Nesta terça-feira (12), o CQCS Insurtech & Inovação 2024 teve seu primeiro dia de evento no Pro Magno, em São Paulo. Considerado o maior evento de inovação em seguros da América Latina, ele reuniu personalidades influentes do setor, entre elas Jailson Meireles, diretor da Confitec; Rodrigo Botti, executivo do mercado financeiro; e Eduardo Toledo, vice-presidente de Resseguros da Alper Seguros, que participaram do painel intitulado “Resseguro na Era Digital”.
O painel abordou o papel do resseguro como um motor de inovação no mercado de seguros e destacou como a digitalização está transformando este segmento. Rodrigo Botti abriu a discussão com uma análise histórica dos instrumentos financeiros no Brasil, destacando a evolução das ferramentas de proteção e mitigação de riscos. Ele mencionou o desenvolvimento de derivativos de ações, renda fixa, e crédito, ressaltando o (re)seguro como uma importante inovação dos tempos atuais. “Estamos vivendo uma nova era com a ascensão da IA, que amplia as proteções contra riscos e permite previsões mais precisas,” comentou Botti, enfatizando os desafios globais e as oportunidades que a tecnologia oferece.
Botti também chamou atenção para as limitações da cadeia de valor no resseguro, que, segundo ele, ainda é longa e possui contratos pouco padronizados. “O corretor precisa se especializar e entender o ecossistema de resseguros. É essencial deixar o medo de lado e buscar uma compreensão mais ampla das oportunidades,” afirmou.
Eduardo Toledo, vice-presidente de Resseguros da Alper, destacou o dinamismo do mercado de resseguros, que se tornou menos conservador graças às novas tecnologias. “Hoje, o mercado é muito mais ágil e as soluções são mais acessíveis,” disse Toledo. Ele salientou a importância do corretor de resseguros, uma função que, segundo ele, ainda carece de profissionais capacitados e preparados para expandir esse segmento. “Temos muito a evoluir; é essencial prospectar e entender mais as oportunidades para entregar um produto completo e de fácil compreensão ao consumidor final,” afirmou, ressaltando a necessidade de educação e conscientização sobre o valor do seguro, especialmente após eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul.
Ao encerrar, Toledo refletiu sobre a adaptação do setor às novas legislações de resseguro e a preparação para absorver o capital necessário para enfrentar futuros desafios. “Precisamos estar preparados para o capital que pode vir a ser imposto no futuro,” concluiu o executivo.
Jailson Meireles, diretor da Confitec, iniciou sua participação no painel compartilhando a trajetória e visão da empresa ao longo de seus 21 anos de atuação. Segundo ele, o mercado de resseguros ainda é muito conservador e enfrenta barreiras significativas na gestão e análise de dados. “Realmente é um setor muito preso, especialmente quando observamos as dificuldades relacionadas aos dados nas resseguradoras,” afirmou Meireles.
Ele ressaltou que a atualmente Confitec tem como principal foco a missão em desenvolver ferramentas para o tratamento de dados no setor de resseguros, utilizadas tanto por seguradoras quanto por resseguradoras, com o objetivo de aumentar a precisão e a eficiência dos processos. “Nosso foco tem sido trabalhar nessas soluções, porque, antes de mais nada, precisamos compreender os contratos antes de falar de resseguro,” pontuou.
Meireles ainda comentou sobre um problema que observou no setor: incertezas na análise de dados e previsões, o que afeta diretamente a confiabilidade das operações. “Existem incertezas nas previsões impostas pelas análises de dados, e isso é algo que precisamos enfrentar e resolver,” provocou o diretor da Confitec.
O painel também abriu espaço para perguntas da plateia, e um dos temas discutidos foi o conceito de SRO (Self-Regulatory Organization). Para Rodrigo Botti, o SRO representa um avanço importante para conectar o mercado de capitais ao setor de seguros. “Acredito que o SRO veio para ficar, trazendo dinamismo especialmente nos registros. Isso oferece uma grande oportunidade para seguradoras e resseguradoras, pois os dados ficam automaticamente registrados, o que permite usá-los para previsões e mitigação de riscos,” explicou Botti, destacando o papel dessa estrutura na eficiência do setor.
Quando questionado sobre a democratização do resseguro no Brasil, Eduardo Toledo, vice-presidente da Alper Seguros, destacou o progresso que o país tem feito nesse sentido. “Estamos dando passos largos, e o Brasil é um mercado com potencial decisivo para esse setor. Acho que estamos no caminho certo, e o país vem se preparando, apesar de ainda sermos novos nesse conceito,” concluiu Toledo, demonstrando otimismo quanto à evolução do mercado de resseguros no território nacional.