Notícias | 24 de setembro de 2008 | Fonte: Isto É Dinheiro - Nacional - NA p. 42 e 43:

Por que a AIG foi salva

Com 74 milhões de clientes e presente em 103 países, sua quebra poderia ser o estopim de uma nova Depressão

FAÍSCA: o colapso da AIG poderia ultrapassar os limites das instituições bancárias e chegar ao bolso dos cidadãos americanos

NUMA SEMANA TÃO dramática quanto surpreendente, o governo dos Estados Unidos tomou uma decisão radical. Da noite para o dia, a AIG, maior seguradora do mundo, foi estatizada de modo emergencial pela Casa Branca. Isso aconteceu depois que duas agências de classificação de risco rebaixaram a nota da seguradora, o que obrigava a empresa a depositar garantias adicionais de US$ 14,5 bilhões. Sem caixa, suas ações despencaram 60,8%. Para evitar a falência do grupo, presente em mais de 100 países, o Federal Reserve estendeu a mão amiga com US$ 85 bilhões, recebendo em troca ações de controle da AIG, um dia depois de deixar o banco de investimentos Lehman Brothers entregue à própria sorte. Além da estatização em si, surpreendeu a mudança de critério. Por que a AIG merecia ser salva e o Lehman não?

O ponto principal é que os credores do Lehman, em sua maioria, eram asiáticos. Além disso, segundo as autoridades de Washington, os prejuízos dos bancos de investimento ficariam restritos a um grupo afortunado de investidores. Com uma seguradora, a direção seria inversa. Ela provocaria um efeito em cascata na economia real, que poderia levar cidadãos e empresas ao desespero. Pessoas físicas perderiam suas aposentadorias. Empresas ficariam sem crédito. “Seria a volta à Grande Depressão de 1929”, escreveu Michael Lewitt, presidente da Hegemony Capital Management, no The New York Times.

Nesse contexto, o mais preocupante seria a situação da população americana. Como maior seguradora daquele país, a AIG concentra os títulos de previdência de grande parte dos americanos. “A possibilidade da ocorrência de uma calamidade era grande para os cidadãos americanos”, diz o economista Luiz Roberto Castiglione. As empresas mundiais não ficariam imunes. O seguro corporativo é um dos mais importantes dentro da AIG, que é considerada a referência para a garantia de grandes riscos. Em sua carteira estão protegidos, por exemplo, cerca de 900 aviões da fabricante Boeing.

Ao suplicar por oxigênio no início da semana passada, a AIG expôs de uma vez todos os seus problemas: sua falência não estava ligada ao seu negócio principal, mas sim ao fato de carregar títulos hipotecários. Foi isso que causou perdas de US$ 24,7 bilhões na sua unidade de serviços financeiros, o bastante para levar a empresa com ativos de US$ 1,05 trilhão e 74 milhões de clientes em todo o mundo para o precipício.

Agora, para escapar da estatização, talvez seja preciso que ocorra a venda dos ativos nos 103 países nos quais a AIG está presente. Tudo leva a crer que o Brasil seria um dos primeiros a ajudar nesse salvamento. Sócia do Unibanco na seguradora que tem o nome das duas companhias, essa é a quarta maior operação da AIG no mundo. As reservas técnicas de R$ 11 bilhões garantem a solidez da seguradora no País e servem de escudo para qualquer possibilidade de insolvência do grupo no Exterior. Diante do cenário conturbado, os 49% dos ativos pertencentes aos americanos podem ser liquidados em breve para a AIG fazer caixa. Interessados não faltariam para ficar com essa participação. A começar pelo banco da família Moreira Salles, que negociaria um bom preço para ficar sozinha em um segmento que cresce na casa de dois dígitos há cinco anos no mercado brasileiro.

2 comentários

  1. PTMF ADM CORR. SEGUROS LTDA

    24 de setembro de 2008 às 14:06

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  2. FLEX ADM COR SEGUROS

    24 de setembro de 2008 às 13:33

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