Notícias | 5 de agosto de 2003 | Fonte: O Estado de S.Paulo

Seguro para o agronegócio

De acordo com a ONU, o Brasil pode se transformar no maior produtor de alimentos do mundo até 2012. Pelo que vem acontecendo ao longo dos últimos anos, a previsão é lógica e tem tudo para se realizar. Em verdade, de dez anos para cá, sem qualquer apoio mais sólido do governo, os empresários do agronegócio nacional vão dando um show, fazendo uma revolução no campo e aumentando significativamente a produção em todos os setores, desde o desenvolvimento das sementes, passando pelo plantio e a colheita, até a industrialização dos mais diversos produtos agrícolas, o que vem colocando o País em evidência nos mais diferentes fóruns internacionais, como os mercados futuros e a OMC. Agora, mais uma vez, se fala numa política de longo prazo para alavancar a atividade, inclusive com a eventual criação de uma seguradora específica para assumir os riscos da agricultura e de sua cadeia produtiva. A idéia é boa, mas o que se coloca é se uma seguradora estatal seria a melhor solução para o problema, já que a bem-sucedida operação da Cosesp – Companhia de Seguros do Estado de São Paulo, nos moldes de uma seguradora privada, mostra que o controle de uma companhia com este perfil não necessita, obrigatoriamente, ser do governo, nem que a colocação dos riscos deva se restringir a uma única empresa. Atualmente, a Cosesp é a seguradora mais engajada com os riscos agrícolas brasileiros, atuando em todo o Estado de São Paulo e em algumas regiões mais ou menos limítrofes. O problema a ser contornado para rapidamente mudar esta situação é a existência do monopólio do resseguro, que, além da agricultura, é um entrave para outras áreas, como os planos de saúde privados, que têm dificuldades para criar uma política de proteção baseada em planos modernos de transferência de riscos. Se houvesse a flexibilização do monopólio do resseguro, o que é diferente da abertura ampla do setor, ou da privatização do IRB-Brasil Re, as seguradoras brasileiras teriam condições de expandir em muito a proteção que hoje é dada pela Cosesp, ainda baseada em conceitos de cobertura dos anos 60, quando ela foi criada. O espaço sem proteção de qualquer espécie existente entre as coberturas das apólices atuais e os riscos em toda a cadeia do agronegócio é gigantesco e, sem que haja a modernização do seguro, conseguida principalmente pela concorrência, o empresário brasileiro ficará sempre em desvantagem no mercado internacional. É aí que o governo deve agir.

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