Notícias | 23 de janeiro de 2003 | Fonte: Gazeta Mercantil

Reforma começa com demissão a pedido

Eduardo Campos, neto de Arraes vai para Ciência e Tecnologia; Vilella quase certo na Previdência. A primeira reforma ministerial do governo Luiz Inácio Lula da Silva começou ontem depois de meses de especulação. O presidente aceitou o pedido de demissão feito pessoalmente, no Palácio do Planalto, pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, e o anúncio de todas as demais trocas de cadeiras na Esplanada dos Ministérios ocorrerá amanhã, sexta-feira, conforme informou o porta-voz da Presidência da República, André Singer. Como a vaga de Amaral permanece com o PSB, o escolhido para o seu lugar é o líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo Campos (PE), que se reuniu ontem à noite com o presidente Lula e aceitou o convite.

Na semana passada, Lula informou aos ministros, em uma reunião da Comissão de Políticas Social, que os ministros demitidos e os contratados seriam avisados pessoalmente por ele da decisão. Ontem, além de Amaral, o ministro extraordinário do Combate a Fome e Segurança Alimentar, José Graziano, também foi chamado ao Palácio para uma audiência com Lula. Graziano deve perder o cargo pela fusão de seu ministério com o da Assistência Social, de Benedita da Silva. Como Lula deixa Brasília amanhã à noite rumo à Índia, com escala interna em São Paulo, a reforma ministerial deve mesmo ser anunciada antes da viagem.

Aliados do Palácio comentam o abatimento do presidente Lula em demitir Graziano e Benedita, velhos companheiros petistas, e, por isso, deve alocá-los como assessores presidenciais. Quem ocupará a nova pasta, que tem orçamento de R$ 16 bilhões, é um dos últimos mistérios da reforma. Um dos cotados, o ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, também esteve ontem com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. Depois da reunião, disse que permanecerá onde está. Sem Genro, sobram na disputa o ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, e o deputado Patrus Ananias (PT-MG).

Berzoini é cotado porque ficaria sem cargo ao ser substituído pelo senador peemedebista Maguito Vilela (GO) na pasta previdenciária. Mas há uma forte pressão dentro do PT pela manutenção dele na Previdência. O PMDB já aceitou a Previdência mas Lula estuda atender seu partido dando outra pasta para os peemedebistas. Patrus Ananias ganhou força dentro do partido por ser campeão de votos em Belo Horizonte e por ser conhecido pela boa administração na capital mineira.

Também ontem, o ainda ministro das Comunicações, Miro Teixeira, aproveitou uma solenidade para conversar com a imprensa em tom de despedida, o que confirma a posse do PMDB sobre a pasta e a indicação do nome do líder na Câmara, Eunício Oliveira (CE) para sua administração. “Então estou aqui aguardando o substituto. E enquanto aguardo, não paro de trabalhar”, afirmou Miro, que está sem partido desde que saiu do PDT no início do mês. Como tem mandato como deputado, o provável destino de Miro é a liderança do governo no Congresso, no lugar do senador Amir Lando (PMDB).

Antes de conversar diretamente para anunciar integrações ou desligamentos e avançar na fase final da reforma, o presidente Lula teve o cuidado de promover uma confraternização entre os ministros e principais aliados para diminuir as angústias de quem está perdendo prestígio e mostrar apreço por todos. Na terça- feira à noite, todos foram convidados para assistir uma sessão de DVD do pagodeiro Zeca Pagodinho, na Granja do Torto.

PMDB: Maguito

Na próxima sexta-feira, o presidente Lula se reunirá, às 10h, no Palácio do Planalto, com a cúpula do PMDB onde deverá formalizar a entrada do partido no governo. Depois disso, o PMDB reunirá a sua bancada no Senado para definir qual será o nome indicado pelo partido para ocupar um ministério no governo. Segundo o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), a intenção é chegar a um nome que atenda às expectativas do presidente e mantenha a harmonia no partido.

Ontem, um dos mais fortes candidatos do PMDB para assumir a segunda vaga do partido no governo Lula, possivelmente o Ministério da Previdência, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) comunicou ao líder do partido que não quer ser indicado para a pasta. Com isso, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) virou um nome de consenso na bancada e no Palácio do Planalto para a vaga. A decisão de Garibaldi pegou de surpresa o partido e até alguns integrantes do governo. Isso porque, ele era o principal nome defendido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “Comuniquei que não quero ir para o ministério da Previdência. É uma pasta voltada muito para dentro.

Eu não tenho perfil para a Previdência. Por isso, o meu nome não deve entrar na lista do partido” disse à Agência Globo. Com a desistência do potiguar Garibaldi, o senador Maguito Vilela já era chamado de ministro pelos seus colegas.
Clarice Brandão

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