EsportePrev, plano administrado pela Petros, traz oportunidade de aposentadoria para público que não tem hábito de planejamento financeiro
A história de sucesso nos campos e de desventuras financeiras de Garrincha, o craque de pernas tortas do futebol da década de 1950, ilustra o folheto informativo do plano de previdência complementar para atletas lançado nesta semana, o EsportePrev.
Administrado pela Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o produto direcionou os holofotes para a necessidade de que não apenas governo, mas também clubes e esportistas se preocupem com o próprio futuro.
“Isso de ex-atleta não ser vencedor até o fim não serve”, disse o presidente do Sindicato dos Atletas de São Paulo, Rinaldo Martorelli. O sindicato paulista é um dos instituidores do plano.
Seus filiados terão a possibilidade de aderir ao fundo, contribuindo mensalmente com uma quantia para receberem renda de aposentadoria a partir dos 55 anos de idade. Só em São Paulo há sete mil atletas.
Também estão no Esporte-Prev o Sindicato de Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul e os Sindicatos de Atletas de Futebol do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Paraíba. Outros instituidores podem aderir.
“Estamos construindo uma cultura de previdência nesse público, pois o atleta é um profissional diferente”, disse o presidente da Petros, Luis Carlos Fernandes Afonso. A tarefa quase pedagógica, no entanto, não é exatamente simples. Dentre os atletas da velha guarda, alguns dos quais estiveram no lançamento do EsportePrev, contam-se nos dedos os que planejaram as contas para a aposentadoria.
“Ainda pago INSS. Até já tive previdência privada, mas parei de contribuir porque não sabia bem como funcionava”, contou o ex-jogador Gilberto Sorriso, que atuou em times como São Paulo e Santos. Há aqueles que afirmam não querer parar de trabalhar tão cedo, e nem mais tarde.
“Nunca me preocupei com aposentadoria”, destacou Paulo César Caju. Para o ex-jogador do Flamengo e Fluminense e atualmente palestrante, o nome e os contatos que fez nos tempos da ativa serão suficientes para lhe assegurar conforto na velhice.
Quem tem aposentadoria decidiu a vida já na saída dos gramados.
Badeco, que jogou por 18 anos em times como Corinthians e Portuguesa, estudou Direito e tornou-se delegado da Polícia Federal.
Agora é funcionário público aposentado. “O EsportePrev não vai nos abranger, mas sim os jogadores mais jovens”, avalia.
Campanha Para atrair adesões para o plano, a Petros prepara uma campanha publicitária que incluirá figuras importantes do futebol atual.
Neymar, do Santos, será um dos garotos-propaganda, segundo o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, que está se envolvendo pessoalmente na divulgação do produto. “Ronaldo também já disse que fará um aporte e Andrés Sanchez (presidente do Corinthians) está estudando como colocar nos contratos dos jogadores uma previsão de contribuição para o plano”, destacou.
A participação dos clubes é considerada essencial para o sucesso da iniciativa. “Para se viabilizar, o EsportePrev vai ter de contar com os atletas, mas é importante que isso envolva os clubes”, disse o ministro dos Esportes, Orlando Silva.
As regras preveem que os clubes possam fazer contribuições.
Da parte dos atletas, os depósitos do valor que escolherem são obrigatoriamente mensais. Pela administração, a Petros cobrará 6% do valor da contribuição. Mesmo fora dos gramados, os atletas poderão contribuir até a idade mínima para requerer a renda.
ESPORTEPREV
1 – Aposentadoria privada para atletas
Plano de previdência complementar criado pela Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) para atletas filiados a seis sindicatos, atuais instituidores do produto. Pela administração, a Petros cobrará 6% do valor dos depósitos dos participantes.
Gilberto Sorriso
Ex-São Paulo e Santos
A Previdência pública deverá ser a fonte de renda de Gilberto Sorriso na velhice. Aos 59 anos, até chegou a ter planos privados no passado. “Parei porque não sabia bem como funcionava.”
Paulo César Caju
Ex-Flamengo e Fluminense
Fora dos campos desde os 36 anos, Caju, hoje aos 62, não pretende parar de trabalhar e por isso não se preocupa em ter previdência privada. “Não estou preocupado.”
Badeco
Ex-Corinthians e Portuguesa
Após jogar futebol por 18 anos, Badeco garantiu a aposentadoria no serviço público. Formado em direito, é delegado aposentado da Polícia Federal. “O fim da carreira de jogador é difícil.”
Para reforçar a campanha de divulgação do plano de previdência privada, um dos garotos-propaganda será Neymar, jogador do Santos; o recém-aposentado dos gramados Ronaldo deve contribuir com aportes