A lucratividade do setor de seguros foi de 20%, sendo a média puxada pelas dez maiores companhias, com percentual de 23%, segundo estudo divulgado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) nesta semana, com dados consolidados até outubro. A média das seguradoras européias é de 13%. O lucro operacional somou R$ 76 milhões, uma melhora diante da perda de R$ 870 milhões de 2005. A receita financeira situou-se em R$ 13,3 bilhões, acima dos R$ 11 bilhões do período anterior.
Em 2006, as seguradoras conseguiram reverter a perda com a venda de seguro. A margem operacional de seguros ficou positiva em 0,3%, diante de um resultado negativo de 4,3% no período anterior. Boa parte dessa melhora veio da carteira de automóvel, onde as seguradoras previram alta na freqüência de roubo e furto, que não se consolidou, transformando a expectativa de perdas em lucro líquido.
Um dado interessante do estudo é que o setor de seguros pode quase triplicar as vendas sem precisar aumentar capital, de acordo com o estudo. Isso porque o percentual que sinaliza a ocupação da capacidade produtiva do setor ficou em 37% até outubro de 2006. Entre as 10 maiores seguradoras, esse percentual sobe 45%, sete pontos percentuais abaixo dos 52% de 2005, o que mostra que as companhias se capitalizaram nesse período.
Esse indicador, calculado pelo valor do patrimônio líquido ajustado multiplicado por cinco, mostra o nível de solvência das companhias, com base nas normas em vigor até o final deste ano. ‘Considerando-se as novas regras de solvência, divulgadas no final de dezembro, sabemos que várias companhias terão de aportar capital para se adequarem, enquanto outras estão bem capitalizadas’, comentou André Silva Oliveira, chefe da divisão de estudos econômicos da Susep.
De acordo com o estudo, a participação do resultado das seguradoras com investimentos financeiros no lucro líquido ficou em 52% até outubro de 2006, abaixo dos 59,8% do ano anterior. A rentabilidade dos investimentos em coligadas e controladas decresceu 26%, para 20,4%, sobre o valor das participações.
VGBL lidera vendas
De acordo com relatório mensal divulgado pela Susep em dezembro, a estimativa é de que o VGBL, um produto de acumulação de renda, lidere as vendas em 2006, com prêmios de R$ 14,8 bilhões. As contribuições no VGBL subiram 38% no período e no PGBL apenas 5%. Os planos tradicionais tiveram alta de 2% nos aportes. Os resgates de VGBL cresceram 22%, enquanto os de PGBL caíram 21%. ‘O comportamento dos resgates no PGBL tem sido coerente com a nova legislação tributária que pune aplicações de curto prazo’, informa o estudo.
O seguro automóvel é o segundo mais vendido pelas seguradoras, com previsão de R$ 13,1 bilhões em prêmios no acumulado do ano. Demais ramos, com destaque para as vendas de seguro de garantia estendida, vem em terceiro lugar, com R$ 6,5 bilhões. Vida e riscos patrimoniais registraram vendas de R$ 5,4 bilhões e de R$ 5 bilhões, respectivamente.