Redução do juro básico pode atingir rendimento de planos de aposentadoria privada SUA RENDA
A queda do juro pode tornar a aposentadoria privada um pouco mais arriscada. Como mais da metade dos investimentos dos planos está aplicada em títulos de renda fixa, onde o parâmetro de rendimento é a taxa básica, a Selic, os gestores dos fundos estão precisando refazer os cálculos para garantir as aposentadorias.
Não há motivo para pânico, segundo Thiago Luiz Vincoletto, gerente atuarial da BDO Trevisan. O sistema de previdência privada no Brasil tem segurança e rentabilidade para suportar as mudanças, garante o especialista. Os ajustes, no entanto, são inevitáveis nos próximos meses.
Desde que a Selic caiu de 13,75% para 9,25% ao ano em um período de seis meses, os investimentos em títulos de renda fixa estão deixando de ser atrativos, o que pode dificultar o cumprimento da meta de rentabilidade dos fundos, hoje, em geral, de 6% ao ano mais a correção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Dos fundos que auditamos, nenhum está em situação drástica. Mas, se houvesse um farol, seria o amarelo analisa Vincoletto.
Não existe preocupação de quebra porque os fundos têm muita gordura para queimar, lembra o presidente da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), José de Souza Mendonça. Entre 1995 e 2008, a rentabilidade dos fundos de pensão foi de 1.086%, quando a necessidade para garantir os pagamentos era de 553%. Ou seja, os investimentos dos trabalhadores superaram em 81,6% as necessidades. Além disso, os fundos já vêm operando com uma margem de segurança por causa da crise mundial. Em 2007, os planos haviam aplicado 57% dos recursos em renda fixa. Ao final de 2008, o índice havia subido para 64,8%. Por conta da gestão conservadora, os fundos perderam apenas 1,62% em 2008.
Apesar de ter sido o pior desempenho dos últimos 13 anos, o setor ficou bem acima da média internacional, que registrou perdas de quase 20% negativos, segundo ranking da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Três mudanças estão em estudo pelo governo
Conforme Mendonça, a primeira medida para ajustar a rentabilidade ao novo cenário é reduzir a meta de rendimento. Em vez dos 6% anuais acrescidos do INPC, o presidente da Abrapp defende redução para 5%: É uma realidade que preocupa a partir de agora.
Para ajudar a garantir a liquidez dos planos, o governo já estuda mudar as regras de investimentos. Três propostas estão em estudo, segundo a Abrapp: aumento do limite das aplicações no mercado variável (hoje limitadas a 50% do patrimônio), ampliação dos investimentos em imóveis (que têm teto de 8% hoje) e a permissão para investimento direto no Exterior.
Panorama geral
– A Redução da meta atuarial não prejudica quem já tem planos. Mas quem pretende ingressar na previdência privada de agora em diante deve comparar o rendimento prometido pelo fundo com outros tipos de aplicações para ter certeza de que o plano trará a renda esperada depois da aposentadoria.