Notícias | 16 de agosto de 2004 | Fonte: Seguros em Dia

Seguradoras mostram sinais de recuperação

Passados quase três anos dos ataques terroristas nos Estados Unidos, o mercado mundial de seguros parece enfim mostrar sinais consistentes de recuperação. Os bons sinais da indústria partem tanto de pareceres de grandes grupos seguradores quanto de indicadores de referência para profissionais do setor, empresas e segurados. Em 1999, por exemplo, a capacidade de resseguro no mercado internacional para contratos de geração e distribuição de energia era de US$ 2,5 bilhões. Em 2001, após os ataques terroristas, esse volume caiu para US$ 1,3 bilhão. Hoje, a capacidade está em torno de US$ 2 bilhões, segundo apontamento de Luis Nagamine, responsável pelos contratos do setor energético da Unibanco AIG Seguros. “Com os ataques, houve um enxugamento de capacidade e um ‘boom’ de taxas e tarifas. Hoje, muita gente está de volta ao mercado, ainda que de forma precavida”, diz Luis Alberto Mourão, superintendente de “property” da companhia.

Levantamento recente elaborado pela AON diz que o índice combinado global dos contratos de seguros de incêndio deve ficar em 2004 em 83,2%. No auge da crise do mercado, o indicador bateu em 123,8%, o que significa que as seguradoras tinham que compensar o mau resultado operacional com ganhos no mercado financeiro – tarefa ingrata para tempos em que as bolsas em geral, e as ações de seguradoras em particular, estavam em franco declínio. Para apurar o índice combinado, somam-se os sinistros retidos e as despesas das companhias e apura-se a razão dessa soma em relação ao prêmio ganho. Se o índice mostra-se abaixo de 100%, a leitura é de que a seguradora está conseguindo subscrever de forma adequada os riscos que está tomando – e, portanto, está ganhando dinheiro sem depender tão fortemente das aplicações financeiras.

A Sigma, unidade de pesquisas da resseguradora Swiss Re, divulgou há algumas semanas pesquisa sobre os números mundiais do mercado segurador no ano passado. O levantamento foi batizado com o sugestivo nome de “A Indústria de Seguros a Caminho da Recuperação”, o que demonstra que as expectativas para o atual exercício são bem mais otimistas. “O ano de 2004 tende a ser um bom ano para os seguradores”, resume a Sigma. “A receita de prêmios nos seguros de vida pode se beneficiar do crescimento econômico, do aumento das taxas de juros e de ganhos nas bolsas de valores. Nas carteiras que excluem vida, não serão atingidos os níveis de 2003, embora a lucratividade possa continuar em ascensão com a manutenção dos pedidos de indenização.”

São bons sinais emitidos pelo mercado segurador global, segundo as análises. Esses fatores podem preceder também a queda das franquias no mercado internacional, segundo Mourão. “O mercado internacional de seguros vive sempre em ciclos de seis, sete anos. Após a queda das taxas, o próximo movimento é o de recuo das tarifas”, diz ele.

Entretanto, há de se ressaltar, de acordo com as avaliações, que a recuperação ainda não é totalmente estável. “O impacto de outra grande catástrofe seria significante para o direcionamento futuro do mercado”, diz a AON. “Fora do Brasil, as taxas estão em queda, mas se qualquer coisa grave acontecer, o mercado pode balançar”, analisa Antenor Ambrosio, diretor técnico da empresa.

Muitas das seguradoras brasileiras não estão sabendo tirar proveito do momento de queda de taxas e aumento de capacidade registrado lá fora, segundo as avaliações. Em vez de posicionarem os prêmios de seus contratos em patamares atuariais mais saudáveis, ainda preferem um “canibalismo de preços” para ganhar posições no ranking e escala de negócios. “No ano que vem é que vão aparecer os reflexos e que muitas seguradoras vão se ressentir dessa estratégia. Há, no momento, uma visão de curto prazo para um mercado que é de longo prazo”, avalia Cesar Jorge Saad, diretor executivo da Unibanco AIG.

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