Notícias | 4 de agosto de 2021 | Fonte: Yahoo Finanças

Planos de saúde exigem que marido autorize inserção do DIU em mulheres casadas

  • Planos de saúde têm exigido o consentimento de maridos para autorizarem o procedimento de inserção do DIU, em mulheres casadas
  • O caso acontece nas cooperativas da Unimed João Monlevade e Divinópolis, em Minas Gerais, e Ourinhos, no interior de São Paulo
  • O dispositivo intrauterino é um pequeno objeto em formato de “T” inserido no útero para atuar como contraceptivo

Planos de saúde têm exigido o consentimento de maridos para autorizarem o procedimento de inserção do DIU em mulheres casadas (veja abaixo). O dispositivo intrauterino é um pequeno objeto em formato de “T” inserido no útero para atuar como contraceptivo.

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o caso acontece nas cooperativas da Unimed João Monlevade e Divinópolis, em Minas Gerais, e Ourinhos, no interior de São Paulo. As cooperativas atendem mais de 50 municípios nos dois estados.

A reportagem da Folha entrou em contato com as cooperativas da seguradora para confirmar a informação, que consta nos Termo de Consentimento para inserção do DIU.

Sem se identificar, o jornal recebeu a informação de que as três cooperativas, de que não era possível realizar o procedimento sem o consentimento do cônjuge.

Lei sobre planejamento familiar

De acordo com o jornal, as seguradoras se amparam na Lei 9.263 de 1996, que dispõe sobre o planejamento familiar, para exigir a assinatura do marido. A exigência da lei, porém, não contempla métodos contraceptivos como o DIU.

A lei estabelece que a realização de laqueadura tubária ou vasectomia deve ser feita somente com “consentimento expresso de ambos os cônjuges”, em homens e mulheres capazes e maiores de 25 anos ou com pelo menos dois filhos vivos.

“O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde”, diz trecho da lei.

As unidades de Divinópolis e Ourinhos informaram que abandonaram a exigência após o contato do jornal para apuração a reportagem (Foto: TARSO SARRAF/AFP via Getty Images)
As unidades de Divinópolis e Ourinhos informaram que abandonaram a exigência após o contato do jornal para apuração a reportagem (Foto: TARSO SARRAF/AFP via Getty Images)

No entanto, a legislação é alvo constante de críticas de especialistas e movimentos que lutam pelos direitos das mulheres por exigir o consentimento do parceiro nos casos de esterilização cirúrgica de pessoas casadas.

O que dizem as seguradoras de saúde

As unidades de Divinópolis e Ourinhos informaram que abandonaram a exigência após o contato do jornal para apuração a reportagem.

Embora tenham confirmado a existência do termo via central de atendimento, a cooperativa de João Monlevade nega exigir o consentimento. Segundo nota, a cooperativa afirma que apenas recomenda que o termo seja compartilhado, por isso o espaço para a assinatura do companheiro.

A Unimed do Brasil, representante nacional do Sistema Unimed, afirma que não adota qualquer orientação ou diretriz nacional que exija o consentimento do cônjuge para inserção do DIU.

Segundo a seguradora, o padrão estabelecido no Sistema é a orientação do preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual a paciente reconhece que foi suficientemente orientada sobre o procedimento e que apenas ela e o médico responsável assinam.

A Unimed do Brasil, representante nacional do Sistema Unimed, afirma que não adota qualquer orientação ou diretriz nacional que exija o consentimento do cônjuge para inserção do DIU (Foto: Reprodução)

A Unimed do Brasil, representante nacional do Sistema Unimed, afirma que não adota qualquer orientação ou diretriz nacional que exija o consentimento do cônjuge para inserção do DIU (Foto: Reprodução)

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