Notícias | 27 de agosto de 2003 | Fonte: Folha de S.Paulo

Vítimas e foguete estavam sem seguro

O Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica) informou ontem que os equipamentos destruídos no acidente com o VLS-1, ocorrido na última sexta-feira na base de Alcântara (MA), não estavam segurados porque, segundo o Comando da Aeronáutica, não existe seguro para equipamentos militares. Os prejuízos com o incêndio ainda não foram calculados.
Além disso, os funcionários envolvidos na missão também não tinham seguro de vida. Segundo informação do Cecomsaer, as 21 vítimas não tinham seguro. “O governo federal não faz seguro de vida para seus servidores”, disse ontem o diretor de Planejamento, Orçamento e Administração da AEB (Agência Espacial Brasileira), Antonio MacDowell , logo após a primeira reunião da comissão de apoio aos familiares das vítimas.
No entanto, segundo o Comando da Aeronáutica, algumas das vítimas do acidente em Alcântara tinham seguro de vida individual.
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, reafirmou ontem à Folha a intenção do governo federal de pagar as indenizações aos familiares das vítimas, além de toda a assistência financeira que for necessária para translado, funeral e sepultamento dos corpos. O valor ainda não foi definido.
“Isso ainda será acertado entre o governo e o CTA (Centro Técnico Aeroespacial). Agora, estamos priorizando a criação da comissão de apoio aos familiares das vítimas, que foi um pedido especial do ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral”, disse o presidente da agência.
A comissão, que foi oficialmente criada ontem, é formada por um representante da prefeitura, um do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um do CTA e um da AEB.
A primeira medida anunciada pela comissão foi a concessão de bolsas de iniciação científica para os filhos das vítimas que estão cursando o ensino superior. O benefício, segundo MacDowell, já está acertado com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para aqueles que estão no ensino médio, serão oferecidas bolsas de iniciação científica júnior.
A Prefeitura de São José dos Campos disponibilizou ontem um telefone para o atendimento às famílias. O número é o 0/xx/ 12/3947-8115. “A comissão tratará exclusivamente de assuntos ligados ao funeral, homenagem às vítimas, identificação, liberação e translado dos corpos à cidade. Além disso, a comissão vai cuidar posteriormente do apoio jurídico e do fornecimento de informações sobre a apuração das causas do acidente”, disse o prefeito Emanuel Fernandes (PSDB), que prorrogou ontem o luto oficial, decretado na sexta-feira, por mais três dias.
O secretário de Governo da Prefeitura de São José dos Campos, Eduardo Cury, disse ontem que a intenção da administração é de construir um mausoléu para as vítimas do acidente. No entanto, segundo ele, essa proposta ainda está em discussão com os familiares e o CTA. “Vamos respeitar a vontade das famílias. Mas queríamos prestar essa homenagem, que não seria da prefeitura, mas de toda a cidade”, disse.
Onze corpos, já identificados, saíram do Instituto Médico Legal de São Luís para serem velados na capela da base de Alcântara, antes de serem levados a São José dos Campos. Ainda é preciso identificar o resto das 21 vítimas. Uma missa de sétimo dia acontecerá na Catedral Militar de Brasília.
Autor: ELIANE MENDONÇA

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