Notícias | 9 de dezembro de 2020 | Fonte: Sindseg-SP

Rede D’Or é avaliada em R$ 115 bilhões em IPO

A empresa vai estrear na bolsa como a 10ª companhia mais valiosa da B3, maior do que o Banco do Brasil.

O cardiologista Jorge Moll Filho tinha 31 anos quando fundou uma clínica de diagnósticos na zona sul do Rio de Janeiro, conta o Valor Econômico. Hoje, aos 74, Moll acaba de ter seu império hospitalar avaliado em R$ 115 bilhões – a Rede D’Or vai estrear na bolsa como a 10ª companhia mais valiosa da B3, maior do que o Banco do Brasil.

Atualmente presidida pelo filho, Paulo Moll, a empresa, que continuará tendo a família como controladora, comanda 52 hospitais, tem outros 32 em desenvolvimento, e uma rede de laboratórios. Em uma oferta de ações cobiçada entre os investidores, mesmo com preço considerado nas alturas, a companhia levantou R$ 11,5 bilhões. O valor por ação ficou em R$ 57,92.

De acordo com duas fontes que acompanharam a operação, investidores estrangeiros ficaram com metade da oferta, que teve a participação da gestora americana Capital Group, que já é acionista de Magazine Luiza e Burger King Brasil, e do fundo do megainvestidor George Soros. Entre as casas brasileiras, entraram no IPO gestoras como Atmos, SPX, JGP e XP.

No preço mais baixo, a demanda chegou a 10 vezes a oferta. No valor fixado, estava em pouco mais de três vezes, apurou o Valor. Num cenário de juros baixos e economia patinando, os números da D’Or não passam despercebidos. Além do histórico da administração e da questão demográfica, que tende a aumentar a demanda do setor de saúde, os investidores compraram a história de consolidação.

A companhia sempre teve uma estratégia agressiva de aquisições, o que continua no radar – já foram cerca de 40 compras na história da companhia. Com o IPO, o grupo coloca um caminhão de dinheiro em seu caixa para crescer.

Do montante da oferta, R$ 8,44 bilhões vão para a D’Or (o restante fica com os acionistas vendedores) e serão usados para aquisições e para expansão dos hospitais já existentes. Além do caixa, a companhia está acostumada a operar com alavancagem, o que aumenta a possibilidade de negócios, destacam dois gestores ouvidos pelo Valor.

Esse ritmo foi impresso principalmente a partir da sociedade com o BTG Pactual, que depois vendeu suas ações para o fundo soberano de Cingapura, e também da entrada na companhia do fundo de private equity Carlyle. Estrangeiros, como a gestora americana Capital Group e o fundo de George Soros, ficaram com metade da oferta Em estimativas apresentadas aos investidores durante o “roadshow”, a companhia avalia que é possível passar dos atuais 8 mil leitos para 18 mil leitos sem esbarrar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A D’Or está engessada no Rio para compras, mas não em outras capitais e cidades do interior de alta renda. Apesar de serem negócios diferentes, os investidores compararam a D’Or com as operadoras verticalizadas Intermédica e Hapvida.

Na definição de preço da ação, os gestores avaliaram se a companhia deveria ter um desconto ou um prêmio em relação a essas companhias listadas. Por um lado, as verticalizadas têm a vantagem de estar num mercado que cresce mais, que é o de planos de saúde, e, por conta de tíquetes médios mais baixos, conseguem aumentar rapidamente sua base de clientes. Já a D’Or depende do crescimento dos planos de saúde que utilizam sua rede, como Bradesco, SulAmérica e Omint, que têm apresentado expansão menor que as concorrentes.

“Mas a D’Or tem a vantagem de não estar sob essa regulação e ter pouca competição no M&A”, diz um grande gestor, referindo-se aos controles na Agência Nacional de Saúde (ANS) sobre os planos e ao ritmo de aquisições da companhia. Com as aquisições, a D’Or avalia que consegue crescer sem depender do crescimento da base de clientes daquelas operadoras que usam sua rede.

No fim das contas, a D’Or vai estrear em um nível semelhante ao de Hapvida e Intermédica – cerca de 40 vezes o lucro projetado para 2021. Outros múltiplos da companhia foram calculados pelo mercado, que indicaram que o preço estava “esticado” – o eufemismo dos investidores para dizer que está caro.

A faixa indicativa de preço da D’Or era de R$ 48,91 a R$ 64,35 por ação. Ao preço fixado pela companhia, de R$ 57,92, a D’Or chega à bolsa negociada a 146 vezes seu fluxo de caixa operacional em 2019. Nas contas da casa de análise Suno Research, um crescimento anualizado de 20% do lucro líquido pelos próximos dez anos daria um preço justo para o papel, a valor presente, de R$ 48,80.

“O que leva os investidores a comprarem mesmo assim é a qualidade da companhia, incluindo ativos e administração, o que significa acreditar em sua capacidade de entrega”, diz um gestor paulista. Segundo ele, nesse patamar de preço, essa capacidade já está precificada, o que deixa pouca margem para erros de percurso. “O múltiplo realmente estava muito alto, mas caro é aquilo que você acha que não vale o preço. Nesse caso, achamos que vale”, acrescenta um gestor do Leblon.

A principal referência de Moll no início da expansão de sua companhia foi a americana Clínica Mayo, fundada a mais de 100 anos em Rochester, no estado de Minnesota, e que já tinha fama mundial na gestão do negócio e do atendimento de saúde. Moll aplicou ainda na D’Or conceitos de hotelaria que até então eram raros no setor hospitalar no Brasil, mesmo para alta renda. Com caixa cheio, o poder de fogo da Rede D’Or já sacudiu a concorrência. O maior acionista da operadora verticalizada Notre Dame Intermédica, a Bain Capital, aproveitou o interesse no setor para vender R$ 5 bilhões em ações na semana passada e reduzir sua exposição.

A Dasa, dona da rede hospital Ímpar, quer encher o caixa para essa competição e planeja uma oferta de ações de pelo menos R$ 4 bilhões, após anunciar uma aquisição de R$ 1,7 bilhão na área. A oferta da D’Or, liderada pelo Bank of America com participação de J.P. Morgan, BTG Pactual, Bradesco BBI e XP Investimentos, é o segundo maior IPO da história brasileira, em valores nominais, atrás apenas da operação do Santander Brasil, em 2009.

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