As seguradoras do Brasil começaram a se mexer para recuperar ao menos uma parte da clientela de alta renda que perdem todos os anos para os concorrentes no exterior. Com um seguro de vida exclusivo para os milionários brasileiros e um produto corporativo sob medida para altos executivos, Nationwide Marítima e Chubb Seguros pretendem disputar o público mais endinheirado do País em igualdade de condições com as companhias dos Estados Unidos e da Europa. No caso da Nationwide, o trunfo são apólices individuais com coberturas que chegam a R$ 19 milhões. “Até então, para garantir valores tão altos, era preciso contratar um seguro fora do País”, afirma Philip Healey, presidente da Nationwide Marítima.
No Brasil, o limite máximo girava em torno de R$ 1 milhão, o que levava parte da clientela abonada a optar pela remessa informal de recursos para seguradoras no exterior, a despeito da falta de garantias legais e do risco cambial nos contratos em dólar.
Em solo nacional, para contratar um seguro de vida de R$ 5 milhões, era necessário comprar várias apólices e somar os valores de cada uma delas. No Vida Personalizado, o preço vai variar conforme a idade e as condições de saúde dos clientes. Um executivo de 40 anos não fumante, por exemplo, pagará mensalmente cerca de R$ 2,4 mil para garantir uma apólice de vida de R$ 15 milhões. Para chegar à mesma cifra com uma carteira formada por vários seguros distintos, pelos cálculos da seguradora, o desembolso saltaria para R$ 5 mil por mês.
Por ser uma prática realizada na informalidade, não há estatísticas oficiais sobre a contratação de seguros no exterior. Corretores que vendem seguros internacionais a clientes brasileiros estimam que sejam negociadas cerca de 150 mil apólices por ano – incluindo também planos de previdência e seguro saúde. Com desembolso anual médio aproximado de US$ 10 mil por cliente, as seguradoras brasileiras perderiam algo em torno de US$ 1,5 bilhão.
De olho nessa clientela, a Chubb colocou na sua prateleira uma opção de seguro de vida com valores superiores a R$ 1 milhão. O novo produto, no entanto, é exclusivo para as empresas. Trata-se de um contrato corporativo, no qual a companhia inclui os seus funcionários de primeiro escalão. Em geral, um executivo da alta diretoria recebe uma apólice com valor equivalente a 36 vezes o seu salário.