As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul ativaram uma das maiores operações já registradas pela indústria nacional do seguro, segundo avaliação do setor de seguros.
“Pela grandiosidade dos efeitos das enchentes no RS, que ainda estão ocorrendo, este sinistro deverá ser o maior da nossa história e tende a se agravar com a continuidade das chuvas e o transbordamento dos rios e lagoas da região”, avalia José Varanda, que é coordenador de graduações da Escola de Negócios e Seguros (ENS).
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) estima que os estragos já geraram desde o fim de abril, além de vítimas, danos materiais em mais de 90% dos municípios do estado.
“Desde o dia 29 de abril, 140 empresas associadas à entidade atuam para dar suporte aos clientes de seguros gerais, saúde suplementar, Previdência e capitalização”, diz a entidade em nota, acrescentando que ainda é cedo para falar em valores, uma vez que os cidadãos atingidos ainda estão em processo de acionar as seguradoras.
A Confederação do setor lembra ainda que, historicamente, o estado do Rio Grande do Sul tem uma cultura de seguro acima da média do Brasil. Mas essa tragédia deve aumentar ainda mais a procura por seguros com cobertura para enchentes.
“Nós temos percebido um aumento na procura por seguro e, com este evento no Rio Grande do Sul, com certeza, a cobertura de alagamento por enchente, que é uma cobertura pouco contratada, ou seja, que têm uma aderência muito baixa, deve aumentar bastante”, afirma o presidente do Conselho Diretor da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Roberto Santos.
Varanda, da ENS ressalta que, em virtude da continuidade das chuvas, as seguradoras ainda não puderam apurar o montante total dos prejuízos materiais e de danos pessoais.
Somente a Bradesco Seguros estima, até o momento, que as indenizações ultrapassem a casa dos R$ 100 milhões.
A seguradora iniciou, no dia 2 de maio, a segunda Operação Emergencial de Tratamento de Sinistros deste ano no estado e recebeu mais de 200 chamados emergenciais em menos de uma semana.
A Bradesco Seguros lembra que a primeira operação em 2024 foi realizada em janeiro, quando registrou mais de 600 indenizações atendidas, somando um montante de mais de R$ 5 milhões, valor 8 vezes menor do que a estimativa de indenizações da atual tragédia.
Diante do desafio representado pelos graves problemas de infraestrutura vividos pelos cidadãos, que incluem estradas bloqueadas, falta de água e luz e serviços públicos comprometidos, a CNseg recomendou às seguradoras a estenderem os prazos de pagamento e de renovação das apólices, em função das chuvas das últimas semanas.