Notícias | 23 de maio de 2025 | Fonte: CQCS | Gabrielly Marqueton

Setor de seguros participa pela primeira vez da Marcha dos Prefeitos e defende papel estratégico na mitigação de desastres naturais

Pela primeira vez, o setor de seguros foi integrado à agenda oficial da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Em sua 26ª edição, o evento promovido pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) contou com a participação de mais de cinco mil gestores públicos, além de autoridades federais e representantes municipais de diversas regiões do país.

Um dos destaques da programação foi o painel temático “Gestão Climática, de Riscos e de Desastres: oportunidades para Municípios”, que debateu os desafios climáticos enfrentados pelos municípios brasileiros e a importância da contratação de seguros como parte das estratégias locais de prevenção e resposta a desastres naturais.

Durante o painel, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, defendeu a inclusão do setor segurador no debate climático. “Essa pauta dos desastres naturais é urgente. E não compreender essa urgência, significa perdas humanas, perdas materiais. E para os municípios significa um grande desafio. Nós não temos um sistema que analisa o risco de fatores climáticos, como fortes chuvas ou vendavais, quando se constrói rodovias, escolas e hospitais, por exemplo. Quando acontece um desastre, as infraestruturas não estão preparadas e não tem cobertura de seguro”, afirmou.

Dyogo também chamou atenção para a mudança do cenário climático no Brasil, destacando que, do ponto de vista do seguro, o país já não pode mais ser considerado fora do mapa de catástrofes. “Nos últimos 10 anos, do ponto de vista de seguros, o Brasil sempre foi considerado um país não catastrófico, sem grandes desastres naturais. Hoje, se recordarmos os últimos eventos climáticos que tivemos, não podemos mais falar que o país não é catastrófico”, completou.

A consultora de Meio Ambiente da CNM, Natasha Comassetto, reforçou a necessidade de planejamento territorial e visão regional. “A questão climática é percebida de uma forma muito mais contundente nos municípios. As projeções mostram que as mudanças climáticas irão acontecer, mas nós vemos diversos impactos atualmente. É preciso ter um planejamento territorial, uma visão sistemática e regional”, disse.

Levantamento apresentado pela CNM aponta que, nos últimos dez anos, desastres naturais causaram R$ 732,2 bilhões em prejuízos e deixaram mais de 6 milhões de pessoas desabrigadas. Do total de perdas, R$ 413,2 bilhões (56,4%) foram provocados por secas e R$ 215 bilhões (29,4%) por chuvas. Aproximadamente 3 mil pessoas morreram em decorrência desses eventos.

COP30: Casa do Seguro será destaque

A CNseg e a CNM também marcarão presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA). Durante sua fala na Marcha, Dyogo Oliveira destacou temas que devem pautar a participação do setor segurador no evento global.

“A infraestrutura do Brasil não tem seguro, e isso dificulta a reconstrução de obras quando acontece algum desastre. Outros países como Japão e México, por exemplo, têm uma capacidade de responder rapidamente em momentos de reconstrução, por que tem o seguro para suas estruturas. Apresentaremos também a proposta do seguro social de catástrofes, que seria um seguro obrigatório para atender prontamente com um valor pago de imediato às vítimas de desastres causados por chuvas e alagamentos. E por fim, vamos abordar a possibilidade da emissão de green bonds no Brasil, que são títulos do governo federal destinados para projetos relacionados à questão da mudança climática. Deixo um convite a todas e todos que estarão em Belém para conhecer a Casa do Seguro, o espaço do setor segurador que ficará próximo ao complexo da COP30”, declarou.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, também reforçou a relevância do engajamento de todos os setores da sociedade na COP30. Segundo ele, é fundamental que as cidades estejam no centro das discussões sobre mitigação climática, garantindo voz ativa na formulação de soluções concretas.

Conclima: consórcio reforça atuação municipal

Outro destaque foi a criação do Consórcio Nacional para a Gestão Climática e Prevenção de Desastres (Conclima), iniciativa que pretende fortalecer a atuação dos municípios na prevenção e resposta a eventos extremos. De acordo com a CNM, quase a totalidade das cidades brasileiras enfrentou situação de emergência ou estado de calamidade pública nos últimos dez anos.

A CNseg manifestou interesse em contribuir com o Conclima, como destacou Dyogo Oliveira. “A gente quer discutir, de uma maneira profunda, detalhada, como estruturar isso e como criar um sistema onde os municípios fiquem mais protegidos. Porque quando acontece uma queda de ponte, chuvas e alagamentos, o prefeito vai atrás de verbas emergenciais dos Estados e do governo federal, enquanto o seguro pode amenizar ou até mesmo resolver esse problema”, finalizou.

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