Notícias | 5 de maio de 2025 | Fonte: Folha de São Paulo

Seguro não é para quem tem muito, é para quem tem o que proteger

Talvez seja a idade chegando. Quando somos mais novos ou talvez por termos menos, pela inocência, pela inconsequência ou mesmo por não termos quem dependa de nós nos preocupamos menos com perder patrimônio. Jovens assumem sempre que podem recuperar o que quer que percam. Este ano estou batendo nos 51 anos e construí um certo patrimônio ao longo de minha carreira. Com o avanço da idade e da conscientização, percebemos que proteger o que foi conquistado deixa de ser opção: vira necessidade.

Muitos acreditam que, conforme acumulam riqueza, a necessidade de seguro diminui. O problema não é riqueza, mas consciência.

O auto seguro pode ser mais caro e mais doloroso do que transferir o risco para terceiros. Aprendi isso da maneira difícil. Em uma das empresas das quais sou sócio, poderíamos ter contratado um seguro de responsabilidade civil ao custo de R$20 mil por ano.

Nosso erro: achamos caro. Dado o tamanho da receita que obtínhamos, preferimos assumir o risco. No ano passado, tivemos uma perda operacional que nos custou o equivalente a dez anos de prêmio, ou prestação do seguro. Sim, doeu. Como costuma acontecer, só reforçamos o cadeado depois que o ladrão já entrou.

É o tipo de lição que ensina rápido. Cada conquista carrega não apenas valor financeiro, mas emocional. Protegê-las é respeitar o esforço que foi feito para construí-las.

Mas meu objetivo aqui não é falar de mim. Vou responder à pergunta do leitor Marcelo, que me escreveu recentemente. Marcelo tem um patrimônio que chama atenção: um imóvel de R$6 milhões, dois carros avaliados em R$500 mil cada, uma renda anual de cerca de R$2 milhões, além de uma soma de R$15 milhões aplicados e, ainda mais importante, uma família com dois filhos pequenos.

Sua dúvida foi direta: com esse patrimônio, ainda faz sentido ter seguro?

A resposta é simples: sim, talvez mais do que nunca. Perder um bem de R$5 milhões dói tanto para quem tem R$15 milhões quanto a perda de um bem de R$100 mil dói para quem tem R$300 mil. A dor é proporcional ao que cada um construiu. E o esforço para recuperar, muitas vezes, é ainda maior com o passar dos anos.

No caso do Marcelo, alguns seguros seriam peças essenciais do seu planejamento. Um seguro residencial para proteger o imóvel de alto valor. Um seguro de automóvel, não apenas pelo custo do veículo, mas pela responsabilidade perante terceiros. Um seguro de vida robusto, que proteja a família caso ele venha a faltar ou enfrente uma invalidez. Um seguro de responsabilidade civil pessoal, para proteger contra eventuais riscos jurídicos que aumentam à medida que o patrimônio cresce. E, se ainda houver dependência da própria geração de renda, um seguro de incapacidade temporária ou de renda também faria sentido.

Isso tudo é caro? Pergunte a quem perdeu e não tinha a proteção.

Seguro não é para quem tem muito, ou pouco. É para quem tem o que não pode se dar ao luxo de perder. Quem tem qualquer patrimônio, quem tem uma família que depende de si ou quem ainda precisa gerar renda por muitos anos já tem algo precioso demais para deixar vulnerável. A segurança financeira não nasce do tamanho da riqueza, mas da consciência de que existe algo que merece ser protegido.

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