O conselho diretor da Superintendência de Seguros Privados (Susep) aprovou a minuta para a regulamentação do Seguro de Vida Universal, uma modalidade que une aspectos do Seguro de Vida e Previdência Privada. Após a aprovação, divulgada no dia 27 de novembro, durante o XI Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, em São Paulo (SP), minuta passará por uma consulta pública e, posteriormente, será levada ao Ministério da Fazenda e à Receita Federal para aprovação final. Frente a esta decisão, o CQCS conversou com especialistas para compreender os impactos do produto no Brasil, caso seja sancionado, e o papel dos corretores neste cenário.
Ricardo Tarantello, sócio na VS10 e especialista no assunto, explicou que o Seguro de Vida Universal foi criado e lançado nos Estados Unidos há 45 anos com o objetivo de unir dois riscos em apenas um veículo financeiro: “Esses riscos são o de morrer prematuramente e o de viver por muito tempo, uma vez que a pessoa, na última etapa da vida, muito provavelmente, não possuirá receita suficiente para se manter com dignidade, salvo se tiver acumulado bastante dinheiro para isso”.
Ricardo Tarantello destacou que, para a aprovação, do lado das seguradoras, o maior desafio é o controle tributário: “Mas, a experiência vivida com os planos de previdência poderá ajudar muito. O sistema já não é mais um problema hoje em dia, bem como a existência de papéis de longo prazo que poderão ser utilizados para a proteção das reservas”.
O papel dos profissionais do Mercado de Seguros brasileiro também foi um destaque para Tarantello. De acordo com o sócio da VS10, o grande desafio é a qualificação dos profissionais que desenharão as apólices sob medida para cada cliente e que terão capacidade de acompanhá-los durante as diversas mudanças ao longo da vida. “Os profissionais precisarão estar muito bem capacitados para avaliar as reais necessidades dos clientes, ajudá-los a contratarem as apólices adequadas e acompanharem a jornada financeira dessas pessoas por muitos anos, criando, assim, várias oportunidades de alocação de apólices de outros ramos e de serviços financeiros”, salientou. Apesar dos desafios, Ricardo Tarantello acredita que o Seguro de Vida Universal será uma grande oportunidade para os profissionais de seguros se desenvolverem e ocuparem cada vez mais o protagonismo nesse importante mercado.
O produto apresenta diferenciais, segundo Rogério Araújo, fundador da TGL Consultoria. Para o especialista, o Seguro de Vida Universal se diferencia dos seguros de vida tradicionais devido à flexibilidade, tanto no pagamento dos prêmios quanto no valor da cobertura, o que permite ajustes conforme as necessidades e os objetivos financeiros do segurado.
Rogério ainda salienta que, se aprovado no país, o Seguro de Vida Universal passará por alguns desafios, como a educação financeira e a securitária. “No Brasil, não nos faltam bons produtos, mas nos falta uma política, campanhas, conscientização da sociedade sobre a importância do Seguro de Vida e atitude de nós, profissionais, em fazermos o simples bem feito”, explicou Rogério Araújo. “Nossa crise não é cultural e sim, de oferta. Ofertamos pouco o Seguro de Vida e, na maioria dos casos, ofertamos com baixa qualidade”, completou o fundador da TGL Consultoria.