Notícias | 1 de março de 2004 | Fonte: Valor Econômico

Seguradora já calcula perdas com incêndio no Rio

O incêndio que destruiu seis dos 22 andares de um edifício no centro do Rio onde funciona a sede da Eletrobrás e que também é utilizado pelo Banco Real e pelo grupo Sul América, afetou não apenas o dia-a-dia das empresas mas também o caixa das seguradoras que cobrem o risco do prédio. Um deles, da Porto Seguro, foi feito pelos três condôminos, com apólice no valor de aproximadamente R$ 24 milhões. O segundo seguro contratado pela própria Eletrobrás junto à seguradora Marítima, e tem valor de R$ 11,5 milhões para cobrir os bens móveis. Mas a Eletrobrás estimou esses prejuízos em cerca de R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões.

Segundo o diretor da Marítima, Cláudio Saba, os valores podem ser plausíveis e parte dos sinistros sairão do caixa das seguradoras, mas a maior parcela caberá ao IRB Brasil Re. De acordo com Saba, caso a estrutura do prédio não seja afetada, o processo correrá normalmente, levando cerca de quatro meses para ser encerrado. “O problema maior virá caso a estrutura seja afetada e o prédio demolido”, pondera Saba, explicando que o prejuízo, caso isso aconteça, não será das seguradoras, já que ele estará limitado aos valores das apólices. “Se houver valores adicionais superiores a todas as apólices que estão envolvidas, o prejuízo será dos proprietários do prédio”.

A Eletros, fundo de pensão da Eletrobrás, é proprietária de sete andares do prédio – do 7º ao 13º, que não foram afetados – e seu presidente, Luiz Limaverde, informou que tem ainda uma terceira apólice, com cobertura do patrimônio e lucros cessantes, foi feita com o Unibanco, mas não informou o valor.

Os andares afetados pertencem a uma família estrangeira e à Sul América Capitalização. Os primeiros andares do prédio seriam de propriedade do Banco Real. Limaverde afirmou, no entanto, que as informações preliminares são de que a estrutura não foi afetada. “Será feita uma perícia mais detalhada, mas a informação que temos até agora é essa”, disse ele.

O diretor de projetos especiais da Eletrobrás, José Drummond Saraiva, que também está acumulando provisoriamente a presidência durante viagem a Londres de Luiz Pinguelli Rosa assim como a diretoria financeira, explicou que o incêndio começou no 17º andar do prédio, onde funcionavam o departamento de acompanhamento empresarial que fiscaliza as cinco distribuidoras federalizadas; e as áreas de comunicação e internacional da Eletrobrás.

No andar de cima, ficavam os departamento jurídico e de auditoria interna, enquanto as áreas de engenharia ocupavam o 20º e 21º andares. Drummond estimou as perdas entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões mas frisou que trata-se de um cálculo “prematuro” e que as perdas materiais serão cobertas pelo seguro. Ele também fez questão de frisar que todas as informações corporativas da Eletrobrás foram preservadas, já que a área de informática foi acionada logo após o início do incêndio e conseguiu retirar do prédio o servidor central da empresa, onde estão arquivadas grande parte das informações. “Nada de grave aconteceu à Eletrobrás, que continua sendo a empresa sólida de sempre”, disse.

Ele admitiu, entretanto, que ainda não foi feito diagnóstico definitivo sobre as perdas. “Os documentos principais foram recuperados em parte. Tudo que estava em rede foi salvo. É o caso da auditoria, com exceção do que estava em execução”, disse. Segundo o diretor, a Eletrobrás não está envolvida em “nenhum contencioso de grande monta”. E mesmo no caso de perda de documentos, ele lembrou que a maior parte dos litígios dizem respeito às controladas, que têm cópias dos documentos.

A Eletrobrás controla as estatais Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear e Eletrosul, além de comercializar a energia de Itaipu, o que significa que ela controla cerca de 55% da geração de energia do país e 60% da rede básica de transmissão. Mas por ironia, as suspeitas ontem eram de que o incêndio iniciado no 17º foi causado por uma pane elétrica. O andar tinha passado recentemente por uma reforma, mas Drummond explicou especificamente neste andar não foram instalados “sprinklers”, dispositivo que aciona jatos de água em caso de fogo no local. Já departamentos importantes como o financeiro, ficam no 9º andar e 11º andares, que não foram atingidos.

O presidente do grupo Sul América, Patrick Larragoiti, disse que a única área do grupo afetada pelo incêndio foi o “call center” da Sulacap, no 19º andar. Não há ainda valores dos prejuízos. O vice-presidente da Sulacap, Sérgio Diuana, informou que, além da apólice do condomínio, há uma adicional, coberta pela Sul América Seguros, que será acionada caso necessário. Segundo ele, o sistema de informações não foi atingido. A diretoria e outros departamentos que funcionavam no 16º andar do prédio foram transferidos para o prédio da Sul América Seguros, a poucos quarteirões de distância.

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