Notícias | 25 de agosto de 2009 | Fonte: Folha de S. Paulo | Dinheiro | SP

Setor de seguros é novo alvo de disputa de grandes bancos

Porto Seguro era a última grande empresa que atuava sem estar associada a um banco
Bradesco e Banco do Brasil também querem ampliar sua carteira na área; no país, apenas 33% da frota de veículos possui seguro

MARCIO AITH

DA REPORTAGEM LOCAL

A associação entre o Itaú Unibanco e a Porto Seguro delimita a mais nova trincheira da disputa pela hegemonia do sistema financeiro nacional -o setor de seguros.

“A nova disputa guarda relação direta com a consolidação de uma nova classe média consumidora no país”, disse o analista Henrique Navarro, do Santander. “O brasileiro já não quer só comprar bens financiados, mas preservar aqueles que adquiriram com a democratização do crédito.”

Essa avaliação já tinha sido feita há um ano pelo Banco do Brasil -instituição pública que, há duas semanas, reassumiu o posto de maior banco em ativos da América Latina.

O foco da estratégia do BB, em um primeiro momento, foi a atuação agressiva na concessão de crédito durante a crise.

Mas o passo seguinte da instituição pública é (e ainda é) justamente o de elevar (dos atuais 12% para 25%) a parcela do setor de seguros na composição de seu lucro líquido.

O Bradesco, que tira 36% de seus lucros do segmento, planejava consolidar sua liderança no setor. O Itaú Unibanco, com seus 11%, corria por fora.

Carros

Nesse sentido, o seguro de carros tornou-se o ponto central. O Brasil compõe o seleto grupo de cinco países que apresentaram crescimento de vendas de veículos no primeiro semestre deste ano. As vendas no resto do globo despencaram.

Contraditoriamente, só 33% da frota de carros do país tem seguro, diferentemente da Europa, onde o número é de 85%.

Esse dado reflete, entre outras realidades, o anacronismo da frota brasileira e a relutância do consumidor em segurar um carro usado. Mas, com relação aos carros novos, a disposição do brasileiro é outra.

Se uma das maiores aspirações do brasileiro é comprar um carro financiado, seu maior pesadelo é perdê-lo num roubo, principalmente antes de a dívida ser inteiramente paga.

Líder absoluta em seguro de automóveis usados, de onde tirava mais de 60% de seu faturamento, a Porto Seguro era a última grande seguradora que conseguira sobreviver sem associar-se a um banco.

Era, portanto, a “noiva mais bonita” dentro de um mercado promissor. Mas o horizonte da Porto Seguro era limitado.

Para ingressar no segmento de carros novos, os analistas viam como inevitável sua associação com uma instituição financeira forte no financiamento de veículos novos.

Fracasso

Vice-líder do mercado de seguros como um todo, o Bradesco esteve muito perto de comprar a carteira da Porto Seguro.

As negociações fracassaram porque Jayme Garfinkel, dono da Porto Seguro, preferia um modelo de associação na qual pudesse manter o controle acionário e a gestão da empresa, fundada em 1945 e adquirida por sua família em 1972.

O Itaú Unibanco ofereceu à empresa justamente uma associação, em vez de uma simples aquisição.

“Como reconhecemos a excelência do Jayme [Garfinkel] em seu segmento, não haveria forma melhor de nos associarmos a ele do que esta”, disse à Folha Roberto Setubal. As conversas entre o Itaú Unibanco começaram há duas semanas e foram concluídas no último domingo.

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