Com objetivo de abordar a gestão de risco no setor dos seguros, a Sompo promoveu em parceria com a ABGR – Associação Brasileira de Gerência de Riscos, um Workshop reunindo especialistas e parceiros estratégicos para debater os principais desafios e tendências da Gestão de Riscos, voltados aos diferentes ramos de seguros, a exemplo dos segmentos de Transporte, Property e Energia. Cerca de 200 pessoas, entre especialistas, corretores de seguros e gestores de riscos, participaram das palestras realizadas nos dias 20 e 21 de maio no Espaço de Eventos da Sompo, em São Paulo (SP).
Marlon Basso, Superintendente de Gerenciamento de Riscos da REP Risk Consulting, foi um dos expositores do evento. Em sua apresentação, o especialista abordou os impactos sociais e financeiros das tragédias climáticas, causadas por fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, e sobre como o gerenciamento de riscos pode contribuir para mitigar riscos e prejuízos financeiros significativos para organizações e para a coletividade.
Basso afirma que prevenir danos de enchentes requer um conjunto multidisciplinar de ações, desde obras de engenharias robustas até protocolos bem treinados e tecnologia de ponta, aliados a uma postura proativa de aprendizado.
O especialista destacou dados que indicaram a magnitude dos prejuízos causados à população por conta do evento, considerado a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul. O prejuízo estimado foi de R$ 90 bilhões, o equivalente a cerca de 1,8% do PIB nacional, conforme estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial e Comissão Econômica para a América Latina e Caribe. Basso afirma que o mercado está cada vez mais consciente sobre o papel do seguro como ferramenta de proteção financeira para riscos dessa natureza. “Os corretores já têm a percepção de que os clientes se preocupam mais com coberturas voltadas a eventos climáticos”.
Marlon, porém, afirma que ainda há necessidade de uma revisão das políticas de prevenção e resposta às crises climáticas. Ele alerta que esses desastres demonstram a necessidade de uma mudança social para que as pessoas entendam a real necessidade de contratar a proteção do seguro. “É importante trazer a cultura do seguro agregada à importância do gerenciamento de risco, da prevenção”, e aponta algumas estratégias para melhorar os riscos, focando na prevenção como avaliar a possibilidade de realocação da operação para locais mais altos ou seguros, quando existe um histórico de ocorrências de alagamentos na região do segurado, remoção de componentes voláteis dos pavimentos inferiores da empresa, elevação de estruturas e equipamentos críticos, entre outros.
No mesmo sentido de Basso, Renata Barcellos, Head de Gerenciamento de Riscos da Sompo International, que veio de Madrid (Espanha) para participar do evento, abordou em sua palestra a tragédia das chuvas torrenciais que varreram o sul e o leste da Espanha, em outubro de 2024, mostrando que essa dificuldade não é uma exclusividade brasileira e que as questões são as mesmas, incluindo a falta de preparo, assistência e organização adequados para lidar com tragédias relacionadas ao clima da magnitude como aconteceu no país europeu.
Para o CQCS, Barcellos explica que esses encontros são de grande importância tanto para corretores quanto para segurados. “Um evento como esse, para corretores e para clientes, têm principalmente a função de conscientizar sobre quais são os riscos e como identificá-los. Também serve como um meio para contribuir para que os segurados possam sofisticar seus mecanismos de mitigação de riscos.” conclui.
Segurança em primeiro Lugar
Representando a ABSpk, o Coronel Cássio Roberto Armani, consultor e professor de proteção contra incêndio e explosões demonstrou a importância de se manter os protecionais em dia, uma vez que incêndios e explosões estão entre os causadores de sinistros de grande monta. Entre os exemplos apresentados, casos de explosões de tubulações, mal funcionamento de sprinklers e outras situações que podem repercutir em perdas materiais e em vidas de pessoas envolvidas.
“O ideal é que a manutenção acontecesse com uma regularidade maior e que as empresas tivessem uma rotina de manutenção preventiva estruturada, por meio de um planejamento adequado.” afirma o Coronel.
O workshop no geral teve como foco conscientizar sobre a necessidade de uma mudança cultural com objetivo de resguardar vidas e patrimônios com o uso de ferramentas como a cobertura de seguros e tecnologias adequadas a cada tipo de situação, climas e ambientes.
Marlon Basso deixou claro no decorrer da apresentação que o objetivo de eventos como esse é aprender, prevenir e evitar situações de tragédia como foram as do Rio Grande do Sul, que podem acontecer com mais frequência e intensidade, como decorrência das mudanças climáticas.
Marcelo Valle, Sócio-Diretor Executivo da mvalle.tech, explicou sobre os veículos eletrificados e seus cuidados devido ao uso das baterias de lítio. O assunto segue a linha de importância do cuidado com as baterias de lítio. Apesar de o mercado estar levando à debate as ocorrências relacionadas a veículos dessa categoria, já existe um histórico de acidentes relacionados a celulares e tablets, que também podem superaquecer, explodir e pegar fogo. Marcelo mencionou como exemplo, um incêndio causado por um power bank em um voo na China que foi contido pelos passageiros com garrafas de água enquanto a tripulação fazia os procedimentos para um pouso forçado.
Porém, veículos de pequeno, grande e médio porte, sem os cuidados adequados, podem causar incêndios de maior porte e ferir pessoas próximas. Ele explica que os sinistros causados por baterias de lítio têm se tornado um problema inclusive para as perícias de incêndio. Ele alerta que, porém, nem sempre a bateria é a causa. Muitas vezes, fatores externos como locais com alta temperatura ambiente, impactos, entre outros, podem ocasionar em falha ou superaquecimento e desencadear incêndios.
No momento, o Brasil é o país com a maior frota de carros elétricos chineses, atrás apenas do próprio país asiático. O número de carros elétricos já representa 7% de toda a frota nacional, com mais de 400 mil unidades em circulação. Para Marcelo, isso demonstra um apreço local pela tecnologia. “O Brasil está na curva ascendente do processo de eletrificação. Acredito que em 2 anos teremos mais carros elétricos que os Estados Unidos.” afirma Marcelo.
Após dois dias de evento em que diferentes aspectos do gerenciamento de riscos foram abordados no Espaço de eventos da Sompo, a companhia promove, como parte do Workshop de Gerenciamento de Riscos, eventos externos, programados para esta quinta-feira, dia 22 de maio. Entre eles, uma visita a um laboratório de sprinklers, em Louveira (SP) e um tour em que os participantes farão um passeio de escuna para conhecer o funcionamento da estrutura do Porto de Santos, seguido de palestra sobre aspectos relacionados a sinistros envolvendo embarcações em operações de transporte.