rapidez, já que o mercado trabalha essencialmente com a precificação e a gestão de riscos. Quando um conflito de grandes proporções explode em uma região estratégica, como o Oriente Médio, o reflexo atinge desde as coberturas marítimas e aéreas até o seguro patrimonial no outro lado do mundo — incluindo o Brasil.
O aumento da exposição a riscos faz com que seguradoras e resseguradoras ajustem suas políticas de aceitação. Rotas comerciais próximas a zonas de guerra, por exemplo, se tornam mais caras de segurar. Isso impacta diretamente os custos dos seguros de transporte e pode gerar atrasos nas cadeias logísticas globais, o que também pesa sobre o setor industrial e o comércio. E como tudo está interligado, as consequências chegam ao mercado brasileiro, mesmo sem que haja qualquer envolvimento direto do país nos conflitos.
Outro ponto importante é o efeito econômico indireto. A volatilidade no preço do petróleo, tão comum em períodos de tensão no Oriente Médio, poderia elevar os custos de combustíveis, o que pressionaria a inflação global. Outra possibilidade na crise mais recente era o Irã ter fechado ou sobretaxado a passagem do petróleo pelo Estreito de Ormuz, por onde transita grande parte do petróleo do mundo.
Quando variáveis como esse se concretizam, há um encarecimento de diversos produtos e serviços, inclusive os seguros. Seguradoras precisam rever suas estimativas de sinistralidade e reajustar prêmios, o que exige do corretor de seguros uma postura ainda mais consultiva na hora de explicar esses aumentos ao cliente.
Além disso, o ambiente de guerra impulsiona o risco cibernético, pois cresce a possibilidade de ataques hackers patrocinados por governos ou grupos extremistas. Isso leva a uma maior procura por seguros cibernéticos e por coberturas de responsabilidade civil em setores estratégicos, o que abre novas oportunidades para corretores atentos às tendências.
No fim das contas, mesmo que os conflitos pareçam distantes, seus efeitos no setor segurador são bastante concretos. A confiança das resseguradoras, o apetite das seguradoras e o comportamento do consumidor são todos afetados. E o corretor, como elo entre o mercado e o segurado, precisa estar preparado para orientar seus clientes em um cenário global cada vez mais instável.