Um ano depois de fechar a custódia e controladoria dos ativos da Petros, na ocasião de R$ 23 bilhões, o Bradesco consegue atrair para a prestação do mesmo serviço a principal patrocinadora do fundo de pensão, a Petrobras. Serão quase R$ 11 bilhões a mais sob controle do maior banco privado do País, o que possivelmente o levará a ultrapassar o Banco do Brasil (BB) no ranking de custódia de ativos e valores mobiliários.
Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (An-bid), em dezembro de 2005 o Bradesco era o quarto maior custodiante do País, com R$ 179,3 bilhões. A frente dele aparecia o BB, com R$ 183,3 bilhões, enquanto na vice-liderança estava o Citibank, com R$ 211,1 bilhões, e em primeiro lugar o Banco Itaú, com R$ 281,6 bilhões (veja tabela ao lado).
Apesar de se manter líder, o Itaú desce-rá alguns degraus nesse ranking com a perda dos ativos da Petrobras. Dos 12 fundos de investimento da petrolífera, dois já foram transferidos para o Brades-co e o restante deverá estar na nova casa até o final de fevereiro. Destes, dois são Fundos de Investimento em Cotas (FIC) — administrados pelo BB — e os outros dez estão nas mãos de diferentes gestores. Todos são fundos de renda fixa.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, diz que a empresa tem como princípio acompanhar o mercado e fazer rodízio de custodiantes, de for-ma a criar competição entre os presta-dores desse serviço e, assim, buscar melhorias no produto. O Itaú, entretanto, era o custodiante da estatal desde 2001, quando os fundos de investimentos foram constituídos. E a escolha do Bradesco se deu sem concorrência.
Barbassa justifica que “o mercado não
oferece alternativa para essa área”. “Só existem esses dois bancos que prestam esse tipo de serviço. Precisamos de in-formações precisas e a tempo. O controle é fundamental e quando se trata de recursos líquidos, como os nossos, é preciso ter todas as garantias necessárias. O volume de recursos é grande, mas o valor contratual é pequeno”, informa, ao explicar que não houve concorrência formal, mas sim um processo de avaliação das duas instituições. De acordo com o diretor financeiro, a remuneração acertada com o Bradesco é igual a cobrada anteriormente pelo Itaú, de 0,003%.
O executivo diz, ainda, que a escolha pelo Bradesco também se deu pelo crescimento do banco nessa área, que resolveu apostar firme em custódia e controladoria. De fato, o superintendente executivo do departamento de ações e custódia do Bradesco, Cassiano Ricardo Scarpelli, confirma que o banco investiu, no ano passado, R$ 15 milhões em sistemas, treinamento e pessoal dessa área e, para este ano, a meta é investir outros R$ 10 milhões. “Para nós, esse setor é core business (foco)”, diz Scarpelli.
O contrato assinado com o Bradesco é de um ano, renovável. Barbassa diz que a decisão não teve qualquer relação com a escolha idêntica da Petros. “Embora troquemos experiências, isso não foi um fator preponderante. Foi mais fruto da movimentação do Bradesco em conquistar uma parcela maior de mercado”. Scarpelli, do Bradesco, confirma que o banco fez aproximações contínuas junto à petrolífera, inclusive com contatos e interações auxiliados pela área de corporate (empresas) do banco.
“A Petrobras era o nosso alvo. Sempre manifestamos a intenção de oferecer nosso produto para ela”, conta Scarpelli, ao avaliar que conquistou o cliente pelo diferencial de seu serviço, que é pautado pelo atendimento personalizado com operações do tipo taylor made (sob medida). Os contatos do Bradesco começaram lá trás, quando José Sérgio Gabrielli nem era presidente da Petrobras — ele assumiu o cargo em julho do ano passado.
“Essa foi uma conquista bem trabalhada ao longo do tempo. Lutamos bastante para estarmos sempre presentes na empresa, mostrando nossos serviços”, diz o superintendente do Bradesco. A área de serviços do banco conta com 300 empregados, que cuidam desde ações escriturais até a montagem de Divergência Não Planejada (DNP) de fundos de pensão. “São mais de 20 produtos qualificados que oferecemos para o mercado de capitais”.