No day after às explicações das autoridades do Executivo e do Operador Nacional do Sistema (ONS) para as prováveis causas do “apagão” da noite de terça para quarta-feira, o rescaldo de agora será com relação aos prejuízos que milhares de consumidores – pessoas físicas e jurídicas tiveram. A sobrecarga no retorno da energia danificou muitos aparelhos domésticos e até equipamentos mais potentes em empresas e fábricas.
O que mais se ouviu das autoridades ligadas ao setor elétrico e dos órgãos de defesa do consumidor foi que os prejudicados devem responsabilizar as operadoras do sistema de distribuição – coletar orçamentos e só fazer o reparo após autorização da operadora.
Mas os consumidores que possuem apólice de seguro para residências e os eletrodomésticos, por exemplo, não precisam aguardar pela “perícia” da operadora. Isso é o que recomenda o diretor de Relações com Investidores da Porto Seguro, José Tadeu Motta. “(Acionar) O seguro é mais fácil neste problema. Feito o reparo dos danos, ou substituído o bem, a seguradora sub-roga, depois, o direito de acionar a operadora (para ressarcimento”, explicou. Pelos cálculos da Porto Seguro, a exposição de risco de danos financeiros das residências no país, em relação aos sinistros com as variações de tensões do sistema de abastecimento, é enorme.
“Seguro de residência no país só atende 8%. Temos 92% das residências descobertas”, observou o diretor de RI da Porto Seguro, durante apresentação na manhã de ontem para os analistas da Apimec-MG.
Sem conflito com gerentes dos bancos
Com 11,9% dos negócios do mercado segurador do Sudeste, e 6,8% no Nordeste, a Porto Seguro encerrou o terceiro trimestre com 27,6% e 11,3%, respectivamente, em autos naquelas regiões. Os negócios do Grupo Porto Seguro, incluindo a Azul Seguros – 13 empresas e uma seguradora no Uruguai – geraram para receita de R$ 1,651 bilhão, no terceiro trimestre, 11,5% maior que o do mesmo período de 2008. Mas o lucro líquido diminuiu 2,3%, para R$ 73,3 milhões.
A fusão com a Itaú Unibanco, observa José Motta, cria mais 4.900 pontos de venda para a Porto Seguro. Ele descarta a hipótese de conflito com o gerentes do banco nas vendas dos produtos da Porto Seguro. “A nossa força sempre foi o corretor. E não é na pré, é na pós-venda. Toda nossa estrutura é para atender o corretor e o cliente”, explicou, deixando claro que o Itaú continuará forte no financiamento dos automóveis com a apólice de seguro.
Patrimônio
Na carteira de seguros patrimoniais, a Porto Seguro teve variação negativa de 59,6% nos prêmios para Residências, do segundo para o terceiro trimestre, com R$ 8,2 milhões. Em Condomínios, baixa 19,3%, para R$ 4,6 milhões.
Frota
Nos dados que José Mota apresentou e atribuiu à G. Tagliavini Consultoria (janeiro 2008), o país tinha uma frota de 30 milhões de veículos, sendo 24 milhões de passeio. A frota segurada representava pouco mais de terço, era de 11 milhões (37%).
Na Porto Seguro
A Porto Seguro, no final de 2008, tinha em sua carteira 2,087 milhões de veículos (1,786 milhão em 2007). No final setembro, a frota da seguradora tinha ido para 2.291 milhões.
Comando
Na holding , surgida da fusão da Porto Seguro e Itaú, criada, a Porto S/A, a Pares Empreendimentos (do fundador da Porto, Jayme Garfinkel) terá 53% e a Psiupar (Itaú Unibanco) 47%. A empresa terá a participação de cinco dirigentes, sendo três do Itaú, e dois vices-presidentes (um do Itaú) .
FDC ajuda
Um dos analistas quis saber como ficará a questão da governança corporativa após a fusão com o banco, e as relações com a comunidade de investidores. “Hoje (ontem), os conselheiros que tocaram a empresa nos últimos trinta anos estão na Fundação Dom Cabral (FDC) para cursos de conselheiros (nova estratégia de gestão)”, respondeu José Mota.
Em dezembro
Por enquanto, a Porto S/A não fixou as novas metas para a empresa. “Estamos em fase de arranjo, e isso deverá acontecer no final de dezembro, para entrar em vigor em 2010” prevê José Mota. A empresa está com 14 diretores e, “a partir do próximo trimestre, virão os novos (do Itaú)”, completou. Insistiu que não haverá problemas de governança, processo que a empresa teria iniciado em 2004, com abertura de capital na Bovespa
CARTÃO
Um dos produtos da Porto Seguro que despertou atenção dos executivos do Itaú foi a performance do cartão da seguradora, que, em um ano, atingiu 620 mil unidades. E, de acordo com o diretor de RI, a colocação foi feita praticamente via corretores. “O telemarketing não deu certo. Com o corretor, é uma forma de fidelizar o cliente na renovação do seguro”, disse.