Notícias | 24 de outubro de 2003 | Fonte: Gazeta Mercantil

Seguro combate a criminalidade

“Tranqüilidade” e “garantia” eram nomes comuns para seguradoras num passado não muito distante. Apesar de superados por denominações mais modernas, eles refletem perfeitamente o espírito do mercado segurador, cujo objetivo principal é oferecer ao maior número de pessoas possível a certeza de que sua vida e seus bens estão protegidos.
Isso faz com que empresas e clientes se transformem em grandes aliados: a nenhum dos lados interessa que o evento previsto na apólice – uma batida de carro, um roubo ou uma morte, por exemplo – efetivamente aconteça.
Por essa razão, o mercado segurador se transforma no maior aliado da sociedade na área de segurança. Somos fortemente prejudicados pelo aumento da violência e da criminalidade, que provoca a elevação do número de sinistros e tem um impacto direto sobre nossos custos.
Como conseqüência da insegurança, as seguradoras são obrigadas a aumentar seus preços, eliminando uma boa parte de seu mercado potencial. A lógica é simples: como o seguro é um produto facultativo, o consumidor deixa de contratá-lo se considerar seu preço alto.
O mercado tem, na verdade, feito um grande esforço para reduzir seus custos e conseguir aumentar sua base de clientes. Na área de automóveis, por exemplo, em pouco tempo passamos de um nível equivalente a 10% da frota nacional para um patamar da ordem de 25%.
Esse incremento é conseqüência direta da diminuição dos preços das apólices e de uma política de diferenciação de preços de acordo com o risco de cada segurado, o que tornou o produto ainda mais acessível para o público.
A lógica de nosso mercado nos obriga, portanto, a combater as fraudes e a adotar políticas que apóiem os esforços das autoridades no combate à criminalidade.
Com esse objetivo, as seguradoras lançaram este ano o Plano de Prevenção e Redução da Fraude em Seguros, uma iniciativa articulada do mercado para estimar o volume de fraudes praticadas e atuar em educação, criação de um banco de dados, inteligência e criminalização dessas práticas.
Obviamente não vamos eliminar o crime, mas nosso objetivo é tentar prevenir e reduzir as fraudes, permitindo assim uma queda ainda maior nos preços das apólices e um aumento de nossa penetração de mercado.
As seguradoras estão conscientes de que o esforço no combate à criminalidade deve ser de todos e não apenas do governo. Nesse sentido, além das questões previstas no plano de combate à fraude, estamos dispostos a apoiar as autoridades nesse desafio.
Em relação ao tema dos veículos salvados, que recebeu tanta atenção da imprensa ultimamente, o mercado segurador tem uma grande contribuição a dar, principalmente em áreas como inteligência, fiscalização, melhores práticas etc.
Vale ressaltar que, do total de 1 milhão de salvados gerados no Brasil a cada ano, apenas 90 mil – ou menos de 10% – pertencem às empresas seguradoras.
Como as empresas do nosso mercado nunca consertam veículos, os salvados são vendidos no estado em que se encontram para quem se interessar. Para evitar fraudes ou crimes, quando o carro vendido não tem possibilidade de conserto, ele é comercializado com o chassi recortado, impedindo sua reutilização.
No caso de danos de média monta, em que a reparação é economicamente viável, o veículo é vendido bloqueado no Detran e precisa passar por uma vistoria para voltar a circular.
Apesar desses cuidados, é possível que haja fraudes. Para reduzi-las ainda mais, o mercado segurador está disposto, por exemplo, a patrocinar a instalação de estruturas de inspeção mais bem equipadas, que se incumbirão de fazer essas vistorias e assegurarão que os salvados reparados se mantenham dentro da lei e em plenas condições de segurança.
Além disso, estamos propondo a criação de centros de concentração de veículos roubados encontrados pela polícia a fim de facilitar sua restituição a seus legítimos proprietários.
Na questão de documentação, a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg) já entregou ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) uma série de sugestões para melhorar a fiscalização e o controle da frota brasileira de veículos.
Entre essas sugestões podemos destacar a ampliação do sistema Renavam para incluir mais informações sobre os veículos, como acidentes que resultem em perda total ou parcial, inspeções de segurança, vistorias etc.; a criação de um cadastro nacional de oficinas autorizadas para desmanche de veículos sinistrados; e a inclusão do número do motor na documentação do carro.
Todas essas medidas poderão ter um impacto muito importante na redução das fraudes e da criminalidade na área de automóveis, beneficiando o conjunto da sociedade brasileira. Este é, portanto, o momento de agirmos.
kicker: Pela segurança, o mercado segurador se transforma no maior aliado da sociedade
(Gazeta Mercantil/Caderno A3)(Julio Avellar – Vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg).)

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